Capítulo 10

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Narradora

O seu corpo balançava de um lado para o outro, os seus pés não sentiam o chão, eles caminhavam sobre telhados de vidro, que poderiam despedaçar-se a qualquer instante.
A sua mente ansiava por sentir a doce sensação ocupar o lugar dos conhecidos fantasmas.
O seu coração palpitava descordenadamente, precisava, urgentemente, de um sedativo, se não saltaria para fora do peito e contaria ao mundo a sua história, os seus verdadeiros sentimentos e mostraria as suas cicatrizes.
A Kylie estava tensa, não conseguia pensar em mais nada, a não ser saciar a sua vontade. Ela não aguentava mais suportar todos os seus problemas, não aguentava mais sofrer nenhuma desilusão e para não cometer um crime, consumir era a melhor opção. Imaginem se ela resolvesse matar alguém? Seria bem pior, pelo menos era o que ela pensava.

O destino ama brincar com as pessoas e ele tem sido bastante covarde com a Kylie e com a Malia. Voltou a aproximá-las, nas últimas semanas, mas depressa estragou tudo. A sua sede de arruinar todas as histórias de amor, era tão grande quanto a vontade de consumir da Kylie.

Desesperada ela ligou para o Peder, que amigávelmente lhe vendeu o que ela precisava. Estranho não é? Depois de tudo o que aconteceu...
Ele tinha um plano, juntou-se ao destino, para prejudicar a Kylie e a Malia.

Enquanto a Kylie se permitia entrar no seu mundo da felicidade, o Peder filmou tudo e enviou para a Malia, que não viu a mensagem, por estar, imensamente, ocupada com o seu amigo. Sim, o mesmo que era citado nos primeiros versos da música que a Kylie escreveu e que ninguém, além do professor, ouviu e parece que nunca a iremos ouvir... Como é que ela poderia cantar a sua história de amor, se a mesma se repetia outra vez? Maldito destino!

*Vamos voltar atrás no tempo*

Regressar ao passado mexeu muito com a Kylie, na manhã seguinte, ela acordou com a ansiedade a sossurrar-lhe ao ouvido palavras maldosas.

A Kylie apressou-se para chegar à faculdade, não queria encontrar a Malia, queria apenas entregar a música ao professor e pedir-lhe que não a mostrasse a ninguém. O professor cedeu ao seu pedido e guardou a música como se fosse o seu maior tesouro.

A Malia perguntou à mais velha se tinha conseguido compor a música, ela respondeu que sim e que já estava com o professor.

Pov Malia

Eu não consigo compreender as atitudes da Kylie, ela é tão imprevisível, nunca sei o que esperar dela. Isso deixava-me muito receosa e desconfortável.
Eu insisti tanto e mesmo assim ela não me deixou ouvir a música, aposto que ela não a fez e copiou algo da internet. Afinal, ela não sabe o que é o amor, como poderia descrevê-lo numa música?
Se eu sei descrever o que é o amor? Não, acho que ninguém, realmente, o sabe descrever, por que eu saberia?

Neste momento, estou na sala de dança, a praticar a coreografia. A minha fisioterapia terminou e eu preciso de ensaiar e praticar muito, para alcançar o nível dos meus colegas.

A frustração comandava a minha mente, pois o meu corpo não obdicia aos meus movimentos, eles saiam descordenados, fazendo uma dança engraçada e não uma dança séria, parecia e madura. Eu parecia uma criança que estava a aprender a dançar pela primeira vez.

Olhei para o meu reflexo no espelho, respirei profundamente, fechei os olhos e deixei-me levar pela música, porém, devia estar a dançar pessimamente, mais uma vez, já que uma risada ecoou pela sala. Eu conhecia bem este som, abri os olhos e olhei para o espelho, observei o reflexo da Kylie, que ainda ria de mim.
Lancei-lhe o meu olhar de reprovação através do espelho e ela parou no mesmo instante.

- Precisas de alguma coisa? - perguntei cruzando os braços e com um tom de voz nada amigável.

- Eu não...mas acho que tu precisas de ajuda. - ela disse se aproximando do meu corpo, eu estremeci com a sua atitude.- Se quiseres posso ensaiar contigo...- sussurrou ao meu ouvido. O meu coração acelerou por senti-la tão perto e era quase um crime sentir a sua respiração contra o meu pescoço.

- Eu não preciso de ajuda, eu consigo... só preciso de me concentrar. - fugi dela e fui para o outro lado da sala. Encarei o meu reflexo, novamente, fechei os olhos, ignorando a presença da Kylie e comecei a movimentar o meu corpo, que estava tenso.

O meu coração parou de bater, no momento em que a Kylie ficou atrás de mim, segurou na minha cintura e sussurrou, mais uma vez, ao meu ouvido:

- Sente a música, deixa-a entrar no teu corpo e comandar os teus movimentos.- as suas mãos nunca soltaram a minha cintura, que, incrívelmente, começou a movimentar-se mais coordenadamente.

Narradora

A dança aproximou as duas, a Kylie começou a ajudar a Malia, ela queria que a mais nova brilhasse e que evoluísse.

Elas não sabem como, nem o destino esperava por isso, estavam cada vez mais próximas. Viam-se todos os dias, ofereciam sorrisos tímidos uma à outra, os seus olhares cruzavam-se, automaticamente, formando pequenas faíscas.
A vida tinha se tornado mais leve para ambas, quase que se esqueceram de tudo o que passaram.

Finalmente, tudo estava no seu devido lugar, elas estavam a caminhar lado a lado, tornando a sua amizade mais forte e despertando algo que estava adormecido. Lembram-se do que é?

É uma pena que o destino seja um autor cruel e que não gosta de finais felizes... pelo menos, enquanto, tiver vontade brincar com os sentimentos e com os corações de quem se mostra frágil, perante o mundo.
Será um péssimo autor por repetir um pouco da história? Ele não se importa, a vida é imprevisível, tudo muda, num piscar de olhos...
Devemos tentar compreênde-lo, se ele escreve desta forma, é porque tem um motivo...mas...fazer com que a Kylie visse a Malia com o seu "amigo", no quarto?
Era uma brincadeira muito maldosa....e o pior é que ele não segurava só as mãos da Malia, os seus lábios sentiam a doce textura dos lábios dela....e a Kylie? Bem, deixou as rosas vermelhas morrerem, espalhadas pelo chão....

Autora

Maldito destino!

Este é o capítulo de hoje, espero que gostem!

Até ao próximo capítulo!!!

Between Love and DrugsOnde histórias criam vida. Descubra agora