Capítulo 13 - Fragmentos de Um Lar

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Emma ficou em silêncio enquanto deslizava a aliança pelo dedo. O pequeno objeto parecia carregar todo o peso do que eles haviam vivido, e agora, ao guardá-lo, sentia como se estivesse deixando uma parte importante de si mesma para trás. Contudo, era como se também estivesse abrindo espaço para algo que ainda não sabia nomear. Seus olhos pousaram nos movimentos de Lucas, que também retirava a própria aliança. Aquele gesto simples parecia ser o primeiro passo concreto rumo ao desconhecido. 

Um vazio denso se formou em sua garganta, mas ela o engoliu. Eu deveria dizer alguma coisa? Pedir para ele ficar? Não, agora é tarde demais.

Para Lucas, o metal frio escorregando de seus dedos era como se estivesse perdendo algo vital, uma âncora que, até aquele momento, o mantinha ligado a Emma. 

Por que isso parece tão definitivo? Será que, depois de tudo, há algo para recuperar?

A sensação de perda era quase física, e ele sentia o apartamento ao seu redor se tornando mais frio e distante — antes, um lar, agora, um lugar estranho e solitário. As dúvidas inundavam sua mente. Estaria fazendo o certo? Ou isso marcava o início de um fim que ele sempre temeu?

O silêncio que se seguiu foi denso, mas havia algo novo nele. Não era o silêncio de antes, carregado de mágoas e acusações não ditas. Era o silêncio de duas pessoas enfrentando, pela primeira vez, a realidade — juntos, mas já separados. Emma, ainda sentada no sofá, abraçou as pernas como um escudo. Sentia-se exposta, como se, ao deixar a aliança de lado, tivesse despido uma camada de si mesma.

Os olhos de Emma vagaram pelo apartamento, e seu olhar pousou em uma foto deles em um porta-retratos na estante de livros — a mesma que, tempos atrás, eles montaram juntos. 

Quantas noites passei aqui, cercada de livros e memórias? Quantas vezes rimos de bobagens, felizes como se nada mais importasse? 

A estante ainda estava ali, meio torta, mas cheia das histórias que eles amavam compartilhar. 

E agora? Esse é o fim da nossa história? 

Lembrou-se também das manhãs preguiçosas em que ele preparava café e ela fingia dormir só para vê-lo cantarolar baixinho, sem saber que era observado.

Esse mesmo espaço, que antes carregava um sentido de abrigo, agora parecia se desfazer diante dela, como se as paredes, as fotos e até o cheiro do lugar começassem a apagar-se junto com o que eles foram. Ela se encolheu mais, sentindo-se pequena e frágil. As lembranças queimavam, revelando a dor do que estavam perdendo, cada detalhe um lembrete do amor que, em algum momento, floresceu ali.

Depois de um momento, Emma quebrou o silêncio, a voz frágil e baixa.

"E agora?" perguntou, num sussurro. A pergunta ecoou, revelando sua própria insegurança.

Lucas suspirou, passando a mão pelos cabelos em um gesto nervoso. Ele sempre fazia isso quando procurava as palavras certas, mas agora entendia que não havia palavras certas — só a verdade, nua e crua. "Agora... a gente espera. Tenta entender o que significa estar separado. E... tenta descobrir se ainda queremos seguir juntos depois disso."

Lucas passou a mão pela nuca, um gesto de nervosismo que ele tentava controlar, mas que o entregava a cada movimento lento e hesitante.

Emma mordeu o lábio, o peito apertado pelo medo do que esse tempo poderia trazer. Sabia que ambos precisavam desse espaço, mas temia que, ao final, a distância que sentia entre eles se tornasse permanente.

"Você acha que isso vai nos ajudar?" Sua voz tremeu, deixando transparecer a vulnerabilidade que tanto tentava esconder. "Porque eu... eu não sei se vou aguentar esse tempo sem você."

A Dança do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora