~Chapter Eight~

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18 de outubro de 1996

__________Lunae Nêmesis__________

A semana passou como um borrão, e agora, eu me encontrava em um voo para a Rússia com meus irmãos. Nosso destino era a casa do meu avô. Meu pai havia enviado uma coruja dizendo que nos encontraria lá. Como bruxos, poderíamos facilmente aparatar para o local, mas eu preferia o voo de avião. Havia algo reconfortante em ver o horizonte de cima, uma sensação de liberdade que apenas o céu proporcionava.

Era noite, e chegaríamos ao destino pelo fim da manhã. Meus irmãos dormiam ao meu lado, enquanto minha mente se perdia em pensamentos e lembranças.

✧ Já na Rússia -- 9h35min - 19 de outubro de 1996 ✧

Após desembarcarmos do avião, caminhamos pelo aeroporto, o som abafado das malas rolando no piso e vozes distantes criando um cenário quase irreal. Meus irmãos, Patrick e Antony, tomaram a dianteira e logo chamaram um táxi. Assim que o veículo parou, eles começaram a se aproximar, enquanto o motorista colocava nossas malas no bagageiro.

- Vocês podem ir. - falei, permanecendo parada e firme. - Eu tenho que fazer algo, mas estarei lá antes do almoço.

Houve um breve silêncio, seguido pelo entendimento em seus olhos. Patrick assentiu, a preocupação em seu rosto suavizada por um pequeno sorriso.

- Não demore muito. - ele pediu, e eu retribuí com um sorriso mínimo, quase imperceptível.

Observei o táxi se afastar até desaparecer no trânsito matinal de Moscou. Chamei outro táxi para mim e, enquanto seguia pelas ruas da cidade, observei pela janela a paisagem fria e cinzenta da Rússia. As construções antigas e o movimento apressado das pessoas refletiam um mundo tão diferente do nosso. Alguns minutos depois, o táxi parou em frente ao meu destino. Paguei ao motorista, agradeci e desci, dispensando-o sem olhar para trás.

Respirei fundo, sentindo o ar gelado que parecia cortar minha pele, e caminhei mais à frente. Cada passo era pesado, como se eu carregasse anos de lembranças e arrependimentos nas costas. Quando finalmente alcancei o lugar, uma onda de tristeza familiar me envolveu.

- Oi, mãe. - sussurrei, a voz baixa e carregada de uma saudade que nunca diminuía. A lápide diante de mim era simples, mas imponente. Ajoelhei-me devagar, o frio do chão atravessando minhas roupas, e coloquei um buquê de cascata de orquídeas, as flores preferidas dela. O perfume suave das flores misturava-se ao ar, criando um contraste pungente com o cenário austero do cemitério.

Fiquei ali por um momento, absorvendo o silêncio que apenas os cemitérios têm. Era um silêncio pesado, mas também reconfortante, um lugar onde as palavras não eram necessárias. O vento sussurrava entre as árvores, como se o próprio ambiente estivesse oferecendo condolências silenciosas. Fechei os olhos por um instante, permitindo-me sentir a presença dela, uma presença que nunca se dissipava totalmente, mesmo em sua ausência.

- Desculpe por não vir antes. - murmurei, as palavras quase se perdendo no vento. No dia 10 havia feito 7 anos desde a morte dela e cada dia parecia mais difícil. Era uma mentira quando diziam que o tempo curava tudo.

Levantei-me lentamente, relutante em já estar indo, mas sabia que precisava mesmo ir para a casa do meu avô . Olhei uma última vez para a lápide antes de me virar e seguir meu caminho. A caminhada de volta até a entrada do cemitério parecia mais curta, embora o peso no meu peito permanecesse o mesmo.

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