"A sabedoria começa na admiração."
-Sócrates
— O que aconteceu com o seu rosto? — O detetive perguntou, sem esconder a preocupação, os olhos cravados em mim enquanto eu me sentava à mesa do café que preparei para nós.
Eu havia acabado de sair do expediente no cybercafé e os hematomas do dia anterior ainda eram visíveis. Seus olhos fixaram no curativo no meu maxilar e no corte próximo à sobrancelha.
— O quê? — Falei com indiferença, mas ele continuou.
— Esse curativo, esse corte... você tava inteira dois dias atrás. — A tensão em sua voz era evidente, mas o detetive mantinha a postura firme, analisando cada detalhe.
— Você que me disse para ir falar com aquele chefe de gangue, não foi? — A pergunta saiu carregada de sarcasmo.
— Ele fez isso com você??? — A voz dele subiu, e pela primeira vez, vi um lampejo de raiva nos olhos de Barry.
— Não exatamente. Ele quis testar se o que eu disse na festa era verdade... mandou três grandalhões virem para cima de mim. Um deles acabou no hospital. Então, até que estou bem. E, bom, o que você queria saber? Eu tô dentro!
— Você me surpreende a cada dia... Mas foi fácil assim?
— Você me ouviu agora? Três grandalhões... E...
— Entendi, mas mesmo assim... Não acha estranho você ter entrado tão fácil numa gangue chamada Fantasma, que é tão restrita?
— Disseram que no começo não vou ter acesso a tudo. Só até confiarem 100% em mim.
— Hmm... ainda acho estranho. — Ele olhou desconfiado, mas logo mudou o foco.
— O café vai esfriar.
Ele bufou, mas não tirou os olhos de mim. — Tá escondendo algo de mim, Eun-Jin?
— Por que você acha isso? — Apesar do meu tom natural, senti que ele estava me estudando mais a fundo.
— Você sempre para antes de falar certas coisas. Parece que tá calculando demais as palavras. Tem algo que você precisa me contar?
Eu hesitei por um momento, mas o encarei de frente. — Integração.
— O que é isso?
— Tem um grupo aí devendo pros Fantasmas. Querem que eu dê um fim nos caras, se eles não pagarem.
— Você tá maluca? Você não pode matar alguém!
— São foras da lei, Barry. A polícia já faz isso o tempo todo.
— Mas em legítima defesa! A gente não sai de casa com a intenção de matar alguém!
— Eu também não. Tô indo com a intenção de pegar a grana. A morte é só um "plus".
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No pain No emotion
Mystery / ThrillerEles me fizeram um experimento. Mexeram com meu DNA e agora eu não sinto dor! Parece uma vantagem? NÃO É! É uma maldição! Cada passo, cada movimento, é um risco constante de me destruir por dentro sem nem perceber! Eles mexeram comigo, mudaram tudo...