Jessie ficou paralisada por um momento ao ver Cinco. Ele estava exatamente igual ao dia em que desapareceu. Ela piscou algumas vezes, tentando processar o que via.
- Cinco!? Você... está vivo. Eu achei que você tinha morrido - disse Jessie, com uma expressão que misturava descrença e um toque de alívio.
Cinco desceu mais alguns degraus, com um olhar fixo e intenso sobre ela. - Pelo visto, não - ele respondeu, sem tirar os olhos de Jessie.
Vanya, parada ao lado, observava a cena, sentindo o ar ficar mais pesado a cada segundo. Ela sabia que aquele reencontro não seria fácil, mas a tensão era palpável. Jessie parecia nervosa, e Cinco, desconfiado.
- Você... está igualzinho - disse ela, cruzando os braços e mantendo um tom mais frio. - Como é que você ainda parece um garoto?
Cinco deu um sorriso irônico. - Longa história. Parece que nem todos nós envelhecemos como gostaríamos.
Jessie bufou. - É, porque você sempre foi tão normal, né? - O sarcasmo em sua voz era evidente.
Cinco inclinou a cabeça, estudando-a. - Não vai perguntar por que sumi todos esses anos?
Jessie sentiu um nó se formar em seu estômago, mas seu rosto permaneceu impassível. Ela não queria demonstrar o quanto isso a incomodava. - Não, Cinco. Na verdade, eu tenho coisas mais importantes pra fazer agora. Minhas malas estão esperando lá em cima. - Jessie deu meia-volta, já subindo os degraus, sem olhar para ele.
Cinco estreitou os olhos, um pouco frustrado com a resposta evasiva. - Isso não importa, Jessie? Depois de tudo?
Vanya, ainda parada ali, finalmente interveio, com a voz calma mas firme. - Cinco, ela acabou de chegar. E o papai... ele morreu. Dá um desconto, tá? - Seu olhar passava de Jessie para Cinco, tentando equilibrar a tensão.
Jessie parou no meio da escada, sem se virar para encará-lo. - Depois do velório, a gente conversa. Ou não. Quem sabe? - Sua voz era firme, mas qualquer um poderia perceber o leve tremor, denunciando a mistura de raiva e dor.
E com isso, ela continuou subindo, deixando Cinco para trás, sentindo o peso do que estava por vir. Vanya olhou para Cinco, esperando que ele entendesse a situação e, talvez, aliviasse o tom.
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- Valeu, Vanya. Já já eu desço.
Vanya assente com a cabeça, dá um leve aceno e sai do quarto, dando privacidade à irmã. Jessie olha ao redor, observando cada detalhe daquele quarto que guarda lembranças tanto boas quanto ruins. Ela caminha até o antigo guarda-roupa, abre suas portas e começa a vasculhar as coisas que colecionava quando mais nova. Uma coleção de quadrinhos, alguns "emprestados" de seus irmãos, está amontoada em um canto. Entre eles, encontra vários acessórios que ganhou de Allison - pulseiras coloridas, uma tiara com estrelas, colares que nunca saíram de moda para ela.
Jessie segura alguns desses itens por um momento, sentindo uma nostalgia pesada, misturada com a dor de tempos passados. Com um suspiro, decide deixar tudo no lugar. Ela joga sua mala para debaixo da cama, onde ficaria escondida e fora de vista. Endireitando-se, ela se recompõe, ajeita o cabelo, e, após um último olhar ao redor, sai do quarto para se juntar aos outros.
Todos se reuniram nos fundos da mansão para jogar as cinzas de Reginald. O céu estava coberto por nuvens densas, e uma chuva fina caía sem parar. Os irmãos estavam de pé, segurando guarda-chuvas, enquanto Pogo, o mordomo chimpanzé, dava início à cerimônia.
- Pode começar, meu caro - disse Pogo, sua voz firme, mas carregada de emoção.
Luther deu um passo à frente. Ele ergueu a urna e, com um gesto lento, virou-a, espalhando as cinzas de Reginald. Mas com a chuva, elas se aglomeraram, caindo pesadas na grama encharcada.
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𝕿𝖍𝖊 𝖀𝖒𝖇𝖗𝖊𝖑𝖑𝖆 𝕬𝖈𝖆𝖉𝖊𝖒𝖞 • ℕ𝕦𝕞𝕓𝕖𝕣 𝕊𝕖𝕧𝕖𝕟
FanfictionPara todas as iludidas que sonham com um par romântico para Cinco e que ficaram furiosas com a 4ª temporada, é melhor se preparar para uma dose de realidade. Sério, o que foi aquilo? Se você esperava algo que não fosse um desastre absoluto, talvez s...