Eu acordei com os raios de sol invadindo a clareira, passando pelas frestas das árvores e iluminando suavemente o ambiente.
O dia anterior tinha sido uma grande festa, com música e gargalhadas ecoando pela clareira, mas hoje tudo parecia mais calmo, quase silencioso.
Me espreguicei e vesti rapidamente minhas roupas, ainda sentindo uma leve dor nos pés por ter dançado tanto na noite anterior. Ao sair, vi Thomas já de pé, ocupado com suas tarefas.
Ele estava na beira do riacho, pegando baldes de água para distribuir pela clareira.
Era o dia dele cuidar dos trabalhos simples: carregar água, recolher mantimentos, e outras atividades que mantinham a clareira funcionando. Mesmo em suas roupas simples de trabalho, ele parecia tão focado e concentrado como sempre.
Algo sobre ele, sua determinação, sua maneira de observar tudo ao redor, sempre me chamava a atenção.
Mas hoje, eu estava particularmente interessada em observar seu trabalho. Era quase fascinante ver como ele se movia, como se cada tarefa fosse parte de algo maior, como se ele estivesse sempre pensando em algo além da clareira. Algo além de nós.
Fiquei sentada numa pedra, de onde podia ver tudo, e ele me viu depois de alguns minutos. Thomas sorriu, acenando com a cabeça, e continuou a encher os baldes.
Observei-o em silêncio por um tempo, pensando no labirinto, no que estava além das paredes que nos cercavam.
A curiosidade ardia dentro de mim, mas eu sabia que não podia simplesmente sair correndo para o desconhecido.
Ou pelo menos, não sozinha.
Quando ele terminou de distribuir a água, se aproximou de onde eu estava. Sentou-se ao meu lado, passando as mãos pelos cabelos para tirar o suor.
-Tá aproveitando a folga, hein?- ele brincou.
-Só observando.- respondi com um sorriso.- Parece que você trabalha o tempo todo.
-Alguém tem que manter isso funcionando- ele disse com um sorriso, mas havia um brilho nos seus olhos. Algo mais profundo, algo que eu sentia em mim também. Algo que tinha a ver com o labirinto.
Ficamos em silêncio por um momento, mas era um silêncio confortável. Eu sabia o que ele estava pensando. Então, decidi tocar no assunto.
-Você pensa no labirinto?- perguntei, observando-o de soslaio.
Thomas deu uma risada curta, mas sem humor, e olhou para o chão.
-Claro.- ele admitiu, sua voz mais baixa. - Não consigo evitar. Fico pensando em como as coisas poderiam ser diferentes lá fora, se a gente conseguisse sair daqui. Se... se fosse possível.
- Eu também.- murmurei.- É como se uma parte de mim soubesse que o labirinto é a chave para tudo. Que não podemos ficar aqui para sempre.
Ele se virou para mim, os olhos brilhando com a mesma intensidade que eu sentia.
-Exatamente. E eu não consigo entender como as pessoas aqui se conformam em simplesmente... viver. Sem questionar, sem tentar. Só aceitam que o labirinto está ali, e ponto final.
Assenti, sentindo o peso de suas palavras. Eu também não entendia.
Havia algo em nós dois que nos fazia querer mais, querer entender o que havia além, como se o labirinto nos chamasse de uma maneira que ninguém mais parecia perceber.
-Um dia, Scarlett- ele continuou, sua voz firme.- a gente vai descobrir. Eu sei disso.
Olhei para ele e senti algo forte. Não era só a curiosidade, mas a certeza de que, se houvesse alguém com quem eu enfrentaria o desconhecido, seria ele.
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Everything I didn't tell you
Storie d'amoreOnde Scarlett acorda dentro de uma caixa de metal e se vê em um local isolado onde só há garotos. Mas então, depois de um tempo um novo garoto chega na clareira, Thomas, ele e Scarlett se aproximam e se tornam melhores amigos. Será que a relação del...