08. 赤

38 5 2
                                    


Os dias se desenrolavam com a mesma cadência implacável, e Heeseung sentia o peso esmagador das emoções que ele evitava nomear. Cada noite se transformava em um campo de batalha entre a necessidade de seguir em frente e o medo de reviver o mesmo pesadelo de antes. Naquela tarde, enquanto o céu cinzento se alinhava com seu estado de espírito, ele encontrou-se mais uma vez na sala de terapia, esperando que Jungwon pudesse ajudá-lo a encontrar as palavras que ele não conseguia reunir sozinho.

A cadeira em que se sentava parecia mais desconfortável do que o normal, ou talvez fosse apenas sua mente inquieta, incapaz de encontrar repouso. Jungwon, com sua postura sempre calma e as leves covinhas que se formavam quando ele esboçava um sorriso, era a única constante no caos mental de Heeseung.

— Então, Heeseung, como você tem se sentido desde a última vez? — Jungwon perguntou com aquele tom de voz tranquilo, que parecia, de alguma forma, aliviar parte da tensão que Heeseung carregava.

Por um instante, Heeseung considerou mentir. Dizer que estava bem, que as coisas estavam começando a se alinhar. Mas, naquele momento, o peso do silêncio dentro dele se tornou insuportável.

— Estou confuso. E... com medo. — Ele finalmente admitiu, seus olhos fixos em algum ponto indistinto no chão. — Acho que estou apaixonado por alguém, e isso me aterroriza. Na última vez que me apaixonei, acabou muito mal. Você sabe disso.

A sala parecia engolir o som de sua voz, transformando-a em um eco distante que se misturava com as batidas rápidas de seu coração. Jungwon permaneceu em silêncio, dando a Heeseung o espaço necessário para que ele pudesse continuar, sem forçar.

— Eu sinto como se estivesse caminhando sobre uma corda bamba. E que, a qualquer momento, eu posso cair, em um buraco sem fim... — A voz de Heeseung vacilou, e Jungwon mantinha um olhar misterioso. — Mas eu não consigo parar de pensar nele.

— Você se permitiu amar novamente, estou orgulhoso de você.

Heeseung sentiu um leve tremor percorrer seu corpo quando ouviu as palavras de Jungwon. "Você se permitiu amar novamente." A frase pairava no ar, ressoando de uma maneira que ele não sabia entendia. Orgulho? Ele não se sentia orgulhoso. Não havia nada de glorioso naquele sentimento que crescia dentro dele — era uma mistura de desejo e medo, tão intoxicante quanto devastadora.

— Orgulhoso? — Ele repetiu, a voz carregada de descrença. — Amar de novo é a última coisa que eu queria. Isso não é algo que eu escolhi, é como... como se fosse uma armadilha. Eu não queria sentir isso, mas agora não consigo fugir.

Jungwon manteve seu olhar fixo em Heeseung, as covinhas ainda presentes em um sorriso discreto. Ele parecia entender, mesmo sem precisar dizer nada. O silêncio entre os dois era confortável, mas carregado de ansiedade, como se Heeseung estivesse à beira de desabar e Jungwon estivesse apenas esperando o momento certo para o apoiar.

— Mas talvez... — Jungwon começou a dizer, a voz calma. — Talvez esse amor não seja o que você imagina. Você está pensando com base na sua experiência passada e se continuar medindo a sua realidade com base em um único momento, nunca vai poder experienciar coisas incríveis, mesmo que essas coisas envolvam outro alguém.

Heeseung queria acreditar naquilo, queria mais do que tudo se agarrar à ideia de que amar Jake poderia ser sua libertação, mas algo dentro dele o puxava de volta para a escuridão. A última vez que ele havia se permitido sentir, o mundo ao seu redor desabou. E agora, ele estava novamente à beira do precipício.

— E se... e se eu o perder? — A voz de Heeseung quebrou. Seus olhos brilhavam com o início de lágrimas que ele se recusava a deixar cair. — E se tudo der errado de novo?

Red looks good on youOnde histórias criam vida. Descubra agora