Capítulo 13: Quando o Ódio Se Transforma... Em Ciúmes?

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Uma bronca pode ser interpretada de inúmeras maneiras diferentes dependendo do estágio em que se encontra a sua vida

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Uma bronca pode ser interpretada de inúmeras maneiras diferentes dependendo do estágio em que se encontra a sua vida. Geralmente quando somos crianças, ela vem acompanhada de birra e muita teimosia. Quando somos adolescentes, a depender do tamanho do erro, o ideal é se fingir de sonso. No entanto, naquela altura, eu já não sabia mais como deveria me portar.

Na verdade, poucas vezes na vida recebi uma bronca vinda dos meus pais, porque geralmente tento não dar trabalho a eles. Porém, naquele dia, depois de tudo o que havia feito, tinha plena certeza que seria inevitável.

E eu sofreria as consequências da melhor maneira que pudesse. Estava arrependida? Não. Se preciso for, fingirei arrependimento? Sim. Já tenho exemplos o suficiente de Jaqueline de como devo me portar quando precisar me fazer de santa.

Contudo, quando tia Paty conversou com meu pai primeiramente e depois a minha mãe ficou sabendo... nada de novo aconteceu.

Eles me chamaram em seu quarto e perguntaram o porquê tinha feito aquilo. Expliquei que era porque queria, que estava me sentindo bem naquela tarde e que eu havia ganhado a medalha de prata. Mamãe fingiu-se de preocupada e tentou me explicar quais eram as consequências caso eu tivesse uma convulsão na piscina, e parte da sua preocupação se dera ao fato de que eles eram os responsáveis por me levarem para fazer a doação. Dissera-me também que se a justiça soubesse desse deslize deles, provavelmente tirariam a permissão que eu tinha de doar sangue mesmo sendo tão nova. Lembrou-me de que minha irmã precisava de mim, pediram-me que não fosse egoísta e pensasse apenas no que eu queria fazer.

Deram-me uma aula sobre responsabilidade afetiva. Lembraram-me de que eu era "uma garota muito responsável para a minha idade", tinha saúde, era inteligente e esperta, e que deveria entender a quão sortuda sou por isso enquanto minha irmã passou a semana inteira no hospital lutando por sua vida.

Em resumo: não foi sobre mim. Sequer me deram parabéns por causa da medalha. Apenas fingiram-se de decepcionados, mas, no fundo, eu sabia que não estavam nem aí.

Cada vez mais eu sinto que Luke tem razão. Lembro-me de ele dizer que fazia o que queria porque ninguém se importava e, aos poucos, a sua filosofia fazia um pouco mais de sentido a cada dia.

Marlina saiu do hospital cerca de quatro dias depois. Estava um pouco mais magra e abatida, mas muito feliz de finalmente estar em casa. Depois de tanto tempo, o clima nebuloso e triste parecia voltar ao normal. Eu estava muitíssimo feliz de finalmente ter a minha irmã e melhor amiga ao meu lado. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, ela era o raio de sol que aquecia os corações daquele lar, e minha vida não era a mesma sem ela por perto.

Eu amava Marlina como se ela fosse mesmo um pedaço de mim. Dar o meu sangue a ela – ou até mesmo um órgão – não era um tormento, desde que ela ficasse bem, vivesse com qualidade e fosse feliz.

Naquele momento, tudo o que havia passado não importava. Nossos pais tinham o direito de se tornarem obsoletos por alguns instantes mediante tanta pressão? Eu ainda não sei, afinal, como posso lidar com algo que ainda não descobri?

𝗤𝘂𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗢 𝗢́𝗱𝗶𝗼 𝘀𝗲 𝗧𝗿𝗮𝗻𝘀𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮Onde histórias criam vida. Descubra agora