Whispers of Power

~Chapter Ten~

20 de outubro de 1996

__________Lunae Nêmesis__________

Acordei na manhã seguinte sentindo meu corpo leve, dormi como um bebê, algo raro para mim, e sabia exatamente o porquê. O passeio pelas ruas com Mattheo ainda fresco em minha mente. Não brigamos, não provocamos um ao outro. Eu poderia me acostumar com aquilo, talvez até mais do que queria admitir.

Pensei se seria melhor simplesmente fingir que nada daquilo havia acontecido. E essa ideia, tão tentadora, parecia ser a rota mais segura.

Mais tarde, eu, Antony e Patrick embarcamos de volta para Hogwarts, enquanto nosso pai retornava para Londres. Meus olhos ficaram fixos na janela do avião, o rosto de Mattheo surgindo inesperadamente na minha mente, como se estivesse ali, me observando pela distância. Pisquei e afastei a imagem, focando em um livro que trouxe para tentar me distrair. Mas a leitura não prendia minha atenção. Tudo que vinha à mente era a nossa conversa na cafeteria, nossa caminhada até em casa.

Ao chegarmos em Hogwarts, o peso da rotina voltou a cair sobre meus ombros. Eu precisava me reorganizar, vestir novamente a persona que todos conheciam. Aqui, eu não podia ser a garota que deu uma trégua a Mattheo Riddle. Aqui, eu era Lunae Nêmesis, fria, calculista, inalcançável. Pelo menos era isso que eu tentava mostrar ao mundo. Por sorte, não cruzei com ele logo de cara. Meu corpo e mente precisavam de tempo para se preparar, para reerguer as barreiras emocionais que, de alguma forma, se dissolveram na Rússia.

Na hora do jantar, no Salão Principal, com o ambiente fervilhando com os burburinhos de alunos, meus olhos automaticamente se encontraram com o do Mattheo e senti aquela eletricidade silenciosa que fazia o ar ao nosso redor parecer mais pesado.

Ele sorriu, aquele sorriso de quem sabe exatamente o que está fazendo. E meu coração bateu um pouco mais rápido, e eu me odiei por isso, sabia que seria furada dar uma trégua para ele na noite passada.

- Lunae, você está bem? - Theo perguntou do meu lado, com uma sobrancelha arqueada.

- Claro - murmurei, sem desviar os olhos de Mattheo. - Só um pouco cansada.

Parecia que nossos amigos não sabiam da noite passada, então minha ideia estava certa, íamos fingir que não aconteceu. Era óbvio que eles e até mesmo o Draco não deixaram a tensão entre nós passar despercebida. E eu tentei me concentrar no jantar, mas era inútil, eu sentia o olhar dele em mim e me distraía facilmente. Era como se ele soubesse o efeito que estava tendo sobre mim.

- Ele está te incomodando? - Draco perguntou em voz baixa, me tirando dos meus pensamentos, seus olhos fixos em Mattheo.

- Não, está tudo bem - respondi rapidamente, tentando encerrar o assunto.

Ao terminar o jantar, me levantei pronta para sair do Salão, mas Mattheo foi mais rápido e começou a sair antes de mim. Ele parou por um segundo, apenas o suficiente para lançar aquele olhar desafiador por sobre o ombro, antes de sair do Salão. Aquela tensão entre nós, essa faísca que parecia crescer cada vez mais, era impossível de ignorar. Algo estava mudando. E mesmo que eu tentasse focar em outras coisas - nas minhas tarefas, nos planos que meu avô havia mencionado - meus pensamentos voltavam, inevitavelmente, para Mattheo.

✧ 26 de outubro 1996 ✧

A festa já estava a todo vapor quando cheguei a Comunal da Corvinal. Hoje era a última festa de volta às aulas, e como eu prometi, estava presente. A noite estava fria, mas dentro, a energia era quente, repleta de sorrisos e conversas animadas. As luzes dançavam pelas paredes em tons azulados, criando um ambiente mágico. Meus irmãos, Antony e Patrick, já estavam envolvidos em alguma conversa animada com Regulus e Blásio, Tom, Theo e Lorenzo estavam ao lado da mesa de bebidas, algumas garotas ao seu redor. Não havia visto o Draco ainda, se é que ele veio. E claro, Mattheo estava presente, encostado casualmente em uma parede, seus olhos se voltando para mim quase no mesmo momento em que entrei.