Whispers of Power

~Chapter Four~

07 de outubro de 1996

__________Lunae Nêmesis__________

Acordar na manhã de domingo após a bebedeira da festa foi como emergir do fogo do inferno. A dor de cabeça era como se alguém estivesse martelando o lado de dentro do meu crânio, então decidi que não havia motivos para sair do meu dormitório. Meus irmãos, Antony e Patrick, estavam em um estado ainda pior. Eles surgiram com expressões sofridas, trazendo-me uma xícara de poção para ressaca que, ao beber, confirmei ser tão desagradável quanto os efeitos que prometia curar. Passamos o dia largados em minha cama, assistindo filmes no estilo trouxa e nos movemos apenas para pegar comida. Ao final da tarde, eles finalmente se arrastaram de volta para o quarto deles, e eu, exausta, fui dormir cedo.

Agora, ao despertar, sinto-me renovada e pronta para um dia repleto de aulas. Com Transfiguração, Duelos e Runas Antigas programadas para a manhã, e Aritmância, Trato de Criaturas Mágicas e Adivinhação à tarde, meu dia estaria longe de ser tranquilo. Mas antes de tudo, eu precisava de um café da manhã decente.

Coloquei meu uniforme: meia-calça preta 5/8 transparente, camisa branca impecável, gravata, blazer verde com preto, e finalizei com o cachecol cinza com detalhes em verde. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo alto, deixando as pontas longas alcançarem o topo do meu cóccix. Apliquei um gloss nude, delineado preciso, e perfume, e então calcei meus coturnos antes de pegar meu material e sair para o Salão Principal.

Como de costume, senti os olhares se voltando para mim enquanto caminhava. Fingi não notar, mantendo o passo firme. Ao entrar no Salão Principal, dirigi-me diretamente à mesa da Sonserina. Mal tive tempo de me servir com pães de queijo e uma xícara de café quente quando meus irmãos chegaram, ocupando os assentos ao meu lado e deixando beijos rápidos em minhas bochechas. Logo depois, Tom, Lorenzo, Regulus e Blásio se juntaram a nós, o grupo estava quase completo.

- Parece que sobreviveram ao apocalipse da ressaca - comentou Lorenzo, com um sorriso zombeteiro ao ver meus irmãos comendo devagar, como se cada mordida fosse um esforço monumental.

- Quase não viemos - respondeu Antony, recostando-se na cadeira com um suspiro dramático. - Acho que ainda estou com metade do meu cérebro flutuando em algum lugar na Comunal.

- Isso explicaria muita coisa - provocou Regulus, rindo enquanto tomava um gole de suco de abóbora.

- Como você está se sentindo hoje, Lunae? - pergunta Blásio, enquanto se serve de uma torrada.

- Melhor do que ontem, sem dúvida. Aquela poção de ressaca funcionou, apesar do gosto horrível - respondo, bebericando meu café.

Antony ri, cutucando Patrick, que também sorri meio constrangido.

- A culpa é da nossa improvisação - diz Patrick, defendendo-se. - Mas pelo menos funcionou, certo?

- É, funcionou sim - concordo, lançando um olhar de gratidão. - Vocês dois foram uns heróis ontem.

Após o café, me levantei junto com meus irmãos e amigos. As aulas começariam em breve, mas antes que eu pudesse me afastar completamente do Salão, senti uma presença familiar se aproximando.

- Lunae - Draco chamou, sua voz controlada, mas com uma urgência que não conseguia disfarçar. Ele se aproximou, bloqueando parcialmente o corredor. - Podemos conversar?

Eu respirei fundo, mantendo o olhar firme enquanto tentava medir as intenções por trás dos olhos dele.

- Draco, acho que já dissemos tudo o que precisávamos. - Minha voz saiu calma, mas firme, um reflexo da fachada que eu sempre me obrigava a manter, e a conversa bêbada com o Regulus ainda estava em minha mente.