Capítulo 7 - Ecos do Desejo e da Culpa

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A madrugada caía sobre Solheim com um silêncio pesado, interrompido apenas pelo som ritmado das respirações. Clara e Emma dormiam juntas, envoltas nos lençóis amassados. Seus corpos ainda exalavam o calor do desejo compartilhado, mas no ar pairava algo mais: uma tensão invisível, que Clara talvez não admitisse, mas que Emma sentia com força, como um peso sobre o peito.

Entre o sono e o sonho, Emma começou a sentir algo familiar — um toque. As mãos de Clara deslizavam por seu corpo como antes, mas desta vez havia algo diferente, mais afiado, quase desafiador. A pele de Emma reagia em ondas, seu corpo despertando de um jeito que sua mente tentava, em vão, resistir.

Clara estava sobre ela, o rosto de desejo contorcido por algo mais profundo, quase cruel. Emma sentiu o calor do corpo dela sobre o seu, e, quando olhou para baixo, viu o cintaralho outra vez, a penetrando com uma força brutal. Clara segurava firmemente seus quadris, seu sorriso era uma mistura de provocação e algo mais perigoso.

— É isso que você quer, não é? — Clara perguntou, os olhos queimando com intensidade. — Acha que Lucas pode te dar isso?

A pergunta fez o coração de Emma parar por um segundo. Lucas? Por que o nome dele surgiu ali, no meio do prazer? Como se Clara tivesse lido seus pensamentos mais escondidos, as palavras cortaram como uma lâmina. Emma tentou se focar no corpo quente que a dominava, mas as palavras continuavam a ecoar, perfurando suas certezas.

— Você ainda se sente mulher com ele? — Clara continuou, a voz doce e venenosa. — Ou isso tudo não passa de um hábito confortável?

O ar pareceu desaparecer dos pulmões de Emma. O peso da pergunta a puxava para baixo, para um abismo de dúvidas que ela evitava encarar. As mãos de Clara, antes uma fonte de prazer, agora pareciam revelar algo de que Emma não poderia fugir. Ela sentiu-se exposta, frágil. Queria responder, mas sua mente estava presa entre o desejo que queimava seu corpo e a culpa que sufocava seu coração.

Então, de repente, Lucas apareceu. Parado no canto do quarto, observava em silêncio, o rosto carregado de algo que Emma não conseguia ler de imediato. Ele não estava com raiva. Não havia julgamento. Apenas um vazio assustador. Lentamente, ele caminhou até a beira da cama, abaixando-se para segurar as mãos de Emma. Seu toque era suave, mas as palavras que seguiam carregavam um peso insuportável.

— O que você realmente quer, Emma? — Lucas perguntou, sua voz baixa, porém profunda. — O prazer que você sente agora... é mais forte do que o que compartilhamos? Ou é só mais fácil?

Emma fechou os olhos por um segundo, tentando afastar a sensação de que seu coração estava sendo esmagado. Mais fácil? Queria gritar que não era apenas isso. Que havia algo mais, algo que ela não conseguia explicar. Mas as palavras de Lucas ecoavam, e a provocação de Clara continuava se enraizando em sua pele.

— Você está feliz? — Lucas perguntou novamente, seus olhos perfurando os de Emma.

Aquela pergunta ecoava em sua mente. Estou? O prazer que Clara lhe proporcionava era avassalador, mas as mãos de Lucas seguravam as dela, firmes, como um lembrete do que estava em jogo. Estaria feliz com Clara? Ou apenas se libertando de algo que nem sabia que a prendia?

Clara intensificava os movimentos, seu corpo sobre Emma pulsando com desejo. Mas Emma sentia a culpa crescer. Seus olhos encontraram os de Lucas, e, por um momento, ela quis fugir — mas para onde? Ela se sentia como uma presa em uma armadilha emocional.

Lucas apertou suas mãos, um gesto que misturava desespero e esperança.

— Eu estou tentando, Emma... — Ele disse, sua voz trêmula. — Mas sinto que estou te perdendo. Não sei se consigo competir com isso, com o que você sente agora. E a verdade... é que talvez eu nem deva tentar.

A Dança do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora