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Depois de andar por horas no deserto, o calor implacável nos drenando, encontramos um abrigo improvisado, um monte de entulhos sob uma grande pedra, que criava uma sombra oportuna.

Não era o ideal, mas era o que tínhamos. Winston estava ficando cada vez mais fraco, e precisávamos de um lugar para descansar e cuidar dele.

Minho e Thomas ajudaram Winston a se deitar no chão improvisado, usando suas mochilas como travesseiros.

O estado dele era preocupante. Suas mãos tremiam levemente, e a palidez em seu rosto se acentuava a cada minuto.

Caçarola tirou o sapato com uma expressão de nojo quando viu a quantidade de areia que saiu de dentro dele.

A cena foi quase cômica, mas ninguém riu. Estávamos todos exaustos e a tensão era palpável.

Me sentei em uma pedra próxima, tentando controlar minha respiração. O sol parecia ter queimado cada parte do meu corpo, e mesmo na sombra, o calor parecia se infiltrar em meus ossos.

Tomei mais um gole de água, mas a sede não passava. Minha garganta parecia mais seca a cada segundo, como se nada fosse suficiente para aliviar a sensação. Era desesperador.

Enquanto os outros murmuravam preocupações sobre Winston, eu me deixei ficar em silêncio, tentando ignorar a crescente sensação de desespero.

O deserto estava vencendo. E, por mais que tentássemos resistir, o sentimento de que estávamos todos no limite era cada vez mais evidente.

Thomas se sentou ao meu lado em silêncio, seus ombros pesados como se carregassem o mesmo peso que eu sentia no peito. Ficamos assim por um momento, sem precisar dizer nada.

O silêncio entre nós era uma pausa necessária em meio ao caos que nos cercava.

Depois de alguns minutos, Thomas se levantou e estendeu a mão para mim. Eu a segurei, sentindo o calor de sua palma por um instante, antes de soltarmos, cientes de que estávamos no meio de todos.

Não queríamos chamar atenção, então nos afastamos um pouco, caminhando pelo deserto, mas sem nos distanciarmos muito do grupo.

-Acho que não vamos durar muito assim.- disse ele depois de um tempo, com os olhos fixos no horizonte desolado.

Eu sabia que ele não estava falando apenas sobre o deserto, mas sobre Winston e... sobre mim também.

Respirei fundo, tentando esconder a fraqueza que eu sentia cada vez mais evidente em meu corpo.

-Eu sei. Winston está piorando. Cada passo parece mais difícil para ele. E... bom, não sei o que está acontecendo comigo, Thomas. Não é só o calor ou a sede, é como se algo dentro de mim estivesse... desmoronando.

Ele olhou para mim com preocupação, mas não disse nada de imediato. Seus olhos buscaram os meus, querendo entender a gravidade do que eu estava dizendo.

-Você tem que me dizer se as coisas piorarem, Scarlett. Não podemos perder mais ninguém... Não posso perder você.- Ele disse em um tom preocupado.

Aquelas palavras fizeram um nó se formar na minha garganta.

Eu queria garantir a ele que estaria bem, mas a verdade era que nem eu sabia o que estava acontecendo comigo. Só sabia que a cada passo, minha energia parecia se esvair.

-E Winston? Não podemos simplesmente deixá-lo assim.- acrescentei, mudando o foco.- Ele está tentando ser forte, mas acho que ele sabe o quanto está mal.

Thomas assentiu, concordando com a gravidade da situação.

-Eu sei. Mas o que podemos fazer? Estamos todos à beira de um colapso, e sem ajuda, não sei o que mais podemos fazer por ele.

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