10. 赤

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Heeseung desceu as escadas do quarto, seus passos firmes, mas silenciosos, como se o peso da preocupação que carregava não permitisse que ele fosse mais rápido. Fazia duas semanas desde a morte da mãe de Jake, e nesse tempo, ele mal conseguira ver o outro andar pela casa. Jake havia se isolado, trancado em seu quarto, e parecia que o mundo exterior não tinha mais significado para ele.

Heeseung, no entanto, não podia permitir que isso continuasse. Seri, impaciente como sempre, já estava perdendo sua benevolência, insinuando que Jake não era mais útil, e que ele deveria ser substituído. Para ela, funcionários eram como peças de um tabuleiro; se uma não funcionava, outra entraria em seu lugar. Mas para Heeseung, Jake não era apenas mais um rosto na mansão, e ele estava determinado a fazer algo a respeito, driblando os constantes olhares incisivos de Seri.

Ao chegar em frente à porta de Jake, Heeseung respirou fundo, hesitando por um breve momento antes de bater. O som ecoou no silêncio do corredor, mas não houve resposta. Ele bateu de novo, mais forte desta vez.

— Jake? — Sua voz era suave, mas o tom carregava preocupação. — Você precisa sair daí.

Nenhuma resposta.

Heeseung sentiu um aperto no peito. Ele sabia o que era perder alguém, pois Heeseung se sentia como um órfão de pais vivo, e ele sabia que não havia palavras que pudessem preencher o vazio deixado pela perda. Mas duas semanas trancado, sem comer direito, sem ver a luz do dia, era autodestruição. E ele não podia simplesmente ficar parado, assistindo Jake se desfazer em silêncio.

Sem esperar mais, Heeseung girou a maçaneta e empurrou a porta, entrando no quarto. O ar ali dentro era denso, com um leve aroma de cigarro. A cortina estava fechada, bloqueando a luz do sol, e o quarto estava mergulhado em uma penumbra melancólica. Jake estava sentado na cama, encurvado, o rosto oculto pelas mãos. Ele parecia uma sombra de si mesmo, uma figura que já havia desistido de lutar.

— Jake, por favor. — Heeseung aproximou-se devagar. — Isso precisa parar.

Jake não respondeu de imediato, os ombros apenas se movendo em um leve sobressalto quando a mão de Heeseung tocou seu braço. Ele se sentia tão distante, como se o toque não pudesse mais alcançá-lo.

— Eu não sei o que fazer, hyung. — Jake murmurou, a voz fraca, sem vida. — Tudo parece tão... vazio. 

Heeseung sentou-se ao lado dele, sentindo o peso da áurea que estava pairando sobre o outro. Ele não sabia se poderia trazer o Shim de volta à superfície, mas sabia que não podia deixar Jake afundar sozinho.

— Eu sei que dói. — Heeseung disse, tentando manter a calma, mesmo que sua própria ansiedade estivesse começando a crescer. — Mas você não pode continuar assim. Trancar-se aqui dentro, sozinho... isso não vai ajudar em nada.

— Eu não quero sair. — Jake balançou a cabeça, os olhos fixos no chão. — Não quero ver nada, não quero falar com ninguém. 

Heeseung olhou para ele, os lábios se apertando em uma linha fina. Ele sabia que essa resistência era uma forma de autoproteção, mas também sabia que a solidão poderia ser cruel, corroendo Jake por dentro até não sobrar nada.

— Você precisa, Jake. Se você continuar assim, vai acabar se perdendo completamente. E eu não vou deixar isso acontecer. 

Jake finalmente levantou os olhos, e Heeseung viu neles algo que partiu seu coração. Não era só tristeza. Era culpa, uma culpa tão profunda e enraizada que parecia estar consumindo cada parte de Jake. Ele abriu a boca, como se quisesse dizer algo, mas fechou novamente, engolindo as palavras.

Red looks good on youOnde histórias criam vida. Descubra agora