A chuva caía incessantemente sobre a cidade, transformando os becos escuros em rios de escuridão. O som das gotas batendo nas calçadas e telhados criava um ritmo sombrio, quase hipnótico.
Jessie emergiu de um portal azul, como se o próprio céu a tivesse expulso. Ela atingiu o chão com um baque surdo, o nariz sangrando, arranhada e sem forças. O zumbido em seus ouvidos e a visão turva a assaltaram, enquanto o gosto de sangue e chuva misturava-se em sua boca.
— Merda! — murmurou, tentando se erguer com as poucas forças que lhe restavam.
Um jornal voou pelo ar, dançando ao sabor do vento. Jessie estendeu a mão trêmula e o apanhou, forçando os olhos a se concentrarem na data:
"12 de Novembro de 1963."
A tontura a atingiu como um golpe, e Jessie caiu de joelhos, percebendo seus ferimentos. Seus cabelos ruivos estavam encharcados, grudados ao rosto pálido.
— Por que a cura não funciona? — sussurrou, sentindo-se cada vez mais fraca, a escuridão envolvendo sua visão.
Finalmente, a exaustão a dominou, e ela desmaiou, o jornal caindo ao seu lado, agora molhado.
Enquanto Jessie jazia inconsciente no beco, um homem de cabelos desgrenhados e castanhos, com um corte típico dos anos 60, a observava da janela do seu apartamento. Ele aparentava ter cerca de 30 anos, e seu olhar era uma mistura de curiosidade e preocupação. Equipado com uma câmera antiga, ele começou a registrar o momento, cada clique revelando a intensidade da situação.
Ao perceber que Jessie não acordava, o homem hesitou, mas o instinto de ajudar prevaleceu. Ele pegou um guarda-chuva e desceu as escadas apressadamente, aproximando-se dela.
— Ei, moça! Você está bem? — chamou, mas não recebeu resposta. Um leve cutuco com o pé foi o próximo passo, e ao virar Jessie, seu rosto pálido e machucado o fez recuar, surpreso.
A chuva continuava a cair, o som das gotas se misturando ao seu coração acelerado. Ele respirou fundo e, apesar do medo, decidiu pegar Jessie nos braços, levando-a para seu apartamento.
— O que aconteceu com você? — murmurou, enquanto subia as escadas, a adrenalina pulsando em suas veias.
Ao entrar em seu apartamento, ele a colocou no sofá, cobrindo-a com um cobertor, seu olhar preocupado fixo na jovem que jazia ali. Jessie permanecia inconsciente, e o homem não sabia se ela estava morta ou viva.
Elliot voltou a se acomodar na poltrona em frente ao sofá, o rifle repousando em seu colo como um amuleto contra o desconhecido. Algo na presença daquela garota, misturado a murmúrios incompreensíveis, despertava nele um misto de medo e curiosidade.
Jessie mexeu-se um pouco, o rosto contorcido em um murmúrio de dor e febre. A cada movimento, Elliot estremecia, seu coração acelerando. Ele então percebeu o sangue escorrendo de uma das feridas que ela havia reaberto. Com um suspiro, levantou-se para pegar o kit de primeiros socorros.
Com movimentos cuidadosos, ele começou a desinfetar o corte aberto, tentando não pensar na origem incomum daquela jovem. Jessie se encolheu, seu rosto pálido contorcido em uma expressão de dor.
— Desculpe... só vai demorar um segundo — disse Elliot, em um tom baixo, tentando soar tranquilizador, embora estivesse tão nervoso quanto ela.
A cada toque, Jessie sussurrava palavras desconexas, e ele achou que ouviu o nome de alguém. Ele continuou seu trabalho, com as mãos trêmulas e a mente inundada de perguntas. Quando terminou, deu um passo para trás, examinando-a por um momento. O silêncio só era quebrado pelo som suave de sua respiração e pela chuva que batia contra a janela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝕿𝖍𝖊 𝖀𝖒𝖇𝖗𝖊𝖑𝖑𝖆 𝕬𝖈𝖆𝖉𝖊𝖒𝖞 • ℕ𝕦𝕞𝕓𝕖𝕣 𝕊𝕖𝕧𝕖𝕟
FanfictionPara todas as iludidas que sonham com um par romântico para Cinco e que ficaram furiosas com a 4ª temporada, é melhor se preparar para uma dose de realidade. Sério, o que foi aquilo? Se você esperava algo que não fosse um desastre absoluto, talvez s...