Capítulo 15| Ian

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Abro os olhos, ouvindo o som dos tiros ficar cada vez mais alto. Eu e Kyle já estávamos no local combinado, prontos para cumprir a nossa parte do plano.

Fitei a janela por onde supostamente iríamos invadir a casa e constatei que realmente estava danificada. O homem ao meu lado demonstrava-se calmo, mas sei que, assim como eu, estava apreensivo.

- Estás pronto? - Erick pergunta abruptamente.

- Vamos acabar com isto. - respondo, saindo do carro.

Ele também saiu, seguindo-me até a árvore próxima ao muro. Confirmo se tenho o dispositivo que Mathilde me deu e suspiro. Espero que ela esteja a safar-se do outro lado.

Olho para cima e apresso-me em subir a árvore, apoiando uma mão no galho e procurando suportar o pé no tronco. Impulsiono o corpo para cima e alcanço o muro, segurando-me com ambas as mãos. Quando me sento em cima do muro, vejo Kyle a saltar para o meu lado.

Colocamo-nos de pé e ele pontapeou a janela, arrombando a armação. O buraco na parede agora está maior e consigo ver a escuridão dentro do cómodo. Atiro-me de cabeça para dentro do edifício, rolando no chão e parando mesmo em frente à porta de metal. Rapidamente colo o dispositivo à superfície metálica e informo Joseph para começar a descodificar a senha. Kyle empunha a sua arma, preparado para o que quer que esteja atrás da porta.

Em menos de um minuto, ouvimos a porta a destrancar e dou-lhe um pontapé, fazendo-a abrir. Porém, quando damos um passo em frente, vemos dois homens caídos no chão, à frente de outra porta de metal. Olho para Kyle, vendo-o abaixar a arma.

- Elas estão aí dentro. A porta parece destrancada, não sei se estão sozinhas. Se forem atirar, atirem numa trajetória de cima para baixo. - Enrico anuncia.

Kyle acerta dois tiros nas dobradiças da porta, fazendo-a ceder. Ansiosos por descobrir se as nossas irmãs estavam em segurança, invadimos a sala sem verificar se era seguro, e fomos surpreendidos quando sentimos uma corda a enlaçar as nossas pernas.

- Putain! - rosno, irritado com a nossa imprudência.

- Merda! - Kyle pragueja.

- Erick! - uma voz feminina exclama ao fundo da sala.

A nossa atenção recai sobre as duas mulheres, presas pelos braços e pernas. Hannah está consciente, mas Ivy está desacordada. Aflição aflora-se no meu peito e eu curvo-me, rasgando as cordas. Nós os dois corremos em direção a elas, desesperados.

- Ivy! - exclamo, tocando no seu rosto frio. - Acorda, maninha.

Solto-a das algemas, quebrando-as com o cabo da minha arma. Pego no seu corpo frágil e praticamente em hipotermia.

- Eles não fizeram nada comigo, mas sim com ela. - Hannah choraminga.

- O quê? - praticamente grito. - O que fizeram com ela?

Procuro por ferimentos, temendo encontrar uma hemorragia ou algum corte profundo, mas só encontro arranhões nos seus braços e pernas. Os seus lábios roxos, porém, estavam a deixar-me muito preocupado.

- Eles... eles levaram-na. - ela gagueja. - Quando voltou, parecia estar drogada e com as roupas rasgadas. Ela caiu... e acho que bateu com a cabeça.

Olho para Kyle e percebo a sua impaciência. Ele quer sair daqui o mais rápido possível, então este diálogo não faz sentido neste momento. Quero saber se a minha irmã está bem, e quero extrair o máximo de informação possível de Hannah, mas terei de esperar até chegarmos ao carro.

Avançamos com cuidado pela sala e, depois pelo corredor, ouvindo o som de tiros cada vez mais próximo. Protejo Ivy contra o meu corpo e ela solta um murmúrio imperceptível, dando sinais de estar consciente.

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