capítulo 2

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Scarlett Black~

termino meu turno no pequeno café onde trabalho, estou com 17 anos, o relógio marca o fim da tarde, e as luzes da cidade começavam a acender-se, lançando uma tonalidade dourada sobre as ruas.

Eu estou cansada, mas havia algo de familiar na rotina que me proporcionava uma pequena sensação de normalidade. O trabalho meio-período era uma das poucas coisas que me davam uma breve sensação de controle e propósito, uma pausa na constante luta pela sobrevivência.

As ruas estavam se enchendo de pessoas que iam e vinham, mas eu me sentia isolada em meio à multidão. A sensação de desconexão era uma constante em minha vida, como se a escuridão que me envolvia fosse um manto invisível que me separa dos outros.

É estranha, já faz alguns dias, mas sinto a sensação de como se eu tivesse sendo observada.

À medida que eu me aproximava do prédio decadente onde moro, a tensão crescia. Sinto como se tivesse um nó em minha garganta, uma ansiedade esmagadora que se intensificava a cada passo que eu dava para a porta da minha casa.

Eu sei o que me espera.

Os gritos e as ameaças eram quase inevitáveis, e o medo de enfrentar uma nova rodada de abusos me acompanhava a cada passo.

Com um suspiro resignado, eu me preparo para o confronto inevitável, meu corpo tensando-se e minha mente se preparando para se fechar em um espaço seguro dentro de si mesma, enquanto enfrentava mais um dia no inferno que eu chamava de lar.

Entro em minha casa, o silêncio me envolveu como um abraço sombrio. A porta rangeu ao fechar-se atrás de mim, posso escutar o eco dos meus passos sobre o chão de madeira, soou mais alto do que o habitual.

Não havia ninguém em casa.
Nem uma única alma para me dar as boas-vindas, um sorriso, ou críticas e agressões.
Mas, por algum motivo, eu não sabia se deveria me sentir aliviada ou amargamente solitária.

A casa, com suas paredes escuras e cortinas pesadas, era um refúgio do mundo cruel lá fora, mas também um lugar de tormento.

As sombras pareciam se alongar nas bordas da minha visão, como se o próprio lugar estivesse vivo e observando meus movimentos.

Odeio tudo isso.

Cada cômodo guardava memórias sufocantes, lembranças de momentos que eu preferia esquecer.

Amanhã seria meu aniversário, mas ninguém havia lembrado. Assim como todos os anos anteriores, a data passava despercebida, como uma nota desafinada numa sinfonia de solidão. Eu tinha me acostumado a isso, a essa sensação de ser invisível. Mas a dor ainda latejava, sutil, profunda, como uma ferida antiga que nunca cicatriza, mas ainda sim, sempre vai estar lá, não importa o que eu faça.

Deixo minha bolsa cair no chão e me dirijo ao espelho no corredor. Meu reflexo me encarava com olhos vazios, quase como se a mulher que eu via fosse uma estranha. O tempo havia sido cruel comigo. Meus traços delicados, que antes exalavam uma beleza etérea, agora estavam marcados por cicatrizes invisíveis ao olhar casual, mas sempre presentes em minha alma.

Tudo dói, a sensação de nunca ser amada, e viver numa constante solidão estava ao ponto de me consumir.

Fui jogada em um lago sem saber nadar.

Lago da solidão.

preciso voltar à superfície sem ajuda sem nada, mas sinto que a água está invadindo meus pulmões constantemente, de uma forma lenta e dolorosa, como se eu não pudesse fazer nada contra isso.

Foi em direção a escada, a escada a cada ano estava mais decadente, ela era de madeira madeira velha, que toda vez que eu pisava em seus degraus ela fazia um barulho, mostrando que eu estava em casa para meus pais que logo vinham me atormentar, me bater, me esmurrar, me xingar, me fazer sentir a pior pessoa do mundo só por ter nascido.

Piso no primeiro degrau que logo faz um barulho, mas incrivelmente hoje não aparece ninguém.

Subo para meu quarto um lugar de solidão mas mesmo assim de conforto.

A dentro do meu quarto ligando a luz.
Fico surpresa pelo que eu encontro em cima da minha cama.

Em cima da minha cama estavam rosas brancas, tão brancas quanto o leite. pareciam pérolas tão lindas.

Eu não sabia o significado daquilo, nunca me deram nada de aniversário quer dizer é a única pessoa que me presenteou alguma vez foi meu falecido vô.

Ele havia me presenteado com meu tabuleiro de xadrez, a única coisa que ainda me confortava neste mundo, a única lembrança que estava dele que era o único que eu amava e me tratava bem.

Pego as rosas e as cheiro um cheiro doce e delicado, poderia ficar cheirando-as para sempre.

Elas carregavam uma imensa solidão. Cortadas e cheias de espinhos, mas mesmo assim eram lindas conseguiam se sobressair nessa natureza cruel e horrível.

Mas quem será que me presenteou com essas rosas...

Nada fazia sentido.

Mas quem se importa, talvez minha mãe deva ter esquecido aqui por engano, ou sei lá qual a natureza dessas rosas.

Sinto minhas pernas vacilarem então senta o chão.

Puxo o tabuleiro de xadrez velho e decadente que eu havia ganhado há muitos anos atrás.

Mesmo sendo velho, ele ainda continua sendo a melhor coisa que eu tenho em minha vida.

Começa a jogar uma partida solitária.

Após alguns movimentos novo a rainha preta para C3.

Assim matando o cavalo.

.
.
.

Logo após minha partida solitária acabar deito em minha cama.

Olho para o teto do meu quarto tentando cair no sono.
fico olhando para ele por um bom tempo.

Eu adormeço com uma sensação de vazio, algo que eu tinha aprendido a abraçar, pois a dor constante tinha se tornado uma velha amiga.

Continua...

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