Capítulo 11| Ian

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Depois do jantar, o ambiente no salão ficou mais sério. Todos permanecemos em silêncio, enquanto investigamos o território governado por Nikolai. Mathilde conseguiu descobrir a localização exata de Ivy e um de seus homens descodificou o sistema de segurança, permitindo-nos ter acesso às câmaras, embora não seja em tempo real. As imagens são transmitidas com cinco minutos de atraso, mas contentamos-nos com este pequeno avanço.

Agora que vejo a minha irmã, o meu coração fica ainda mais apertado. Ela parece dormitar e remexe-se de vez em quando, revelando pequenos ferimentos no rosto e nos membros. Não parecem ser ferimentos graves, mas mesmo assim preocupa-me que não cheguemos a tempo.

À medida que as horas vão passando, conseguimos obter mais informações detalhadas. Nikolai ainda não surgiu nas câmaras, o que nos faz desconfiar de que o rapto tenha sido apenas uma ameaça. Ele está a planear algo ainda maior.

- Temos de descansar. - Mathilde argumenta. - Don Kyle virá daqui a seis horas e, se tudo correr bem, estaremos prontos para contra-atacar no final da reunião.

- Os meus homens continuarão a extrair as imagens das câmaras. - afirmo. - Talvez assim consigamos descobrir qual é a verdadeira intenção de Nikolai.

- Ótimo. - Gustavo concorda. - Se aliarmos todos os nossos meios, teremos uma equipa infalível. Será mais fácil resgatar Ivy e destruir a máfia russa.

- Não se esqueçam de que temos de trabalhar em equipa, sem ambições que nos coloquem a todos em risco. - Mathilde observa-me por uns instantes. - Salvar a Ivy e afastar de vez a máfia russa é do interesse de todos nós. Nada pode falhar.

- Temos o que é preciso para sermos bem-sucedidos. - declaro, fitando-a.

Na teoria, temos as qualidades necessárias para esta missão. Don Kyle nunca perdeu uma oportunidade de se livrar de um possível inimigo, eu sempre fui movido pela sede de vingança e Mathilde destaca-se neste mundo, não levantando suspeitas.

Ela é simplesmente um génio, usufruindo da sua imagem para agir pelas costas dos que a subestimam. Dentro da máfia, é muito raro ser uma mulher a chefiar, a comandar os negócios sujos e a declarar guerra contra outras organizações criminosas. Porém, a máfia italiana é chefiada pela mente brilhante de uma jovem mulher, que usa a seu favor o preconceito dos seus inimigos.

Levanto-me e verifico o meu relógio. O pôr-do-sol não tardará, mas não é seguro caminhar pelas ruas a esta hora.

- Levas-nos a casa? - pergunto a Gustavo.

- Claro... acho que consigo, deixa-me confirmar. - diz, mas soa demasiado hesitante.

Sigo o seu olhar e encontro Mathilde, que caminha na nossa direção. Talvez ele esteja à espera da aprovação dela.

- Vamos? - questiona, ignorando a minha presença.

- Sim, ele vem conosco? - Gustavo pergunta.

Ela desvia a atenção para mim e fica em silêncio por alguns instantes, enquanto as suas íris escuras captam diretamente as minhas.

- E porque não? - responde, desviando o olhar relutantemente. - Não o podemos deixar sozinho.

- Como quiseres. - Gustavo declara. - Espero por vocês lá embaixo.

Ouvimos os seus passos pelas escadas abaixo e só quando o silêncio voltou a presentear-nos é que reagimos.

- Espero que já tenhas tomado uma decisão. - Mathilde diz firmemente. - Não pretendíamos nada em troca quando nos oferecemos para ajudar, mas também não queremos ser apunhalados pelas costas. Estás no nosso território.

Os Caminhos da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora