veemência

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Finalmente chegaram na fazenda no começo da tarde do outro dia. Ramiro teve que lidar com um homem bravo por um bom pedaço do caminho, brabo porque sonhou que o preto o deixava por outro.

— Kévin, eu já disse que num te deixo por nada no mundo — cheirou o cangote do loiro — eu não sou doido assim não - se eu acreditasse em toda bestagem que sonho eu tava ferrado.

— Quieto Ramiro — a cada vez que o peão abria a boca mais ele se enfurecia — eu tenho vários sonhos premonitórios e eu to sentindo alguma coisa diferente.

Não tinha muito o que fazer, Ramiro achou que talvez fosse fome e pagou um belo e reforçado café em um restaurante na estrada e realmente a comida melhorou o humor de seu amado.

— Acho que chegamo amor!

— Rams que chique! — disse olhando pela janela — como pode esse seu patrão ser tão rico...pra manter esse tanto de fazenda enorme ele deve ter dinheiro saindo pelo rabo.

— E tem memo pequetito, fico pensano, como pode né? uns ter isso tudo e outros ter quase nada.

Saíram do carro e juntos lado a lado caminhavam até chegar na casa gigantesca.

Foram recebidos por um homem enorme, com um bigode horrível - mas bem charmoso, ambos notaram.

— Vocês devem ser o Ramiro e o Kelvin? — assentiram — muito bem vindos, agradeço a disposição de virem de tão longe nos ajudar.

Tinha a fala polida, era educado e olhava demais pra Ramiro, lembrando do sonho de mais cedo a cabeça do loiro começou a latejar 'será esse que vai tentar me tirar o Rams? não, não tem cara que gosta da fruta' decidiu ignorar por enquanto pelo menos.

O grandão - que se chamava Átila os apresentou para  Dione - a moça que cozinhava para os trabalhadores do lugar, e os dois logo gostaram dela, toda bonitinha sorridente, abraçou os dois.

— Fiquem a vontade, a gente não recebe muita gente de fora aqui, então é sempre quase um evento — disse a mocinha eufórica — vou cozinhar pra vocês.

— Não se incomode meu bem, Rams e eu acabamos de comer na estrada — sorriu pra moça — você é muito gentil, cê não achou Ramiro?

— Claro, claro — disse distraído pela conversa que estava tendo com Átila.

Ficaram um tempo na cozinha, o preto falando com o outro homem sobre coisas que Kelvin não entenderia nem se esforçando ao máximo e o loiro conversando com Dione sobre como era viver por ali.

— Pequetito, vou com o Átila conhecer os peão daqui — queria dar um selinho de despedida mas recuou afinal não sabia como o pessoal ali reagiria a isso, mas a atitude pegou mal pra Kelvin — depois vamos ter uma reunião... se cê quiser vir...

— Não vou não querido — ignorou a presença de Átila e Dione e beijou os lábios do homem — fico aqui com minha amiguinha conversando.

Na verdade nem Átila nem Dione ligaram muito pra demonstração de amor entres os dois. Antônio havia ligado dias antes dizendo que um de seus melhores peões estava indo resolver os problemas e levaria seu namorado. Deixou muito bem claro que quem os destratasse seria demitido na mesma hora. Mas a verdade era que ali todo mundo cuidava de sua própria vida.

— E aí Di? posso te chamar de Di né? — a mulher assentiu e ele continuou — como andam as coisas por aqui?

Estavam apenas os dois na cozinha e Kelvin resolveu ajudar com a comida.

— Ah tá tudo muito estranho, parece coisa mandada viu? só nesse ultimo mesmo morreu do nada umas três plantações, acho que por isso chamaram seu esposo, dizem que ele é muito bom no que faz e entende dessas pragas cómo ninguém.

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