Cap 1: Anjo da morte

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"A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável

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"A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável."

-Rousseau

Nova York, 30 de agosto de 2035

Ouçam bem o que eu vou dizer: a pior raça de todas é a humana. Se você achava que as coisas já estavam ruins, prepare-se, porque elas podem sempre piorar. Nunca imaginei que a cidade de Gotham pudesse existir fora dos filmes, mas aqui está, em toda a sua glória sombria. A diferença é que, no mundo real, não temos super-heróis para salvar o dia...

Meu nome é Eun-Jin, mas todos me conhecem como o Anjo da Morte, ou, se preferir, a Carniceira. E por que esses nomes? Porque todos que cruzam o meu caminho acabam... bem, morrendo.

Eu tenho uma condição rara chamada insensibilidade congênita à dor. O nome é meio enganador; eu não nasci assim. Há uma história por trás disso, mas deixemos para depois. O que vocês precisam saber é que o mundo inteiro me odeia e todo mundo está atrás de mim.

Agora, estou no topo de um prédio, tentando fugir de uma facção criminosa da qual já causei muitos danos. Não pensem que, por eu não sentir dor, estou a salvo de ferimentos. Na verdade, eu não conheço os limites do meu corpo e, se não tomar cuidado, ele pode simplesmente colapsar sem aviso. Isso não é um presente; ninguém gostaria de estar no meu lugar.

- Não há mais saída, meu anjinho. Facilite as coisas para você e não se machucará! - gritou um dos líderes da facção.

É até irônico ver homens engravatados se metendo em tanta violência, suas roupas caras manchadas de sangue e sujeira. Cada um com suas próprias obsessões e maluquices.

- Quem disse que não há saída? - eu respondi, olhando para o chão lá embaixo. Certamente, uma queda daquela altura significaria minha morte. Mas, se eu conseguir encontrar uma maneira de amortecer a queda... Eu precisava de tempo para pensar.

Cada segundo contava. Se eu quisesse sobreviver, teria que transformar essa situação desesperadora em uma chance para escapar. E enquanto o tempo se arrastava, eu sabia que minha vida dependia da minha próxima decisão.

- Pretende se jogar daqui de cima, princesa? Não sabia que você tinha tendências suicidas...

- E quem disse que eu quero morrer? - Respondi, olhando para baixo. Sem pensar duas vezes, me virei em direção ao toldo de uma lanchonete e pulei, rezando silenciosamente para que aquele não fosse meu fim.

O impacto rasgou o toldo, e eu fui ao chão. Apesar da queda, me levantei e corri o mais rápido que pude, torcendo para que meu corpo resistisse ao choque e que eu não perdesse a consciência naquele lugar.

No meio da fuga, comecei a me disfarçar. Tirei a máscara, joguei fora o casaco, prendi o cabelo de uma forma diferente. Queria desesperadamente me parecer o menos possível com quem eu era há poucos minutos. Mas, não demorou muito-uns cinco minutos, talvez-para tudo escurecer. Quando voltei a mim, estava no hospital.

- Quem é você? Onde estou? - Perguntei, a visão ainda turva, a mente enevoada.

- Meu nome é Barry Collins. Você está no hospital. Eu te trouxe aqui depois que você desmaiou na minha frente. Mas, na verdade, eu que deveria perguntar: quem é você? - Ele disse, analisando meu laudo médico.

- Possível que eu tenha alguma fratura, não é?

- Alguma? Você está com duas costelas quebradas, o ombro deslocado, além de vários hematomas e cortes pelo corpo. É um milagre estar conversando comigo tão claramente... Nem parece que está sentindo dor.

- Pois é... Estou até melhor do que imaginei. De qualquer forma, já me sinto bem, posso ir embora?

- Você ouviu o que eu disse? - Ele perguntou, surpreso.

- Se não morri até agora, estou bem. Obrigada por me trazer aqui, mas eu já...

Quando tentei me levantar da maca, ele firmemente empurrou minha cabeça de volta ao travesseiro.

- Se o problema for dinheiro, eu pago o hospital, mas você não pode sair assim! E além disso, precisa denunciar quem fez isso com você! Foi algum namorado? Alguém da sua família?

- Denunciar para quem? Para a polícia? Eles são piores do que quem fez isso comigo. E não se preocupe, eu mesma pago o hospital. Mas vou suspender o tratamento por aqui, tudo bem? - Falei, tentando mantê-lo calmo enquanto pedia que me deixasse passar.

Caminhei até a recepção para pedir a liberação. Enquanto eu me afastava, ouvi Barry atender uma ligação. "Detetive Collins, pode falar", foi o que ele disse antes de eu sair do hospital. Lembram quando mencionei que todos me odeiam? Bem, a polícia está incluída nisso. Se ele soubesse quem eu realmente sou, estaria ferrada.

Assim que saí de lá, fui para casa. Peguei meu celular e encontrei uma mensagem de um "amigo". Não pense errado, eu uso aspas porque nós só nos ajudamos por conveniência; empatia entre nós é inexistente.

"Entrei nos arquivos daquele grupo que você 'exterminou'. Podia ter terminado o serviço, mas segue o que encontrei. Dei uma olhada rápida. Me avise se achar algo importante."

Spoiler: não tinha nada importante. James, o cara da mensagem, está atrás do grupo "Os Fantasmas". Ele faz parte de uma facção menor, e está em guerra por território. Eu, por outro lado, estou focada no grupo "O Enclave", um grupo de pesquisa do governo que, aparentemente, tem laços com essa grande facção. E como posso dizer... eles não se chamam Fantasmas à toa...

No pain No emotionOnde histórias criam vida. Descubra agora