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17/08/2024 - 08:21h

Belo Horizonte - MG

No dia seguinte, pela manhã, quando os raios de sol já iluminavam o quarto de Gabriela, atravessando as cortinas da janela, Rebeca foi a primeira a abrir os olhos. Ainda um pouco sonolenta e sentindo alguém segurando-a pela cintura, sua mente começou a se organizar, lembrando-se de cada momento da noite anterior. Flashbacks atingiram-na em cheio e, por um breve instante, quase entrou em surto. Era sua primeira vez com uma mulher, e ela não sabia como reagir, mas tinha certeza de que gostara, na verdade, tinha amado cada instante. Mal se lembrava da última vez que tiver uma noite tão intensa; precisava admitir que Gabriela sabia o que estava fazendo e fez isso de maneira excelente. A sensação da boca da mais velha em seu corpo provocou um frio na barriga, e as lembranças da noite passada rodavam em sua mente enquanto seu rosto esquentava por ter pensamentos tão "pesados" logo pela manhã, provavelmente não se passava nem das 10 horas. Seu coração disparou um pouco ao sentir a maior se remexer atrás de si. Elas estavam dormindo de conchinha, e os braços da mais velha a envolviam, puxando-a mais perto. Rebeca sentia que precisava sair dali; desejava tomar um banho, fazer sua higiene pessoal e preparar um café da manhã para a mulher ao seu lado. Contudo, sentia-se tão confortável naquele momento que sair da cama era a última coisa que desejava fazer. Ao olhar ao redor do ambiente, notou o relógio digital na cabeceira da cama, e ver a hora foi o que lhe deu coragem para se levantar. Tentou ao máximo não acordar a mulher, mas assim que fez o movimento para se levantar, sentiu as mãos da maior puxando-a de volta e encostando o nariz em sua nuca, antes de deixar um beijo rápido no local.

— Fica aqui comigo... — A voz rouca da maior fez com que a ginasta despertasse de vez, sentindo as mãos da atleta acariciando sua cintura e coxa.

— Eu preciso tomar um banho e fazer café para nós. — Respondeu de maneira calma e amigável, mas mesmo assim, recebeu um puxão mais forte, sendo arrastada ainda mais perto de si, se é que isso era possível.

— Eu só vou te soltar se você me der um beijo... — Rebeca se virou, ficando cara a cara com a maior, que, por sinal, ainda mantinha os olhos fechados e os lábios um pouco entreabertos. Seus cabelos, agora mais bagunçados, apresentavam cachos rebeldes caindo um pouco sobre seu rosto, que emanava tranquilidade. Gabriela representava uma calmaria após as Olimpíadas e tudo o que havia enfrentado nos últimos meses. Sentia-se bem ali, pela primeira vez, conseguindo perceber a segurança em se envolver com outra pessoa. O passado de Rebeca foi conturbado em diversos aspectos, especialmente no amor. Mas, naquele momento, ela não sentia mais o caos que a acompanhava antes; de fato, aquele tumulto não a incomodava mais. Alguma coisa mudara, e ela ainda não entendia exatamente o que era, mas estava feliz por estar onde estava e desejava continuar assim.

— Eu posso escovar os dentes primeiro? Prometo que volto aqui para te dar um beijo de bom dia. — Pela primeira vez naquela manhã, a jogadora abriu os olhos, vendo a ginasta erguer seu dedinho mindinho à sua frente, indicando que fizessem uma promessa.

— Estou apenas te enchendo o saco... Mas, se quiser me dar um beijo, eu aceito. Preciso tomar um banho antes de começar o dia; seria ótimo se você tomasse um também, e aí poderíamos ir tomar café em algum lugar... se você quiser, é claro.

— Eu adoraria, na verdade; preciso de um banho também... — O tom de malícia pairou no ar. Gabriela, embora às vezes lenta com algumas coisas, como o Instagram, naquele momento percebeu as intenções da menor, que claramente não estava escondendo mais nada. Ao passar os olhos pela ginasta, notou que nada separava as duas; não havia lençol ou coberta cobrindo Rebeca. Seus pensamentos se perderam naquele instante. Ela sempre soube que Rebeca tinha um corpo espetacular, mas ali, diante de si, notou que não havia nada mais belo do que as curvas da mais nova.

— Então, acho que seria bom tomarmos um banho juntas. O que você acha? — O tom sugestivo da maior fez a responder a confirmação que tanto desejava.

— Acho que seria uma ótima ideia, até porque estaríamos economizando água e ajudando a salvar o planeta, o que nos tornaria seres humanos melhores. Vamos salvar o planeta!

— Exatamente, era isso que eu queria dizer. Assim, evitamos desperdícios. — Sua fala firme faria qualquer pessoa acreditar nisso, exceto Rebeca, que não conseguiu segurar a risada, sendo acompanhada por Gabi, que admirava o sorriso da mulher à sua frente. Em seguida, Gabi levantou-se da cama com um pulo, puxando a menor para frente, fazendo-a ficar de pé. A jogadora então ergueu a mais nova em seus braços, estilo noiva.

— GABRIELA!? CUIDADO! — Rebeca, pega de surpresa, só teve uma reação: segurar-se no pescoço da mais velha. Assim que sentiu os braços a segurarem com firmeza, permitiu-se relaxar.

— Nós vamos tomar banho juntas, mas será pelo bem do meio ambiente e do planeta. Vamos salvar o mundo; faremos a nossa parte, e se depender de mim, faremos isso sempre! — Finalizou a mais velha com um olhar sério e convicto em suas palavras.

— Você vai fazer mais algum discurso de protetora do meio ambiente ou vai me levar para o banho com você? — Seu tom descontraído fez Gabi abrir um sorriso e dirigir-se ao banheiro.



[...]

Meia noite em Paris | REBIOnde histórias criam vida. Descubra agora