Rain bennett
"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."
-Clarice Lispector"Mãe? Você disse que chegaria na quinta..." -Disse Alina, que parecia nervosa ao ver toda cena. "As coisas nem estão prontas para mudança."
"Marquei meu voo ontem, minha neta precisa de cuidados e acolhimento." -Respondeu Amélie.
Minha avó estava inquieta e olhava para todos os cantos, meu padrasto permanecia calado e minha mãe parecia incrédula.
"Entre, está muito gelado do lado de fora." -Comentei calmamente, pegando as malas que ela deixou ao lado da porta.
"Obrigada pequena, você vai colocá-las no seu quarto?" -Perguntou Amélie sorridente.
"Claro vovó." -Respondi.***
Ao descer as escadas, algo me chamou atenção e fui parando de caminhar.
A sala que antes era quieta, estava lotada de ruídos e gritos de raiva:
"Você não contou? Como pode fazer uma coisa dessa? Ela é sua filha Alina." -Minha avó falava como uma louca e o rosto dela apontava desgosto.
"Ela não está pronta ainda, você pensou na dor que ela vai sentir?" -Gritou Alina, em resposta.
"Dor? Você quer falar sobre dor? Que tal falarmos sobre o dia que você esqueceu que tinha uma filha? Você mentiu para ela, todos esses anos e você ainda não mudou." -Amélie respondeu, fazendo meu coração bater freneticamente.
"Não diga isso, eu amo a minha filha e não mudaria ações do passado. Ela não precisa saber agora e isso é uma decisão que EU tomei." -Alina diz.
Nesse momento, minha mente trabalha a mil e sinto algo estranho borbulhar no estômago. Alina estava mentindo para mim novamente, não preciso de memórias recuperadas para me lembrar disso, toda negligência que recebi quando criança não foi uma questão a ser apagada.
"É claro que não mudaria, porque tudo foi conveniente para você e nada na sua vidinha medíocre mudou. Rain recebeu omissões sobre a própria vida, você criou alguém que não tem noção da realidade da família. Seu pai tem vergonha de como criamos você, eu não sei como MINHA FILHA chegou nesse ponto alarmante." -Minha avó gritou."A Rain não suportaria, ela ficaria culpando a si mesma por algo fora do controle. Não me responsabilizo pelas ações que tomei quando ela era pequena, mas agora eu estou protegendo ela. Mackenzie e Jude só estavam naquele carro porque queriam proteger minha filha, não posso contar que uma delas morreu e outra está em coma." -Disse Alina.
"Alina, ela precisa saber..." -Respondeu Amélie.
As palavras que foram lançadas do ar, me atingem como facas. Elas estavam lá...elas estavam lá por minha causa.
"Rain? O que você está fazendo aqui?" -Perguntou Hunter, subindo as escadas.
Agora, as pessoas que conversavam sobre mim ficaram caladas e sem reação, eu estou me sentindo completamente exposta. É como sentir aquela pontada no coração de ter sido traída. Aquela sensação constante de medo, aquela resposta errada, que por incrível que pareça eu já esperava.Aquele sentimento de decepção, mas não daquela calorosa e sim aquela fria, que você sente subir pela pele.
Em algum lugar neste vasto sentimento, eu sempre soube, sempre esperei algo errado.
Até porque minha sanidade está desgastada de tentar acreditar em um amor morto, não posso mudá-la.
"Querida?" -Alina está com vergonha, sua expressão esbanja esse sentimento.
"Você mentiu para mim, você disse que elas estavam viajando e que logo me veriam..." -Comentei, não contendo minhas lágrimas.
"Desculpa, eu não queria que fosse assim." -Respondeu Alina, mas nada ajudaria naquele momento.
"Não queria? Quando você ia me contar?" -Questiono suas ações, na esperança de que uma boa desculpa apontasse no ar. Mas Alina permaneceu calada...
"Rain, fique calma." -Sugeriu Hunter.
"Calma? Vocês mentiram para mim, eu não tive a chance de me despedir." -Respondi."Nós estamos preocupados com você, filha, tente entender nosso lado." -Disse Alina.
"Seu lado? Seu lado é me deixar vulnerável e mentir para mim? Esse é o seu lado? O que aconteceu com você? Eu passei anos perguntando o que estava errado em mim, mas o único problema aqui é você mãe. Não eu, não vou te responsabilizar pela rejeição após a morte dele, mas pelo menos, naquela época você não omitia assuntos importantes ou fingia ser algo que não é." -Ao dizer isso, um peso saiu das minhas costas.
"Não fale assim com sua mãe, ela merece respeito." -Atacou Hunter.
"Quem é você para falar sobre respeito? A única coisa que você faz é desrespeitar a Alina, não muda nem mesmo na frente dos seus pais." -Nesse ponto, meus nervos estão à flor da pele e todo questionamento é considerado um desrespeito.
"Meu anjo, vamos subir e beber uma água..." -Minha avó diz e caminha até mim.
"Tudo bem vovó, eu só preciso de um tempo." -Respondi gentilmente, enquanto comecei a caminhar na direção do meu quarto.
***O silêncio do quarto é reconfortante, me mudar será difícil e complicado por um tempo. Mas espero me acostumar com o novo lugar, vou sentir falta do jardim e da vista maravilhosa daqui.
Minha paz é interrompida com batidas e sussurros que vinham do lado de fora:
"Rain, eu posso entrar?" -Perguntou Amélie"Sim vovó, mas feche a porta com cuidado." -Respondi calmamente.
"Está melhor minha linda?" -Perguntou ela.
"É, estou sim." -Comentei, de forma direta. Eu não estava bem e não ficaria por um bom tempo, mas não vou deixar que isso me atrapalhe tanto.
"Podemos conversar? Na verdade, eu quero te fazer um convite e espero que você aceite." -Disse ela, me deixando preocupada.
"Oh, isso é estranho.""Alina quer se mudar para lá, sua mãe quer ir para Beltmont novamente e eu me preocupo com sua saúde mental." -Comentou ela.
"Espera, por que isso é um problema?" -Pergunto confusa.
"Seu acidente, as meninas organizaram um acampamento surpresa e-e um caminhão colidiu com o carro, encontramos vocês 3 dias depois..." -Amélie disse, com um olhar distante.
"Por que? por que tudo é culpa minha?" -Estou em negação, não acredito que toda desgraça que me rodeia, é minha responsabilidade."Nada disso está na sua conta e eu sei que elas não te culpam por isso. Você quer se despedir? Eu te levo e fico do seu lado, não vou deixar que nada nesse mundo magoe minha pequena." -Disse ela, enquanto me abraçava.
"Obrigada."
"Eu quero te levar comigo, só preciso dos seus documentos e algumas declarações..." - Disse Amélie inesperadamente. "Você precisa de um recomeço, pense nisso com carinho e atenção."
"Eu vou." -Respondi firmemente.Mudar para outro país não fazia parte dos meus planos, mas essa peça no tabuleiro pode causar um efeito mínimo na minha vida.
Afinal, pessoas novas e lugares novos não podem ser tão apavorantes assim, quer dizer, espero que não.
(Continua...)
Estou voltando lentamente!!!!
Essa mulher finalmente está indo para Alemanha e FINALMENTE VAI "CONHECER" O JASPER
Não esqueçam de comentar e votar no capítulo :)
Ajuda bastante e motiva qualquer um!!!
Beijosss amores e Até mais tarde :)
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Tiefen ( Em revisão de escrita)
Romance⚠️Dark romance ⚠️ A história acompanha a jornada de uma jovem que sofreu um grave acidente de carro, ela acorda sem memória e cercada por estranhos. Incapaz de se lembrar de quem é ou de como chegou ali, ela embarca em uma busca incansável pela verd...