antes da hora

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Estavam a tempo demais naquela fazenda, Kelvin já andava de um lado pro outro, entediado.

Depois do pedido de casamento fizeram as pazes rápido demais, isso era bom, transavam o tempo todo e isso era ótimo mas quando Ramiro saía pra resolver coisa da bendita fazenda a falta do que fazer tomava conta e ele se sentia mal.

Por falar em se sentir mal, no quinto dia deles ali Ramiro teria que supervisionar a aplicação do veneno nas plantações e não voltaria tão cedo, sendo assim comunicou ao noivo que iria dar uma volta com Dione na cidade, estava animado pra comprar coisas e principalmente renovar ele mesmo o guarda roupas do preto.

— Di, olha esse conjunto que fofo, meu deus o Rams vai ficar lindo...

— Vai mesmo - quero dizer... acho que vai servir!

— Sabe Di, acho você muito jovem pra trabalhar assim...não tem vontade de estudar? — Kelvin realmente se preocupava com a garota já que gostava muito dela — não que eu seja um grande exemplo de alguém que segue seus sonhos...

— Não, nunca gostei de estudar eu quero mesmo é casar, ter filhos, cuidar da casa e do meu marido.

Ficou calado mas arregalou os olhos. Se Iná estivesse ali teria soltado um 'CRUZ CREDO, deus me livre, prefiro ser puta o resta da vida' já Kelvin abominava as duas opções, preferia a cumplicidade, amizade, sexo bom, conversas absurdas, conversas produtivas e tudo que tinha com Ramiro.

— Já eu quero voltar pra escola, vou levar meu amor junto — dizia andando distraído pela rua cheia de gente — quero fazer roupa...ser um estilista e o Rams quer escrever livros.

A garota soltou uma risada como se duvidasse de seus sonhos e achasse mais inalcançável impossível.

— Pode ri, quando abrir uma revista e ver nós dois ricos e lindos vai engolir esse riso ai viu?

— Desculpa, eu respeito o sonho de vocês...mas não acha melhor ter os pés no chão e viver uma vida simples?

— É o que a gente vive agora, mas quem sabe um dia né? o Ramirinho aprendeu a ler e escreve quase tudo já, é um grande passo, ele vai longe e eu tô tão orgulhoso!

Dione se emocionou com as palavras de Kelvin, a forma que ele falava de Ramiro era carregada de amor, carinho e respeito, esperava ser amada assim algum dia. Abraçou Kelvin pela cintura e saíram rindo até a próxima loja.

Quando chegaram na fazenda horas mais tarde Kelvin quase bateu o carro quando viu uma figura esguia na varanda conversando com seu homem. Átila estava junto, mas era com Ramiro que aquele idiota conversava.

— Di, você vai testemunhar a meu favor no tribunal tá?  — saiu do carro batendo a porta e chamando a atenção dos homens na varanda — vou matar esse calhorda hoje mesmo.

Ramiro viu Kelvin chegando mas com as notícias que Daniel trouxe não se preocupou em enxergar em seu olhar a fúria. Nem o próprio La Selva conseguiu ligar pra chegada do 'rival'.

Mas as circunstâncias não poderiam parar o loiro afinal ele nem estava sabendo de nada, então fez o óbvio, o que já havia avisado que faria caso Daniel ficasse a menos de cem metros do seu homem. Chegaria no soco - se Ramiro não tivesse se antecipado em segurar ele antes.

— Para com isso Kelvin — disse o peão segurando o noivo e o afastando de Daniel que chorava.

— Tudo bem, eu vou indo, preciso chegar lá o mais rápido possível.

— Cuidado com a estrada...você não está bem, não quer ir com a gente no carro?

Que porra é essa? Ramiro perdeu o amor na vida mesmo? oferecendo carona pra esse idiota?

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