Capítulo 11

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Rain Bennett

Minha primeira aula é de literatura, foi um pouco difícil encontrar essa sala porque ela fica afastada do campus central, mas pelo menos não cheguei atrasada.
"Bom dia, turma." -Comentou uma senhora, entrando na sala. "Bem vindos de volta, eu me chamo Margot e vou lecioná-los pelo resto do ano.

"Senhora Margot, o que aconteceu com o professor Muller?" -Disse uma garota ao meu lado, visivelmente preocupada.

"Não fui informada, creio que ele não voltará esse ano." -Respondeu ela, com uma voz grossa

Ah sim, muito obrigada." Diz a desconhecida, voltando para seu celular.

"Vejo rostos novos hoje..." -Voltou a dizer, analisando toda sala.

Seu olhar parou em mim, sua expressão severa se fixou ainda mais e meus novos colegas de classe me encaravam. É como ter um alvo no meio da testa.

"Você..." -Me chamou, paralisada no mesmo lugar. " Se apresente para turma, diga seu nome completo e de onde veio."

 Eu achava que ações como essa só aconteciam no fundamental, é totalmente constrangedor fazer isso.

"Me chamo Rain Bennett Davies, sou Brasileira e moro em Atlanta Geórgia." -Disse, fazendo todos cochicharem entre si.

 "Obrigada pela apresentação e bem vinda, Rain." Agradeceu ela, permitindo que eu me sentasse novamente. 

Aquela menina do início da aula, me olhava (discretamente) e digitava algo no celular. A aula havia começado, mas ela não parava de mexer no aparelho e rabiscava sua mesa, já manchada de lápis e marcas de borracha.

"Algum problema com ela?" -Disse alguém, tocando no meu ombro.

"Não, nenhum." -Digo, entre dentes. 

"Não é o que parece, pare de encarar minha irmã." -Comentou o garoto, nervoso. "Briar, se sente atrás de mim."

Depois de falar aquilo para sua irmã, ela ficou angustiada e coçou sua testa em prova da sua confusão.

"Por que? Eu estou bem neste lugar." -Respondeu ela. Briar é uma cópia exata da minha melhor amiga, Mackenzie ficaria chocada ao vê-la pessoalmente.

Pensar nela me entristece de repente, não tenho notícias dela desde que saí daquele hospital horrível e sua mãe me prometeu que ela ligaria.  

"Porque eu estou mandando." - Disse ele, me deixando perplexa com esta situação. Não estou entendendo o porquê dessa atitude tão grosseira. 

"Me deixe em paz, Charles." -Respondeu Briar, se voltando para frente novamente.

"Não me irrite ou você terá problemas." -Cochichou Charles, para que só ela pudesse ouvir.
 
Inesperadamente, a senhorita Margot parou de falar e olhou para os dois severamente, arrisco a dizer que seu rosto está vermelho de raiva.
Os alunos que antes estavam concentrados na aula, tinham seus corpos totalmente virados para trás e seguravam os sorrisos maliciosos.

"Garotos Stusse, vocês querem conversar na sala da diretora." -Esbravejou Margot.

"Veja o que você causou, seu idiota." -Disse Briar, enojada com toda cena que seu irmão criou.

"Não me culpe por isso, sua peste." -Respondeu Charles, se levantando.

Os dois saíram aos tapas e implicando um com o outro, sem mesmo olhar para trás. Pela primeira vez, nada caiu sobre meu colo e estou muito agradecida por este milagre.

***

"Senhorita Rain Bennett Davies, por favor comparecer na minha sala na reitoria." -Uma voz saiu do alto falante na parede.

Bom, acho que ninguém vai emprestar uma bunda para mim tomar no cu e meu azar sempre me fará comemorar cedo demais.
O percurso é rápido por uma benção, avisto uma porta no final do corredor e escuto gritos de raiva vindos de lá.
 Provavelmente, não estou preparada para inventar desculpas esfarrapadas.

Finalmente, tomo coragem e adentro no ambiente perturbado:
"Oi, posso entrar?" -Disse, entrando na sala.

"Refaça sua ação com educação, por favor." -Respondeu um homem. 

Faço o que ele pede e retorno para fora, me esforçando para não surtar. O que há com essas pessoas?

"Com licença, posso entrar?" -Digo, visualmente incomodada.

"Pois não? Quem me chama?" -Respondeu o desconhecido, abrindo a porta bruscamente.

"Rain Bennett, você solicitou minha presença na sua sala." -Digo, pensando em todos os xingamentos possíveis que posso proferir para esse imbecil, Quem mais poderia ser? O papa Francisco? Que pergunta besta. 

"Entre, nós precisamos conversar." -Permitiu ele, me dando espaço para entrar. Nesse momento, noto os irmãos encrenqueiros sentados no sofá, segurando caixas e alguns papeis.

"Seus colegas de classe me informaram sobre o ocorrido, você precisa contar algo para a senhorita Briar Stusse?" -Comentou ele.

"Não fui informada sobre nada, nem os conheço para desejar conversar com ela e não é minha responsabilidade ser a causa da briga deles." -Digo, irritada.

Estar na sala da reitoria nos primeiros instantes da aula, era um recorde para ser sincera. Foram exatos 20 minutos de aula, VINTE MINUTOS e eu estou presa em uma sala com 3 pessoas totalmente desprovidas de qualquer resquício de inteligência.

"Que modos são esses? Como aceitaram alguém como você nesta instituição?" -Esbravejou ele.

"Sinto muito senhor, mas esse assunto não é minha responsabilidade." -Comentou Briar no sofá.

"O porquê da discussão não foi esclarecido até agora, pode me dizer o que aconteceu, Rain." -Voltou o reitor para mim.

"Já disse que não sei o por quê! Eles discutiram por que eu olhei para ela? Isso só pode ser brincadeira." -Vociferei, para que todos pudessem entender. 

"Vou colocá-la de suspensão provisória, você vai para biblioteca e irá escrever 25 páginas do livro de literatura que escolher, as folhas prontas devem estar na minha mão no final do dia." -Ordenou o reitor, me deixando sem qualquer alternativa plausível.

***
A biblioteca é linda e enorme, mas não altera minha fúria por estar aqui pelos motivos errados. Um único resquício de sorte me sobrou, eu gosto de literatura e meu castigo não será realizado de mau grado.
Entro em uma sessão qualquer e pego um livro antigo. Contos dos Irmãos Grimm de 1812, tem 53 histórias acompanhadas de belas ilustrações, posso escolher uma das histórias e transferi-las para essas malditas folhas rapidinho. 

30 minutos foram embora como uma ventania repentina, faltam apenas duas páginas para meu castigo terminar.

Minha mão está suada e meu dedão adquiriu um galo gigante, minha barriga estava roncando bizarramente, mas o intervalo está próximo e esse fato me deixa aliviada.
Termino de escrever e vou guardar meu livro na estante, ao mesmo tempo que pessoas novas passam pela porta da biblioteca. 

Parecia ser um casal, o garoto puxava sua namorada para as estantes e eu estava próxima deles. Quando inesperadamente, minha audição capta uma voz muito familiar. Era o Jasper com uma menina.

"Quantas vezes eu preciso te avisar? Não fale comigo pessoalmente e principalmente quando eu estiver acompanhado." -Perguntou Jasper, enojado com as ações da menina.

"Mas meu bem...eu só queria conversar." -Argumentou ela, chateada com aquela acusação.

"Nós não temos nada, só ficamos juntos algumas vezes, Dylan." -Jasper falou, envenenando o ar com suas palavras.

Minha respiração está descontrolada e minha boca ficou seca, me mover está fora de cogitação porque isso pode causar muitos constrangimentos para nós três. Decido ficar quieta, assim eles não descobrirão minha presença.

"Por favor, não fale assim comigo. E-eu te amo." -Choramingou Dylan, com a voz engasgada em frustrações.

"Porra, só pode ser sacanagem!! Você está ficando louca? Como pode amar alguém dessa forma?" -Jasper diz, incrédulo com o sentimento dela.

"Você não pode fazer isso comigo..." -Falou ela, chorando por causa do sentimento não recíproco.

Essa situação vai me deixar em maus lençóis, como posso deixar isso acontecer? Em uma hora eu segurei duas bombas como essa, acho que preciso tomar um banho de sal grosso muito reforçado. Ou vou ficar louca até o fim do ano letivo.
E ao invés de me formar no ensino médio, vou parar em uma ala psiquiátrica.

"Não se iluda com pequenas coisas, eu não te amo e não pretendo ter algo sério com você." -Disse Jasper, desestruturando Dylan de uma vez.

Ela chora pesadamente e Jasper olha para todos os lados desesperados. Minha presença aqui está matando todos os meus neurônios, eu preciso sair daqui urgentemente.
 Um livro cai bruscamente e um barulho agudo dispara no ar, tirando meus pensamentos do lugar.

"Meu Deus." -Repito para mim mesma, antes de pensar em como fugir.



Oii amores!!! Eu voltei<3
Eu quero conversar sobre uma coisa com vocês, alguém pode me responder de boa vontade?


Quero a opinião sincera de vocês sobre meu livro, vocês estão gostando? 

Agradeço aos leitores que me acompanham, não esqueçam de comentar :) 

Beijosss <3











Tiefen ( Em revisão de escrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora