capítulo 7

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Na faculdade de Direito, eu tentava me concentrar nos estudos.

O ambiente acadêmico era uma fuga do caos que eu carregava dentro de mim.

Porém, a paz que eu buscava na rotina dos livros de direito era interrompida no momento em que meus olhos cruzaram com os de Damien.

Damien o que será que você esconde... Quais são os segredos que você guarda.
Seus olhos são frios e carregam uma maldade algo terrível.

Mas ao mesmo tempo eles brigam como uma chama perigosa.

Damien não era o tipo de pessoa fácil de ignorar. Sua presença dominava o ambiente, e havia algo nele que me fazia querer manter distância. Talvez fosse o olhar frio e penetrante ou a arrogância que exalava com cada gesto. Acabo o encontrando no corredor, o choque de nossas personalidades sendo quase palpável.

— Você acha que pode simplesmente passar sem pedir licença? — A voz de Damien era baixa, mas cortante, enquanto ele bloqueava meu caminho.

Paro, sentindo a raiva borbulhar sob minha pele. Eu não ia ser intimidada por ele, não depois de tudo o que já tinha passado.

Por algum motivo algo nele me irritava profundamente.

— E você acha que o mundo gira ao seu redor? — Eu retruco, os olhos faiscando - primeiramente eu nem te conheço - falo friamente.

O rosto de Damien se contorceu em um meio sorriso, um misto de surpresa e provocação.

Ninguém costumava desafiá-lo, mas eu não era como as outras pessoas que ele conhecia. Eu sou uma mistura intrigante de vulnerabilidade e força, alguém marcada pela dor, mas que ainda mantinha uma chama de resistência.

— Interessante, — ele murmurou, inclinando-se um pouco mais perto. — Vamos ver quanto tempo consegue manter essa atitude.

Ele logo solta uma risadinha.

Fico inquieta por algum motivo.

Damien não era apenas arrogante, ele carrega uma coisa muito mais obscura dentro de si, eu posso perceber isso.

Nossa discussão acabou por aqui, mas ainda assim eu sei que Damien seria uma presença difícil de se ignorar.

No fundo, eu reconhecia algo nele — uma escuridão que ecoava a minha própria. E, apesar do instinto de fugir, havia uma parte minha que queria entender esse mistério que se escondia por trás de Damien. Afinal, às vezes é na sombra que as almas mais quebradas se encontram.

As palavras afiadas de Damien ainda ecoavam em minha mente enquanto eu seguia de volta para o apartamento minúsculo que eu chamo de lar.

Ao abrir a porta de meu quarto, algo estranho chama minha atenção.

Em cima da cama, um envelope de cor bege, que eu não me lembro de ter deixado ali. Meu coração acelerou, um arrepio percorreu minha espinha enquanto caminhava lentamente até o objeto. Eu não sou de se intimidar facilmente, mas havia algo perturbador naquele envelope. Meus dedos hesitaram antes de abri-lo, a ansiedade se transformando em um nó apertado no estômago.

Dentro do envelope, um único pedaço de papel, dobrado com precisão. As letras eram escritas à mão, com uma caligrafia elegante, quase antiga. Mas o conteúdo me fez congelar.

“Você sabe a verdade sobre a morte de seu avô. Mas não sabe tudo. Cuidado com quem você confia. Alguém está mais perto do que você imagina.”

Senti o ar escapar de meus pulmões. Eu sabia sobre a morte de meu avô, um homem que, ao menos na superfície, sempre fora distante e enigmático. Haviam rumores, cochichos abafados por trás de portas fechadas, sussurros sobre traição e vingança. Eu havia aprendido a ignorá-los para manter minha própria sanidade, mas agora o passado voltava para me assombrar de uma maneira que eu não podia mais evitar.

Eu sabia que meu avô tinha sido assassinado...

Olho ao redor do quarto, meu coração martelando no peito.

Como alguém conseguiu entrar ali? E quem sabia tanto sobre a minha vida? Um stalker? Alguém obcecado por meu passado, por minha dor? A ideia de estar sendo observada, de que alguém saber coisas que eu mesma não queria encarar, me deixava vulnerável. Quem poderia ter deixado aquele bilhete? E o que mais esse desconhecido sabe?

Minha cabeça girava sem parar. Eu tento focar nos detalhes — o papel, a caligrafia, a precisão com que as palavras foram escolhidas. Não era uma mensagem qualquer; aquilo era pessoal. Muito pessoal.

Eu sei que estou em perigo, mas mais do que isso, estou sendo manipulada por alguém que conhece meus segredos mais profundos.

Pega o meu tabuleiro de xadrez aquele que meu avô me presenteou antes de ser assassinado...

E começo mais uma partida silenciosa.

Uma peça que parece ser insignificante, pode mudar toda uma partida...

Continua...

Continua

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