capítulo 1

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Scarlett Black~

Os gritos ecoavam pelos corredores da casa, reverberando nas paredes como uma maldição eterna.

encurvada sob o peso de meus medos, eu me escondia em um canto de meu quarto, o coração batendo freneticamente contra o peito.

Mal conseguia respirar, o choro estalava em minha garganta sem parar.

As sombras das brigas que aconteciam no andar de baixo dançavam nas paredes da pequena cela que eu chamava de lar.

A casa, uma construção antiga com janelas empoeiradas e pintura descascada, tinha um ar de decadência que se refletia na vida de seus moradores.

O barulho das portas se abrindo e fechando, os insultos, e o som de objetos quebrando eram uma sinfonia cruel que eu conheço bem.

Meus pais, consumidos por seus próprios demônios e rancores, transformaram o lar em um campo de batalha constante, onde a violência e o abuso eram apenas o começo de minha tortura diária.

Tenho apenas 9 anos, mas  havia aprendido a viver em silêncio, por mais que minha mente não fosse nada silenciosa.

Cada dia, eu me esforçava para evitar o que não podia controlar: o olhar furioso e cheio de malícia do meu pai e o desdém constante da minha mãe junto de sua fúria sobre mim.

Minhas noites eram passadas em vigília, esperando o momento em que a fúria deles encontraria meu alvo.

Os contos de fadas que eu havia lido quando criança pareciam tão distantes quanto estrelas cadentes, ofuscadas pela realidade brutal que me cerca.

O som dos passos no corredor me trazem de volta a dura realidade.

Meus pais estavam se aproximando.

Porque isso...

Fecho os olhos, tentando me desligar da dor que me envolvia.

O futuro depende apenas de você Scarlett.

Lembro das palavras que meu avô me disse uma vez enquanto jogávamos xadrez.

Eu adorava jogar contra meu avô, ele era um adversário impressionante.

Sim vovô... Assim como uma partida de xadrez, eu moverei as minhas peças de pouco em pouco até a vitória.

Lágrimas começam a descer de meus olhos sem eu ter o menor controle.

Vovô... Eu sinto tanta falta do senhor.

Logo escuto um barulho alto, a porta de meu quarto havia sido aberta brutalmente pela minha mãe.

Não ouso a encarar nos olhos.

Mamãe não gosta disso.
Mamãe odeia isso.
Ela diz que tenho os mesmos olhos de meu pai.

Logo ela se aproxima e segura meu cabelo me jogando no chão.

Não ouso revidar, isso só vai pior a situação.

Pelo menos não é meu pai.

Não gosto quando ele me toca.
Ele me olha de uma forma estranha, sinto nojo de mim mesma.

Minha mãe logo bate minha cabeça contra o chão.

Ela adora descontar sua raiva em mim.

- SCARLETT PRESTA ATENÇÃO! - ela aproxima meu rosto do dela puxando meu cabelo mais fortemente, sinto meu couro cabeludo se rasgar por causa de suas unhas - O que eu falei em?

Rainha Negra: o jogo da vingança Onde histórias criam vida. Descubra agora