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Assim que as portas do labirinto se abriram ao amanhecer, Thomas, Minho e eu saímos carregando Alby, quase desfalecidos de exaustão.

O sol nascente iluminava a clareira, e todos os habitantes estavam lá, esperando por nós, seus olhos arregalados de incredulidade e preocupação.

As vozes começaram a se erguer em torno de nós, cheias de perguntas, mas eu mal conseguia ouvir. Tudo parecia abafado, como se eu estivesse em um sonho estranho e distante.

Os socorristas correram para nos ajudar, pegando Alby de nossos braços e levando-o rapidamente para a enfermaria.

Meu corpo estava pesado, minha mente ainda tentando processar tudo o que havia acontecido durante a noite.

O peso da adrenalina ainda corria em minhas veias, mas o cansaço estava tomando conta de mim rapidamente. Sem dizer uma palavra a ninguém, fui para minha tenda. Precisava de um momento sozinha.

Entrei e me sentei na cama, o corpo afundando no colchão. Passei as mãos pelo cabelo, ainda em choque com os acontecimentos.

O som dos Verdugos, a corrida frenética pelo labirinto, a forma como Thomas havia destruído aquele monstro… Tudo se repetia em minha cabeça como um pesadelo do qual eu não conseguia acordar.

Foi então que a entrada da tenda se abriu e Thomas entrou silenciosamente. Não disse nada.

Apenas ficou lá, parado, olhando para mim com a mesma intensidade que sempre carregava, mas dessa vez havia algo diferente em seus olhos.

Uma mistura de alívio, gratidão e algo mais, algo que eu ainda não conseguia identificar.

Levantei-me lentamente, indo em sua direção.

Eu queria dizer algo, qualquer coisa que pudesse aliviar a tensão que pairava entre nós desde que saímos do labirinto, mas antes que pudesse sequer abrir a boca, Thomas deu um passo à frente e, de repente, sua mão estava no meu rosto.

Sem qualquer aviso, ele me beijou.

O choque tomou conta de mim por um instante. Seus lábios nos meus eram firmes, mas também gentis, como se estivesse derramando toda a tensão, medo e alívio daquele momento em um único gesto.

Senti seu corpo próximo ao meu, suas mãos firmes segurando meu rosto como se tivesse medo de me deixar escapar. Meu coração disparou de uma forma que nunca tinha sentido antes. O mundo ao nosso redor pareceu desaparecer, deixando apenas nós dois naquele momento, em meio ao caos da clareira.

Quando ele se afastou, ofegante, seus olhos estavam cheios de sentimento.

Ele balançou a cabeça levemente, como se estivesse se desculpando internamente antes de finalmente falar.

-Desculpa.– ele murmurou, sua voz rouca e hesitante.– Eu não deveria ter feito isso, não sem seu consentimento.

Por um segundo, fiquei ali, em silêncio, ainda processando o que havia acabado de acontecer.

Mas, então, sem pensar duas vezes, agarrei sua camisa e o puxei de volta para mim, nossos lábios se encontrando novamente em um beijo ainda mais intenso.

Dessa vez, eu estava ciente do que estava acontecendo, e meu corpo reagiu instintivamente. O calor do beijo parecia apagar todas as preocupações, o cansaço e o medo que eu tinha acumulado até aquele momento.

Quando finalmente nos separamos, o ar ao nosso redor parecia carregado de algo novo, algo inegável.

Os olhos de Thomas estavam fixos nos meus, sua respiração ainda acelerada, mas agora havia um sorriso tímido em seus lábios.

Everything I didn't tell you Onde histórias criam vida. Descubra agora