Capítulo 6

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JJ.

Acordei com minha cabeça explodindo e só de lembrar no tanto de bebida que eu misturei ontem na comemoração pós jogo, meu estômago enjoa. O treinador odeia quando eu e os caras bebemos em época de campeonatos, mas estava difícil conseguir uma vitória, já que a interação e o espírito de equipe do time são péssimos.
Minha irmã está passando as férias aqui em casa, então decido ir até seu quarto. Adoro conversar com a Bruna quando 'tô de ressaca, é um dos únicos momentos que eu realmente levo a sério e reflito sobre seus conselhos.

—Bom dia—abro a porta e me jogo de barriga pra baixo no colchão macio com o perfume adocicado da mais nova.

—Boa tarde, né? Três e vinte. E você precisa urgentemente parar com essa mania de entrar sem pedir licença, sei que a mamãe te deu muita educação.

—Que foi, hein, pirralha? Mau humor?

Ela suspira exasperada e eu espero pelo problema mais fútil e resolvível do mundo sair de sua boca.

—Minhas botas novas que comprei na internete chegaram. E ficaram super apertadas! E é o maior número, que sapato eu vou usar na festa da Bianca?

—Todos os outros quinze mil que você tem no seu closet? Ninguém manda ter esse pezão.

—Cala a boca, é um problema sério. Você não entenderia, claro.

—O que 'tá vendo?

—Aquela série nova da sereia.

Viro para a tela da televisão imediatamente, bem na hora que o anti cristo em forma de mulher aparece. Kiara Carrera nunca deixou de ser perfeita. O vestido ombro a ombro que sua personagem usa, a maquiagem leve, os cachos no meio das costas se movendo lentamente com a brisa marinha. Tudo nela parece surreal. Tão angelical por fora, mas traiçoeira por dentro.

—Desliga essa porra.

—Nossa, mas eu 'tô amando! Adoro a Kie. Tenho certeza que ela já te deu um fora daqueles, né? Você abomina tudo que abala seu ego.

—Você não sabe de nada, Bruna. É uma criança.

—Uma criança que te conhece melhor do que qualquer outra pessoa no mundo, não se esqueça disso. Depois eu termino de ver, pode colocar o que você quiser.

—Perdi o clima.—respondo ríspido e saio batendo a porta do quarto com uma força maior que a planejada.

Tiro a roupa e entro no chuveiro, na esperança de que a ducha gelada seja capaz de congelar meus nervos em combustão.

The other side, jiara.Where stories live. Discover now