Capítulo 12

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Narradora

A raiva é um sentimento que adormece o nosso corpo, para o poder controlar na totalidade. Ela infiltra-se no nosso sangue e comanda todas as nossas ações, desejos e impulsos.
Deixa-nos cegos e derrubamos tudo o que possa aparecer, mesmo sem querer...

- Conta a verdade - a Morgan ordenou, enquanto encurralava o Peder contra a parede. O Peder sorriu de lado, um sorriso provocador, que aumentava a raiva que comandava o corpo da Morgan. - FALA! - ela gritou, pensando que iria assustar o Peder, no entanto, ele soltou uma gargalhada.

- Nós descobrimos tudo! - a Ruby disse com o seu tom de voz firme. Ela filmava tudo o que estava a acontecer.

A Ruby e a Morgan não sabiam o que tinha acontecido, mas pensaram que se fingissem saber, o Peder iria confessar, mas não correu como esperavam. A tarefa de descobrir a verdade não iria ser fácil...

O Peder foi mais ágil do que a Morgan e escapou, a sua gargalhada soou pelo corredor, tornando-se mais silenciosa à medida que ele se afastava.

A Morgan fechou as mãos, demonstrando a sua frustração e os seus olhos estavam pintados num tom castanho escuro, tão escuro que a Ruby sentiu um arrepio.

- Calma, Morgan! Nós vamos encontrar uma solução....

A Morgan e a Ruby precisavam de pensar, precisavam de tempo...mas e se o tempo não quiser esperar por elas?

A Malia tinha acabado de chegar à faculdade, o seu rosto denunciava o sofrimento que insistia em habitar dentro dela. Normalmente, ela entrava com um sorriso, hoje, ele não apareceu, ficou refugiado nas suas mágoas.

Ela não falou com a Kylie desde que viu o vídeo, estava desiludida...
Sentou-se no chão da sala de dança, recordando os bons momentos que passou ali com a mais velha. Todos os sorrisos tímidos, todos os olhares cúmplices, todos os batimentos sincronizados dos seus corações. Como é que ela podia gostar tanto de alguém que a destruíu tantas vezes e voltou a fazê-lo?

A Malia olhava para o teto, tentando esvaziar a sua mente, esperava que ninguém entrasse naquela sala, precisava de estar sozinha, mas não foi a única a ter essa ideia.

Ela estava de olhos fechados, quando sentiu um perfume que ela tanto amava penetrar as suas narinas e acelerar o seu coração, mordeu o lábio, receosa, antes de abrir os seus olhos lentamente.

A Kylie estava parada à sua frente, com uma expressão fria e de nojo, o seu olhar julgava a Malia da cabeça aos pés...ela não falou com a Malia, estava tão desiludida que as palavras fugiram da sua boca...achou melhor virar costas e ir embora, mas a voz trémula da Malia estragou o silêncio, assustador, que permanecia, na sala de dança.

- Kylie, porquê? - a mais nova perguntou libertando o choro que estava a tentar segurar desde aquela manhã.

A Kylie respirou fundo, antes de observar a mais nova, ela inspirava e expirava, tentando controlar os seus movimentos, não queria ser impulsiva e maltratar a Malia, ela já não era essa pessoa

- Porquê Kylie? As drogas... porquê? - as palavras da Malia era espaçadas pelos seus soluços, quase não faziam sentido.

A Kylie surpreendeu-se com a pergunta que tinha acabado de ouvir, ganhou coragem e encarou a Malia, que tinha os olhos inchados devido ao seu choro compulsivo. Os olhos da mais velha seguravam lágrimas de desilusão, assim que, as imagens da Malia a beijar o seu querido amigo, perturbaram a sua mente.

- Porquê? - a mais velha, finalmente, conseguiu dizer algo. Respirou fundo e continuou- Eu é que tenho uma pergunta para te fazer....- respirou fundo mais uma vez, fechando as mãos com força. O seu olhar era vazio e poderia congelar qualquer pessoa que ousasse encará-lo. - Por que é que beijaste aquele idiota?

O choro da Malia sessou, devido à surpresa, ela não se lembrava de ter beijado ninguém...a Kylie só podia estar sobre o efeito das drogas e não sabia o que estava a dizer.

- Estiveste a consumir? - a Malia perguntou, inocentemente- Eu não beijei ninguém...as drogas não te fazem bem Kylie... uma pessoa viciada tem recaídas, tu precisas de ajuda...- afirmou com receio da mais velha.

A Kylie ficou frustrada e sentiu a tal raiva inserir-se no seu sangue e comandar as suas atitudes.

- EU NÃO ESTOU VICIADA! EU VI MALIA! - gritou, assustando a mais nova que deu um passo para trás. Ao ver a reação dela a Kylie arrependeu-se de ter gritado, respirou fundo, com alguma dificuldade. - Eu consumi porque te vi a beijar o Dylan. - confessou, mais calmamente, porém, os seus olhos denunciavam a dor que ela sentia ao relembrar o momento.

- Eu não estou viciada Malia...Quer dizer até posso estar, mas eu estou a cuidar de mim, estou a tentar parar...- as lágrimas deslizavam pelo seu rosto, encharcando as suas bochechas avermelhadas. - Mas eu não consegui me controlar, Malia...Eu pensei que já estava tudo bem....e tu voltaste a repetir o momento que arruinou a minha vida, voltaste a beijá-lo e eu vi tudo, atrás da porta....

A Malia não compreendia o que a Kylie estava a dizer, de que momento ela estava a falar?

- Que momento? - sussurrou. O olhar da Kylie cruzou com o seu e a tensão entre eles era palpável.

A Kylie não respondeu à pergunta da Malia, o silêncio voltou a estar presente e a Kylie foi-se embora, deixando a Malia sozinha, com os seus pensamentos...

A Malia destruiu a sua vida e não sabia, a Kylie destruiu a da Malia e sabia disso, qual das duas é maior culpada, por esta história de amor ser escrita desta forma?

Talvez, o destino não seja o único culpado...talvez o Peder não seja culpado...talvez o Dylan não tenha culpa...talvez o tempo não tenha de parar....talvez o amor delas não tenha sido criado para ser vivido, mas sim, só para ser sentido...bem levemente, até permanecer adormecido...

Lembrem-se nem todas as histórias de amor têm uma final feliz...

Autora

Consegui escrever mais um capítulo, espero que gostem!!

Até ao próximo capítulo!!




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