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Foi Kelvin quem teve a ideia de mandar o amis rápido possível um caminhão com ordem de botar tudo o que houvesse na casa dos pais de Ramiro dentro, e trazer eles e o garotinho junto, antes que ele mudassem de ideia.

Acontece que o loiro se acostumou com a ideia de ter uma família, de ter figuras paternas e ter um irmãozinho, tinha saudade deles e tentava convencer por telefone a sogra, de que perto deles seria mais fácil.

'Cê vai me perdoar Kevinho, mas eu não sirvo pra essa vida de madame'

'Sogra, que besteira, Rams e eu vamos amar receber vocês três aqui, a casa é grandona cabe todo mundo aqui, mas se não se sentir confortável, a gente tem algumas casas aqui perto, tem uma casa lindinha perto do viveiro, a gente já morou lá, antes do Ramiro receber a herança'

'Deus me livre guarde morar perto de viveiro'

A mulher arrumava empecilho pra tudo, então o genro decidiu ficar pelo menos um tempinho sem mencionar nada sobre a mudança deles. Mas por uma infelicidade do destino (Kelvin não diria a ninguém que quase pulou de alegria) a casa deles deu um problema na afiação por conta da chuva, ficou impossível de morar lá.

Aceitaram a mudança com a condição de morar na casa do viveiro que Kelvin havia mencionado antes e só por um pequeno período, logo que resolvessem o problema voltariam.

— Amor, acha que eles vão gostar? — tinham acabado de redecorar a casa que agora seria de seus pais — ta tudo lindo mas eles podem não se sentirem em casa né?

— Claro que vão amar, meu lindo — foi até onde estava o noivo e o beijo na testa — tá tudo perfeito, cê vai ver, vão querer ficar aqui pra sempre.

Era o que Kelvin desejava, ultimamente vem sentindo um vazio. Não que a presença de Ramiro não o alegra, mas sentia a casa grande demais para os dois, sentia que cada canto poderia ganhar um novo significado com mais gente ali, por enquanto parecia que ainda estavam na casa dos La Selva.


*

Ambos estavam ansiosos, já era pra mudança ter chegado. Kelvin ficou ainda mais nervoso quando entrou no quarto sem aviso e Ramiro escondeu na velocidade da luz algo debaixo do travesseiro, não conseguiu ver do que se tratava. O que o preto poderia estar escondendo dele?

O peão percebeu que o loiro viu ele escondendo seu caderno de rabiscos e ficou incomodado, após o acontecido ficou calado e quando Ramiro perguntava algo, respondia com respostas curtas.

— Pequetito? — estavam na varanda esperando qualquer sinal do caminhão.

— Ahn?

— Tá brabo comigo por que amorzin?

— Que porra era aquela que você escondeu debaixo do travesseiro?

Não queria se aborrecer e começar uma briga pouquíssimo tempo antes dos sogros chegarem, mas todos estão de prova que foi Ramiro quem começou perguntando.

— Nada importante, meu pitico.

Se ajoelhou em frente ao homem que estava sentado em uma das poltronas na varanda, beijou seus dois joelhos e fez sua melhor cara de cachorrinho sem dono para amolecer seu amado e não ter que revelar o que era aquilo.

— Ou me fala ou é greve de sexo pelo resto da vida, até o dia que me contar.

— São rabiscos, meu bem, escrevo sem parar lá sempre que tenho tempo — disse sinceramente — se quiser eu mostro, mas eu não quero que você veja, é só bobagem e eu tenho vergonha.

— Rams, tudo bem, não precisa me mostrar — puxou o preto pela barba para lhe dar um beijo — a gente já conversou sobre, você foi contra mas eu vou trazer o assunto de volta, não fica bravo viu?

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