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Pov Rebeca Andrade

— Essa blusinha branca combina com essa calça jeans? – O que se desenrolava naquele quarto era algo inédito; Rebeca Andrade, a mais destacada ginasta brasileira, estava inquieta e indecisa a respeito do traje para um encontro. Sua cama estava cheia de roupas espalhadas, enquanto ela usava apenas um pijama simples e seus óculos. De tempos em tempos, caminhava nervosamente de um lado para o outro, questionando-se sobre qual maquiagem usar, enquanto pesquisava algumas referências em um aplicativo no celular.

— Onde será que elas estão? Já deveriam ter chegado para me ajudar – resmungou em voz alta, revelando que, embora não quisesse admitir, sua ansiedade era maior do que imaginava, e ainda era só 10h da manhã em Paris. Antes que pudesse pegar o celular para enviar mais 20 mensagens à Flávia perguntando seu paradeiro, ouviu uma batida na porta do quarto e imediatamente se dirigiu à origem do som para abri-la.

— FINALMENTE! Gabi!? O que você está fazendo aqui? – falava enquanto se escondia um pouco atrás da porta do quarto, observando uma Gabriela exausta e um pouco ofegante se apoiando no batente.

— Ah, a Flávia me contou que você estava precisando de ajuda e que ela estava longe, então me mandou uma mensagem. Eu vim correndo da academia, estava quase terminando meu treino, mas fiquei preocupada. Subi as escadas correndo porque o elevador estava demorando muito. – Era evidente o quanto Gabriela estava cansada; ela provavelmente havia saído da academia e corrido até ali.

— Eu vou acabar com a Flávia! Meu Deus, não consigo acreditar que ela fez isso! - exclamou Rebeca, indignada com a situação em que sua amiga a colocara. 
— Então, você está bem? 
— Claro que estou! Não foi nada demais, ela exagerou e te fez perder tempo correndo até aqui... - Enquanto falava, ela abriu a porta, saindo de trás dela para deixar Gabriela entrar em seu quarto. 
— Mas eu não perdi tempo vindo aqui... Eu realmente queria te ver e sei que nos encontraremos mais tarde, mas não recusaria a chance de te ver antes. - Gabriela, com seus 1,80 m de altura, parecia uma garota tímida confessando seu primeiro amor, e Rebeca achou adorável toda a situação que levou Gabriela até seu quarto. Sem hesitar, ela a abraçou. Gabi estava vestida com uma regata branca, calça preta da Nike e tênis de corrida, com a blusa amarrada na cintura, e apesar de já saber que Gabriela não se importava que havia chegado correndo. Ela estava ali porque acreditava que precisava oferecer ajuda a Rebeca e queria estar ao seu lado, um gesto que não passou despercebido pela amiga.

— Você comentou que veio correndo, mas não parece ter o cheiro de alguém que acabou de sair da academia. Na verdade, você até parece ter tomado um banho, seu cabelo está um pouco úmido — observou Rebeca, enquanto se afastava do abraço para tocar algumas mechas de cabelo de Gabriela, que sorriu com a atitude.

— Na verdade, eu acabei de tomar banho na academia. Terminei meu treino e, assim que vi a mensagem, saí o mais rápido que consegui. Então, sim, saí do banho e vim — respondeu Gabriela. Rebeca precisava admitir para si mesma que tudo aquilo estava lhe causando um frio na barriga, mas jamais faria isso, ao menos não naquele momento.

— Você realmente existe? – Ela perguntou, cheia de admiração, enquanto afastava uma mecha de cabelo de Gabriela atrás da orelha. Em seguida, colocou a mão na nuca dela, trazendo-a para mais perto e iniciando um beijo suave, que transmitia toda a calma e leveza do momento que compartilhavam. Gabriela aprofundou o beijo, colocando uma mão no pescoço de Rebeca e a outra na cintura, puxando-a para mais perto. Rebeca pensava que poderia ficar assim o dia todo sem reclamar. O beijo só foi interrompido quando se olharam nos olhos e encostaram suas testas, saboreando aquele instante tão íntimo e carregado de sentimento. Gabriela depositou um beijo delicado na testa de Rebeca e a puxou para um abraço apertado novamente.

— Tudo certo para hoje?
— Sim! Pedi ajuda às meninas sobre a roupa que deveria usar, por isso disse que não valia a pena você ter corrido da academia apenas para perder tempo aqui.

— Se vista de uma maneira que te deixe confortável; você ficará maravilhosa, não tem como ficar desajeitada ou algo assim. Você está sempre radiante e linda! - Gabriela apoia o queixo na cabeça de Rebeca, que sorri com os elogios.

— Vou indo para o meu alojamento então; preciso terminar de arrumar algumas coisas no meu quarto e te deixo à vontade pra escolher e trocar de roupa - Gabi dá um último beijo na cabeça de Rebeca antes de se afastar e ir em direção à porta. Rebeca a acompanha até lá.

— Ei! Obrigada por ter vindo... - Rebeca se despede de Gabi, que já estava do lado de fora do quarto, olhando para ela. Gabi sorri de leve, se aproxima e dá um selinho demorado em Rebeca.

— Até mais tarde, Beca!

Meia noite em Paris | REBIOnde histórias criam vida. Descubra agora