𝗩𝗘𝗜𝗚𝗛 𝗣𝗔𝗥𝗧 𝟮.

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— " Uma semana havia se passado, e eu estava na faculdade de medicina, com minha cabeça parecendo que iria explodir, nunca achei que o meu sonho de ser médica iria ser tão destruidor. Minhas pálpebras pesavam enquanto eu tentava me concentrar na aula, mas tudo que eu queria era uma cama confortável e hibernar até amanhã. O som da voz da professora preenchia na sala, mas a maioria das suas palavras se perdia em meio ao meu cansaço.

Eu não sabia o que era pior: as longas horas de estudo ou o fato de que minha vida pessoal estava um caos absoluto. Quatros dias atrás, meu irmão mais novo havia batido o meu carro. Ele alegou que foi um "acidente bobo", mas o conserto estava longe de ser barato. Agora, além de lidar com as responsabilidades da faculdade, eu precisava arrumar esse carro urgentemente, já que esses dias eu tinha que pegar carona com a Sarah, e já tem dois dias que ela não vinha e eu tinha que ir com alguém ou esperar meu pai.

— Santos! — A voz autoritária da professora interrompeu meus pensamentos. Olhei para frente e vi que ela estava olhando diretamente para o garoto sentado à minha frente. — Quer me dizer o que estava tão interessante no seu celular que te impediu de prestar atenção na minha aula?

O garoto, que eu sabia que se chamava João, ficou visivelmente desconcertado. Ele gaguejou algumas palavras sem sentido, enquanto a professora o repreendia por desrespeitar a aula. Suspirei internamente. Era sempre a mesma coisa, toda semana.

Finalmente, após dar um sermão no João, a professora nos liberou. A sala se esvaziou rapidamente, e eu fui uma das últimas a sair. Peguei minha mochila e arrastei meu corpo para fora da sala, desejando que o dia acabasse logo.

Quando cheguei à frente da faculdade, me encostei em uma das colunas e respirei fundo, tentando reunir energia para encarar o restante do dia. Naquele momento, meu celular vibrou com uma mensagem. Olhei rapidamente e vi que era minha irmã, perguntando se eu ia precisar do carro no fim de semana, já que ela queria emprestá-lo. Revirei os olhos. Ela ainda não sabia do incidente do meu irmão, já que a mesma estava curtinho suas férias co
seus amigos em búzios, e provavelmente quando chegasse pegaria meu carro para algo, suspirei e desliguei o celular , eu não estava no clima para explicar.

E então, como se meu cérebro decidisse me torturar, pensei em Thiago Veigh. Dois dias depois daquela noite surreal, ele havia me mandado uma mensagem inesperada. Ele estava em outra cidade, me convidando para um dos shows dele e dizendo que tinha deixado um ingresso especial para mim com sua acessória. No entanto, com a faculdade me consumindo e todos os problemas em casa, eu não pude ir. Eu pensei em dar o ingresso para a minha amiga, já que ela era a verdadeira fã dele, mas... as coisas entre nós mudaram depois que contei o que havia acontecido naquela noite.

Ela sumiu. Não respondeu às minhas mensagens, não apareceu na faculdade. Simplesmente desapareceu. Eu não sabia se ela estava magoada, chateada ou se sentia traída, mas o silêncio dela me machucava.

Sem ter outra opção, dei o ingresso para minha irmã mais mais nova, a mesma que estava em búzios, Bruna , que ficou mais do que feliz em ir ao show. Ela até me mandou uma mensagem dizendo que tinha sido "a melhor noite de todas". Eu sorri amarelo quando lia aquilo. Que bom que alguém estava se divertindo.

Agora, aqui estava eu, tentando manter minha cabeça acima da água, enquanto tudo ao meu redor parecia querer me puxar para baixo.

Peguei meu celular e tentei pegar um uber, mais parecia que o mundo estava contra mim.

Suspirei frustrada, olhando para o celular enquanto a tela me mostrava o pior cenário possível: "Nenhum motorista disponível no momento." Nem mesmo o Uber Moto estava aceitando. Tentei fechar o aplicativo e abrir de novo, mas o resultado continuava o mesmo.

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