"Para enfrentar um inimigo é preciso conhecê-lo como ele é na realidade"
-Olavo de Carvalho
— Alô? — Atendi sem ter ideia de quem estava do outro lado da linha.
— Sério que você não salvou meu contato? E eu achando que estava interessado... — A voz debochada acabou por tirar o resto da minha paz.
— Ah, perdão. E o que você gostaria, exatamente? — respondi, tentando manter a calma.
— Você não precisa de um contato entre uma gangue e outra? Porque adivinha só: tô aqui com o contato.
— Sim, é isso.
— Então, minha união não seria contigo, e sim com algum chefe, né?
— Não exatamente. Eu confio em você, não em um chefão de gangue. Tenho dois ingressos, um é seu, o outro é para algum líder.
— Olha só... E você acha que eles vão aceitar na boa essa colaboração? Quem garante que você não vai tentar prendê-los?
— É uma festa cheia de criminosos, você acha que eu sou maluco de fazer isso?
— O Ian, o chefe da gangue com quem eu tô em contato, disse que pode ir, mas quer algo em troca.
— O contato com outras gangues não é o suficiente?
— Ele acha que não. Quer saber de grana, não de um bate-papo de criminosos.
— E o que ele sugeriu, então?
— Um passe livre por dois anos.
— Tá me dizendo que, se ele for preso...
— Ou qualquer um do grupo dele...
— Vai ser solto?! — minha voz subiu instantaneamente.
— Pega ou larga, detetive. Quer pegar peixe grande, não dá pra ficar na margem.
— Vou falar com meus superiores.
— Beleza. Vou aguardar seu retorno. — E desligou.
Meu chefe odiou o acordo, claro. Mas, depois de pensar, aceitamos. Seria como matar uma testemunha sem a qual não chegamos ao suspeito. No dia do encontro, marquei com Eun-Jin uns quarteirões antes do salão onde rolava a festa. E não vou negar, ela estava deslumbrante. Vestido branco, justo, mas sem ser revelador, caía suavemente pelos ombros e quadris. Cabelo semi-preso, maquiagem leve. Se eu não a conhecesse, diria que era um anjo. O oposto total do que ela é. Já o Ian estava no básico: sapato, calça social, camisa social. Com direito ao clássico colar de prata e brincos que ele nunca tirava.
— Quem diria que você tem mais roupas além de cropped e moletom, hein? Hahaha!
— Ah, qual é? Já me viu com outras roupas antes — ela respondeu, enquanto eu ajustava o ponto no ouvido dela.
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No pain No emotion
Mystery / ThrillerEles me fizeram um experimento. Mexeram com meu DNA e agora eu não sinto dor! Parece uma vantagem? NÃO É! É uma maldição! Cada passo, cada movimento, é um risco constante de me destruir por dentro sem nem perceber! Eles mexeram comigo, mudaram tudo...