Capítulo 16| Mathilde

16 3 5
                                    

As bombas explodiram e nós entreolhamo-nos.

- Finalmente. - Nikolai sorri em desafio, abrindo os braços.

- Estavas à nossa espera? - ironizo, mantendo a arma firmemente apontada para os seus seguranças.

- Até me sinto lisonjeada. - Marly comenta com um sorriso travesso.

Sorrio e sem qualquer hesitação disparo seguidamente contra eles. Atinjo o primeiro segurança no peito e vejo um projéctil atingir outro na cabeça. O terceiro protege Nikolai e tenta disparar contra nós, mas somos mais ágeis em desviar-nos dos tiros, conseguindo aniquilá-lo.

Ambas apontamos as armas para Nikolai, que recua com cautela. O poderoso chefe da máfia russa estava agora desprotegido, e à nossa mercê. A parte mais difícil do nosso plano já tinha sido concretizada, precisávamos somente concluir a missão.

Repentinamente, Nikolai tira uma arma das costas e empunha-a contra mim. Era previsível que eu fosse o seu alvo, já que, entre mim e Marly, era mais inteligente eliminar-me. Eu não hesito e disparo na mão dele, fazendo a arma cair no chão. Sangue escorria por entre os seus dedos e a sua raiva pareceu triplicar.

Nikolai levanta as mãos em rendição quando repara que temos as armas apontadas diretamente para a sua cabeça. Num gesto rápido, tomba a mesa de madeira para a frente, protegendo-se, e atira uma faca em minha direção. A lâmina espeta-se no meu colete, mas não me atinge, e eu sou ágil em retirá-la e colocar-me atrás do carrinho de bebidas.

Avisto um prato de metal encostado ao armário lateral e disparo estrategicamente. O projéctil faz ricochete na superfície metalizada e atinge-o. Marly avança com precisão e finaliza o ataque com um tiro na cabeça, que o mata instantaneamente.

Ela fita-me e eu levanto-me.

- Está feito, temos de sair daqui. - indaga.

- Rápido! Pela porta dos fundos! - toco no seu ombro, sinalizando o caminho.

Saímos do escritório apressadamente, cobrindo o nariz e a boca para evitar respirar o ar tóxico.

Quando estávamos a chegar às escadas ouvimos um chiado e um cheiro forte de gás permeou o ar. De um momento para o outro, fomos projectadas para o chão. Ao cair, senti algo rasgar o meu pescoço, logo acima da minha orelha.

Olhei para o lado, vendo Marly deitada de barriga para baixo. A dor demora a atingir-me, mas quando o faz o meu estômago embrulha-se. Estávamos perdidas. Não conseguiríamos sair.

Fecho os olhos com força, agonizando. Se ficarmos aqui, acabaremos por desmaiar e morrer por inalação de fumo, mas eu não conseguia me mover.

Ouço um barulho ao longe e movo lentamente a cabeça para o lado direito, vendo dois vultos aproximarem-se de nós. Sinto-me fraca e impotente, mas alívio percorre o meu corpo quando reconheço Ian e Kyle.

- Ian... - tento chamá-lo, mas acabo por começar a tossir.

Um fio de sangue escorre pela minha mão e percebo que o ferimento é maior do que eu pensava.

- Estou aqui, alba. Estou aqui. - ouço a voz calma dele, e a sua mão quente envolve a minha.

- Estás ferida! - exclama, preocupado. - O que aconteceu?

- Cortei-me. - murmuro com dificuldade, levantando a cabeça para que ele pudesse ver.

- Isto está muito feio, Mathilde. - declara, claramente com raiva. - Vem cá.

Eu não me mexo, mas ele pega em mim ao colo, tendo o cuidado de não me magoar. Contudo, senti a minha cabeça a girar e pressenti que ia desmaiar. Estava a perder demasiado sangue. Fui levada por ele, Kyle seguindo-nos com Marly nos seus braços.

Os Caminhos da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora