Capítulo 2

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Narradora

Após o pequeno incidente com a Malia, a Kylie continuava parada em frente ao espelho, a sua respiração estava descompensada e tão pesada, que ela sentia uma dor imensa a percorrer-lhe o peito. Fechou as suas mãos e descontou toda a sua fúria na mesa, que não se partiu, por pura sorte. Ela não entendia o porquê do aparecimento daquela súbita raiva, afinal, a doce sensação, ainda, percorria todo o seu corpo, era suposto ela estar no seu mundo das maravilhas, mas a Malia estragou tudo. 

Num impulso, a Kylie pegou na sua mochila e desceu as escadas, fazendo questão de dar passos barulhentos e firmes, assustando a causadora da sua raiva momentânea. Rapidamente, prendeu a Malia entre o seu corpo e a parede gelada, fazendo com que a mesma se arrepiasse ao sentir o frio tocar, levemente, nas suas costas. 

O coração da Malia disparou, quando os olhos vermelhos da Kylie a observavam com fúria.

- Baker! Esquece o que viste, hoje! -  a mais velha ordenou.

- Tu precisas de ajuda...- a mais nova suspirou, enquanto o seu olhar se mantinha vidrado no chão.- Ai! - choramingou assim que sentiu a mão de Kylie apertar o seu pulso com força.

- Se tu contares a alguém o que viste hoje, eu acabo com a tua vida!- a Kylie ameaçou a Malia e à medida que as suas palavras iam saindo da sua boca, a sua força ia aumentando, magoando cada vez mais o pulso da mais nova. Num movimento brusco a mais velha soltou o pulso da Malia e saiu de sua casa, fechando a porta com toda a sua força, o que provocou um estrondo que fez a mais nova estremecer.

Novamente, a Malia ficou paralisada, segurando o seu pulso, que estava roxo devido ao áspero contacto, as lágrimas escorriam pelo seu rosto e a sua mente transformou-se numa verdadeira tempestade de questionamentos e dúvidas.

Pov Kylie

Eu não preciso de ajuda, eu não sou viciada, simplesmente, gosto de sentir o efeito que as drogas causam em mim. Elas deixam-me leve, transportam-me para o mundo da felicidade.

As pessoas não me podem condenar por querer ser feliz! Eu sou, constantemente, assombrada pelos fantasmas do meu passado, eles perseguem-me por todo o lado, quando eu acordo, quando eu durmo, quando eu ando por aí...A única alternativa que encontrei para os afastar foi as drogas...elas fazem-me viver, quando se ausentam de mim, eu, apenas, sobrevivo.

Eu tenho consciência que aos olhos do mundo, eu sou uma delinquente, rebelde, que faz o que faz para chamar à atenção, mas essas pessoas que julgam são aquelas que nasceram com sorte. 

A Malia, por exemplo, é uma pessoa cheia de sorte, desde pequena que era amada por todos, teve a vida facilitada e é por isso que ela me julga, sem tentar me compreender. Todo esse mundo perfeito onde ela mora me irrita e a sua vontade de querer fazer sempre o que é correto, acende a raiva que habita em mim...

Se ela contar a alguém...eu acabo com a vida dela, ela não tem o direito de acabar com a minha e não sofrer nenhuma consequência.

Narradora

A Kylie tinha uma ideia errada da sua amiga de infância, para ela a Malia vivia num mundo perfeito, pintado em tons de rosa, onde não existia sofrimento e onde a felicidade reinava, um mundo que ela invejava. 

Será que a vida da Malia era assim tão perfeita? Viver solitária na própria casa... ter sofrido bullying durante a sua adolescência...sofrer de ansiedade...fazem parte de um mundo perfeito?

Ambas têm muito em comum, mas escolheram caminhos distintos, a Kylie escolheu o mais fácil, escapar dos problemas, já a Malia preferiu enfrentá-los...

Autora

Este capítulo é mais pequeno do que o anterior, vou tentar que os próximos sejam maiores! 

Espero que gostem, até ao próximo capítulo!

Between Love and DrugsOnde histórias criam vida. Descubra agora