Capítulo 19

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Rain Bennett


Olho para meu pulso e encontro meu relógio, me encontro no terraço de novo e uma dor de cabeça incessante atinge meus sentidos, estou tentando entender tudo, mas nada parece confiável.

Como voltar em ano ou século pode ser real? Aquelas pessoas...elas eram tão diferentes, a forma que elas andam e se vestem, mas todas elas compartilham memórias ligadas a mim? Ele...o Jasper estava tão diferente, tudo bem que não conheço o suficiente para distinguir o que realmente aconteceu com ele. Mas encontrar ele naquela situação me causou tantos sentimentos.

"Terra chamando, alôoo, Rain, você precisa se apressar." -Disse Lilian, tocando meus ombros sorrateiramente,

Eu estou tão confusa, que quero apenas aceitar.

"Certo...eu já estou indo." -Respondi, crendo que vou acordar desse pesadelo logo mais.

"Pegue, isso vai te ajudar." -Ela tira o colar e me entrega sorridente.

Quando encostei meus dedos em sua pele, seu corpo sumiu juntamente com a brisa. Lilian não estava mais ali e uma correntinha de prata brilhava nas minhas mãos.

***

A sala de aula estava abafada e as luzes estão piscando ocasionalmente, o relógio na parede parece congelado, e cada segundo se arrasta interminavelmente. Para piorar, essa aula é de literatura e a professora está na frente da sala, lendo monotonamente um texto extenso de um livro didático antigo, sem qualquer entusiasmo.

 Todos ao seu redor estão mais interessados em verificar seus celulares ou riscar as mesas, a matéria dessa aula poderia ser interessante, mas é apresentada de uma forma tão desmotivadora que qualquer curiosidade natural se dissolve rapidamente.

"Oi, você poderia me ajudar?" -Uma pessoa fala baixinho atrás de mim.

Quando me virei, encontrei um par de óculos familiar.

"Oi Asher, cansou de ficar em festas tediosas ou suas amigas te afugentaram?" -Falo desinteressada. 

Apesar de ser uma pessoa apresentável, ele consegue estragar seu charme com seu ar de arrogância e mesquinhez.

"Na verdade não, prefiro conversar com a pessoa que consegue me encantar com apenas palavras." -Disse Asher.

"Talvez os livros de Shakespeare estejam afetando sua mente, porque esse romantismo não combina com você." -Falei, me voltando para frente. 

O ruído da cadeira dele volta para seu canto e sua voz é silenciada.

De repente, a porta da sala se abre com um estrondo e um rosto familiar entra no meu campo de visão, em todas as aulas que participei com ele, sua presença sempre chega atrasada.

"Atrasado novamente, Sr. Hill." -Disse a professora, enquanto fechava o livro.

"Lamento Claire, tive que levar minha avó no karatê." -Disse Jasper, com um sorriso ladino no rosto.

Olho para a janela e vejo o céu azul, sentindo um desejo quase desesperado de estar lá fora ao invés de estar presa nesta aula interminável e cheia de distrações indesejadas.

Uma sombra se aproxima e pega uma cadeira vaga do meu lado.

Sinto meu rosto queimar ao sentir um olhar na minha direção, todas as lembranças daquela maldita catacumba rondam minha mente sem parar.
Pode ser bobo dizer que os dois se parecem, quando eles são literalmente a mesma pessoa, com o mesmo nome, mesma idade e idênticos. 
Uma mão me cutuca novamente e imagino ser Asher,  ao encontrar seu rosto, um sorriso cresceu em seus lábios. 

"Nem te perguntei, como você está? Fiquei sabendo que te encontraram caída na portaria." -Comentou ele, brincando com sua caneta na mesa.

"Estou ótima, como pode ver." -Digo, sendo um pouco grossa, confesso.

Não havia razões para isso, apenas um sentimento irracional que tomava conta de mim. 

"Está com problemas no paraíso, Asher?" -Escuto a voz de Jasper, pela primeira vez no dia. 

"Por que você está me tratando dessa forma?" -Insistiu Asher, ignorando o comentário de Jasper.

"Acho que ela não quer conversar com você." -Interrompeu Jasper.

Tiefen ( Em revisão de escrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora