Um mês e meio havia se passado desde a morte da mãe de Jake. O luto ainda pairava sobre ele, mas já não pesava como antes. A dor não desaparecera, mas fora moldada pelo tempo, transformando-se em uma espécie de saudade sutil. Heeseung, que havia observado de perto cada passo que Jake dava nesse processo, sentiu que o momento de visitar o túmulo dela havia chegado, e Jake concordou. Talvez fosse o gesto que o Shim precisava para seguir em frente, ainda que apenas um pouco.
O dia estava nublado quando eles seguiram em direção ao cemitério, o ar fresco carregava uma leve brisa que fazia as folhas das árvores sussurrarem ao vento. Poucas palavras foram ditas durante o trajeto, e isso não parecia um problema para nenhum dos dois. A presença silenciosa de Heeseung ao lado de Jake era mais significativa do que qualquer conversa forçada. Eles caminhavam lado a lado. Heeseung, carregando um buquê de flores frescas, mantinha seu olhar no caminho à frente, enquanto Jake parecia distante, perdido em seus próprios pensamentos.
Chegando à sepultura, o silêncio do local era quase absoluto, exceto pelo suave farfalhar das árvores e pelo vento que tocava suas faces como uma carícia. Jake ajoelhou-se diante da lápide, colocando as flores com cuidado, como se o gesto fosse um diálogo silencioso com a pessoa que ele mais amou. Por um momento, ele apenas respirou fundo, encarando a pedra fria à sua frente. Heeseung, de pé logo atrás, manteve-se imóvel, respeitando o espaço e o tempo que Jake precisava.
– Oi mãe... é o Jaeyun. – A voz dele quebrou o silêncio, trêmula, porém firme, carregando uma profundidade que só quem perdeu algo tão grande poderia entender. Os olhos de Jake estavam fixos na lápide, um olhar que carregava uma saudade imensurável. – Eu queria que você estivesse aqui. Sinto tanto sua falta.
Ele fez uma pausa, respirando fundo, tentando encontrar forças para continuar. Heeseung observava de perto, apenas presente, sem querer interromper aquele momento. Ele não se atreveria a atrapalhar um momento que demorou mais de um mês e meio para acontecer, não era tolo a tal ponto.
— As coisas têm sido difíceis, como você provavelmente imaginava. Eu ainda me sinto perdido, mas estou tentando. E eu sempre me achei independente, sabe? Como se eu pudesse lidar com tudo sozinho. Mas depois que você se foi, percebi o quanto eu dependia de você. — Os olhos dele se encheram de lágrimas, mas ele as segurou, piscando rapidamente para afastá-las. — Você sempre foi o meu norte, o meu ponto de equilíbrio. Agora... eu sinto que estou vagando sem rumo. — Jake sorriu de leve, um sorriso frágil, mas sincero. — Mas o Heeseung hyung tem estado aqui, ele não me deixou sozinho nem por um momento, assim como você sempre quis que eu tivesse alguém em quem confiar.
Jake olhou para Heeseung, os olhos mostrando uma gratidão silenciosa antes de voltar à lápide. Heeseung colocou a mão em seu ombro, o incentivando a continuar.
O Shim respirou fundo novamente e engoliu seco, as palavras parecendo rasgar sua garganta ao sair. Olhou outra vez para a sepultura, seus dedos traçaram o contorno da lápide como se tentasse sentir o toque, mínimo que fosse, de sua mãe. Mas ele sabia que nunca mais sentiria isso.
— Eu sei que você queria que eu fosse forte. Sei que você acreditava em mim mais do que eu acreditava em mim mesmo. E estou tentando, de verdade. Só que... ainda é difícil. Eu ainda sinto que uma parte de mim foi embora com você.
O vento suave balançava as flores à medida que Jake se agachava, passando os dedos delicadamente sobre a pedra fria.
— Eu prometo que vou tentar viver da maneira que você gostaria. Mas vai levar um tempo... Eu ainda estou aprendendo a lidar com tudo isso.
— Você está indo bem, Ikeu. — Disse Heeseung, em voz baixa. — Ela teria orgulho de você. Eu sei disso.
Depois de se despedir de sua mãe, Jake se levantou, suas pernas um pouco dormentes. O vento frio fez o tecido de seu casaco balançar enquanto ele o ajustava, tentando manter a compostura. Ele suspirou profundamente, como se aquela fosse a única maneira de liberar um pouco da pressão que sentia dentro de si. Quando ele se virou para Heeseung, sua expressão não entregava nada, mas sua mente era um caos absoluto. Sentia como se tivesse dois conselheiros imaginários, um anjo e um demônio, sussurrando ao mesmo tempo em cada um de seus ouvidos, debatendo o que deveria fazer. A sensação de estar dividido o estava deixando à beira da exaustão mental.
![](https://img.wattpad.com/cover/373220781-288-k309433.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Red looks good on you
Fiksi PenggemarJake vivia uma vida miserável como assassino de aluguel. Ele era obrigado a carregar esse fardo para garantir a sobrevivência de sua mãe que tinha uma doença terminal. Entretanto, um serviço em especial mexeu muito com ele, e ele se viu perdido entr...