O beijo foi lento, sem pressa, no ritmo do Ret. Ele tinha aquele jeito tranquilo, mas ao mesmo tempo, sabia exatamente o que tava fazendo. Quando nos afastamos, ele encostou a testa na minha e sorriu de leve.— Tu beija bem. — ele soltou, a voz rouca.
— Você também. — respondi, meio sem fôlego.
A brisa do mar batia no meu rosto, misturando o cheiro do sal com o perfume dele. Ficamos ali, encarando um ao outro, sem pressa de voltar pra festa que ainda devia estar rolando na casa. Mas a essa altura, nada mais importava além daquele momento.
— Tá com sono? — ele perguntou, passando a mão no meu cabelo.
— Não muito. Mas também não tô afim de voltar pra lá agora.
Ele deu um sorriso de canto, pensativo, e levantou, estendendo a mão pra mim.
— Então vamo dar um rolê.
— Pra onde?
— Tu confia em mim?
Eu ri, mas aceitei a mão dele.
— Até onde eu sei, tu é tranquilo.
Ele riu, e seguimos pela areia, o mar beijando nossos pés a cada onda que se aproximava. Caminhamos em silêncio, só ouvindo o som do oceano e sentindo a madrugada quente de Búzios.
Depois de alguns minutos, chegamos em uma parte da praia onde umas pedras formavam uma espécie de mirante natural. Ele subiu primeiro e depois estendeu a mão pra mim. Lá de cima, dava pra ver as luzes da cidade refletindo no mar, um visual de tirar o fôlego.
— Eu gosto de vir aqui quando quero ficar de boa. — ele disse, sentando-se e puxando um beck do bolso. — Esquecer um pouco da correria, tá ligado?
— Te entendo. — falei, sentando ao lado dele.
Ele acendeu o baseado e deu um trago longo, soltando a fumaça devagar. Depois, me passou, e eu aceitei, tragando de leve. O vento fazia meu cabelo voar pro lado, e ele, sem dizer nada, prendeu uma mecha atrás da minha orelha, num gesto simples, mas que me fez arrepiar.
— Amanhã de manhã eu volto pro Rio. — soltei, depois de um tempo.
Ele me olhou de canto, tragou de novo e soltou a fumaça no ar.
— Já sabia que não ia durar pra sempre.
A voz dele saiu tranquila, mas tinha um fundo de melancolia.
— Mas foi maneiro, né?
— Foi mais que isso.
Ele sorriu, jogou o beck pro lado e passou um braço pelos meus ombros, me puxando pra perto. Encostei a cabeça no peito dele, sentindo a batida calma do seu coração.
— E se eu quiser te ver de novo? — perguntei, baixinho.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, depois passou a mão no meu queixo e me fez olhar pra ele.
— Se tu quiser, tu me acha.
O jeito que ele falou me fez sorrir. Ele não era de prometer coisas que não podia cumprir, mas também não fechava portas. Era a vibe dele.
Ficamos ali até o céu começar a clarear.
Quando voltamos pra casa, a festa já tinha morrido, e todo mundo tava apagado nos sofás ou nos quartos. Subimos as escadas devagar, tentando não fazer barulho.
— Tu dorme onde? — ele perguntou, encostado na porta do quarto dele.
— Lá em cima, no outro corredor.
Ele coçou o queixo, como se pensasse em algo.
— Tu pode dormir aqui, se quiser.
Eu arqueei a sobrancelha.
— Isso foi um convite?
Ele sorriu de canto.
— Só se tu quiser.
Pensei por um segundo, mas a resposta já tava na minha cabeça antes mesmo de eu abrir a boca.
— Quero.
Ele abriu a porta, e eu entrei. O quarto tinha uma vibe bem dele, com pouca luz, uma bagunça organizada e um cheiro amadeirado misturado com um toque de perfume. Ele tirou a camisa e jogou no canto, depois pegou um moletom e me entregou.
— Pra tu dormir confortável.
— Valeu.
Peguei a roupa e fui até o banheiro, onde tomei uma ducha rápida pra tirar o sal do mar. Quando voltei, ele já tava deitado, mexendo no celular. Me deitei ao lado, e ele me puxou pra perto, passando um braço pela minha cintura.
— Boa noite.
— Boa noite, Ret.
Fechei os olhos, ouvindo a respiração dele devagar. E assim, dormi nos braços de Filipe Ret.
ᨒ
Na manhã seguinte, acordei com o sol batendo no rosto. Pisquei algumas vezes, tentando me situar. O quarto ainda tava meio escuro, mas Filipe não tava mais na cama.
Levantei, vesti minha roupa e saí do quarto. A casa tava em silêncio, e quando cheguei na sala, vi que algumas pessoas ainda dormiam. Olhei pro lado e vi uma garrafa de café na mesa, com um bilhete do lado.
"Tive que sair cedo, mas valeu pela brisa. Se algum dia tu cansar da correria, já sabe onde me achar."
Li o bilhete algumas vezes, com um sorriso no rosto. Peguei meu celular e mandei uma mensagem pra ele.
— Um dia eu apareço.
Guardei o bilhete no bolso, peguei minhas coisas e saí pela porta, sabendo que aquele fim de semana não ia ser só mais um na minha memória.
Algo me dizia que a história com Filipe Ret ainda não tinha acabado.
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Acabou... Eu amei, escrevi com tanta convicção que escrevi rápido. Eu amei a vibe deles dois