Capítulo 46

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Kiara.

Os poucos minutos à espera de JJ pareciam torturantes horas e quando finalmente avistei o carro prata, ao mesmo tempo que respirei aliviada, senti meu estômago quase sair pela boca de nervoso. O loiro sai furioso do veículo e bate a porta do carro de um modo nada paciente.

—Bruna, a minha mãe 'tá passando mal. Só isso que eu digo diante da sua total irresponsabilidade.

—Como se você fosse exemplo.

—Você mora com ela, caralho! Ela se preocupa com a hora que você chega em casa ou se você sumiu porque ela sabe que você é uma pirralha mimada e sem responsabilidade nenhuma.

Eu sei que ele não queria dizer aquilo. Mas assim como eu, momentos de fúria fazem ele ter acesso a uma parte que não se orgulha: a rancorosa. Noto o arrependimento no momento em que fala.

—Eu odeio você.—a mais nova diz em sussurro enquanto prende o choro já iminente. Ela entra no carro e ele solta o suspiro que provavelmente segurava desde que chegou.

—Ela não quis dizer isso. E eu entendo sua preocupação, mas nós estávamos com ela o tempo todo. Não deixamos que ela corresse perigo.

—Só confio em mim mesmo, Kiara.

—Eu sei.—dessa vez, o suspiro sai de mim—Só tenta conversar com ela amanhã, tudo bem? Hoje vocês dois estão aflorados.

—Não se mete nisso.—ele gesticula apontando para ele e a irmã no carro e é como se estivesse em completo transe. Assim que acelera o carro, é como se toda a embriaguez de repente se materializasse. O mundo gira, minhas pernas bambeiam e eu sou incapaz de organizas meus pensamentos. Fico aliviada ao ouvir uma voz conhecida.

—Eu disse que viria.

—Marcelo?

—Tudo bem?

—Não. Não. Não e não.

—Ainda nem pedi nada, Kie.

—Eu sei o que você quer.

—Qual foi...—senta-se ao meu lado e começa a acariciar minhas coxas. Não nego que as enormes mãos esquentando minha pele não parece uma ideia tão apavorante assim.—Vim por você. Vamos 'pra minha casa.

—Não posso.

—Não pode ou não quer? Se me disser que não quer, eu te deixo em paz, mas eu duvido. Conheço seu corpo.

O carinho fico mais quente e sinto as pontas de seus dedos por baixo da minha saia. Arfo e jogo a cabeça para trás, mordendo o lábio instintivamente. Deslizo as unhas em sua nuca e cruzo as pernas.

—Vamos logo, enquanto o álcool ainda é meu combustível. Posso mudar de ideia.

Entramos no carro e seguimos rumo ao lugar para o qual odeio voltar e de onde não consigo sair: o apartamento do Marcelo.

The other side, jiara.Where stories live. Discover now