Cap 6: Mais uma missão - part 2

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"Faça o que puder, com o que tiver, onde estiver"

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"Faça o que puder, com o que tiver, onde estiver"

-Theodore Roosevelt

— Preciso saber qual é o seu nível de envolvimento com as facções... Só assim vou saber até onde posso confiar em você.

— Você quer saber o que exatamente? — Ela perguntou, com um olhar confuso. — Quer saber o quanto eu sei?
— Quero saber até que ponto posso confiar em você!

— E o que isso muda? Nosso objetivo é o mesmo, não? O inimigo do meu inimigo é meu amigo, certo? Mas, só pra constar, não faço parte de nenhuma facção diretamente... Eu só faço uns "trabalhos" aqui e ali.

— Tenho informações dos Fantasmas, mas preciso de uma conexão com alguma facção para me aproximar. Se conseguirmos plantar uma semente lá, o resto será simples. O problema é que eles só aparecem durante as transações...

— Eu não faço parte, mas isso não significa que eu não tenha contatos.

— Você realmente me engana com essa carinha de "princesa"!

— Ótimo! Sinal de que estou fazendo bem o meu trabalho. — Ela sorriu, irônica. — Então, qual é o plano para a transação?

— Preciso que esse chip seja implantado, de alguma forma, em um dos chefes. Ele vai estar numa festa na sexta à noite. O problema é que o contato direto é com outro chefe... Então, pelo menos para entrar, precisamos de um plano.

— Você quer que eu implante o chip em alguém?

— Não agora, mas vai precisar fazer isso em breve.

— Entendi. Posso ver o que consigo fazer a respeito... Mas e o ingresso pra essa festa?

— Eu tenho. Mas só te entrego quando você me garantir que vai conseguir o que eu pedi.

— Fechado! — Ela concordou, hesitando por um segundo. — Pode me acompanhar até em casa? Ainda estou um pouco zonza...

— Agora está me convidando para sua casa? — Perguntou com um tom debochado.

— Eu disse "acompanhar", não "entrar". Só não quero ser assediada de novo no caminho... Você pode, por favor?

— Tá bom, eu te acompanho.

Enquanto eu a acompanhava, estacionei o carro perto do cybercafé. Entramos em um beco estreito e escuro, e a desconfiança me atingiu. Ela está me levando para uma armadilha? Logo me lembrei que já a havia deixado por ali antes, mas o ambiente estava longe de ser tranquilo.

No meio do caminho, um homem apareceu de repente. Ele parecia alterado, talvez tivesse bebido, mas o ódio em seus olhos era evidente. Sem aviso, ele se aproximou e deu um tapa no rosto dela. O som seco reverberou pelo beco, e ela ficou imóvel, surpresa.

Instintivamente, dei um passo à frente para intervir, mas ela levantou a mão, me parando. O olhar dela era gelado, quase como se dissesse: "Não se meta." O clima ficou tenso de repente, e algo me dizia que tinha mais acontecendo ali do que eu conseguia entender.

— Pode me explicar o que foi isso? — Ela perguntou, ainda sem acreditar no que acabara de ver.

— Você estragou o meu relacionamento! — o cara gritou, visivelmente descontrolado.

— Eu? Você não acha que isso é culpa sua? Não tenho nada a ver com o fato de você ser um babaca sem vergonha! — Ela respondeu, sem nem hesitar, antes de dar um tapa firme no rosto dele. — Lembra de uma coisa: foi você quem começou, eu só termino!

Sem perder tempo, ela pegou a bolsa da minha mão e bateu na cara dele várias vezes, cada golpe mais forte que o anterior. Em seguida, desferiu um chute direto no "ponto fraco" dele, fazendo-o curvar de dor. Ainda não satisfeita, deu um chute nas costas, derrubando-o no chão, e seguiu o caminho pisando nele como se fosse lixo.

— O que foi isso?! — perguntei, atordoado. Se ela estava assim tonta, eu nem queria imaginar do que era capaz em condições normais.

— Meu vizinho... Esse desgraçado já invadiu minha casa duas vezes e mandava vários presentinhos para mim. A última vez que tentou me tocar, eu fui até a casa dele e esperei a namorada aparecer. Quando ela chegou, eu contei tudo: como ele dava em cima de mim, quantas vezes fez isso, e que eu tinha provas. Ela terminou com ele na hora. Agora ele me odeia por acabar com o relacionamento de 7 anos... Como aquela mulher aguentou tanto tempo com um cara assim, eu não sei. Mas não é problema meu. — Ela disse com uma tranquilidade perturbadora.

— Você me surpreende cada dia mais...

— E por quê? Só porque eu chutei um babaca e pisei nele enquanto tô sob efeito de uma droga?

— Também. Mas, além disso, você nunca parece se intimidar com ninguém. Não tem medo... ou pelo menos nunca demonstra. Nem quando sente dor, eu nunca vi você derramar uma lágrima.

— Porque eu não choro! — disse ela, séria e com um olhar que poderia cortar ferro.

— Ah, então você é tipo aquela música, Big Girls Don't Cry, hein? — tentei aliviar o clima com uma risada.

— Não. Não sou. Porque eu não me esforço para não chorar, eu simplesmente não consigo! Não tento parecer forte para ninguém. É essa maldita doença que me impede de demonstrar fraqueza. E não adianta tentar entender... — Ela respondeu, visivelmente irritada, a voz já elevando.

Nesse instante, o celular dela começou a apitar. Ela desligou o alarme com indiferença e continuou caminhando.

— Era alguém importante? — perguntei.

— Só meu despertador, detetive. E, por favor, não pergunte por que eu o deixei tocar agora.

— Era o despertador detetive! E por favor, não me pergunte o porquê dele!

Com o tempo, percebi que a maioria desses despertadores servia para lembrá-la de ir ao banheiro. Como ela não sente dor ou desconforto, precisava de um aviso. Sem esses lembretes, poderia acabar enfrentando uma infecção urinária que nunca perceberia e, eventualmente, morreria por falta de tratamento... ou ainda, passaria por uma situação vergonhosa em público. O mais angustiante? Ela não nasceu assim. Alguém fez isso com ela.

E quanto mais tempo passo ao seu lado, mais ódio sinto por quem a feriu. Só quero entender... Por que ela? E, de alguma forma, por que isso me afeta tanto?

No pain No emotionOnde histórias criam vida. Descubra agora