Capítulo 11_ Vou aí te visitar

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Não havia se passado tanto tempo desde que havíamos aberto as portas para que chegassem duas garotinhas, que deveriam ter no máximo uns 11 anos de idade. Era minhas primeiras clientes e eu estava muito ansiosa, e feliz também por elas serem crianças e não entenderem muito de negócios, então eu não preciso me preocupar tanto em relação ao meu atendimento.

— Bom dia, meninas! Em que posso ajudar? — Perguntei para elas, que logo se viraram para mim.

— Oi, tia! — Uma das garotinhas, a qual tinha cabelos escuros e cacheados. Que cabelo mais lindo, era tão cacheadinho, parecia até de boneca. — Eu vim trocar esses livros aqui.

Ela colocou dois livros em cima do balcão e assim que eu coloquei os olhos na capa daqueles livros me veio uma memória da minha adolescência. Eram os livros Fazendo meu Filme 1: A estreia de Fani e Fazendo meu filme 2: Fani na terra da rainha. Me lembro de ter lido a coleção inteira na biblioteca da escola. Na época os livros tinham lançados a pouco tempo, e me surpreendia que mais pessoas continuavam lendo eles, principalmente crianças.

— Está bem, vou dar uma olhadinha neles e já te passo o valor que você vai poder gastar. — Falei enquanto pegava os livros e abria eles. Os dois estavam em bom estado, então fui pesquisar o valor na internet. Após ter pesquisado, anotei o valor que poderiam gastar em um papelzinho e entreguei a elas. 

Perguntei se elas precisariam de ajuda e elas me disseram que queriam ver se tinham mais livros da Paula Pimenta. Saí de perto do balcão e as guiei até a estante onde estavam mais alguns exemplares de uns livros dela. Deixei com que elas escolhessem e em seguida passei por perto da sala do descanso, que estava com a porta aberta, onde pude ver que Thaís estava sentada em uma mesa enquanto escrevia em um notebook. Quando estava saindo, ela coçou a garganta, me fazendo voltar a olhar para dentro da sala, ela fez um sinal de joinha, me fazendo sorrir. Estava me saindo bem na primeira venda.

Me lembrei que as meninas estavam sozinhas na loja e rapidamente voltei até onde elas estavam. Pude ouvir as duas conversando sobre alguma coisa a ver com algum garoto da escola delas e fiquei pensando em como a juventude de hoje em dia é mais avançada do que de quando eu era criança. Claro que a gente achava algum garoto bonitinho, mas hoje em dia as garotas de 11 anos aparecem NAMORANDO. E é aí que eu te pergunto, onde estão os pais dessas crianças? Será que não veem o que os filhos estão fazendo?

Permaneci atrás do balcão enquanto esperava elas terminarem de escolher os livros que queriam. Elas levaram os livros no caixa e eu registrei tudo certinho. Quando foram embora, Thaís veio até mim com o celular na mão e um sorrisinho no rosto.

— Caramba! Garota, você se saiu bem para o primeiro dia de trabalho! — Sorri um pouco envergonhada, embora soubesse que certamente teria alguma coisa para que eu mudasse.

— Obrigada! — Falei enquanto ainda sorria.

— Só tem uma coisinha... — Não falei? — Evite ir para perto da salinha quando tiver algum cliente aqui dentro, é perigoso de alguém sair correndo.

— Ah, verdade. Me perdoe, não vai acontecer novamente! — Falei um pouco envergonhada, embora fosse normal fazer alguma besteira no primeiro dia de emprego.

— Não se preocupe! — Ela fez uma pausa e olhou para o celular por um tempo. — Vou precisar dar uma saída. Talvez volte só durante à tarde. Se eu não voltar até o horário do almoço, pode trancar a porta e abrir depois à tarde. Ou se quiser, pode almoçar na salinha também. — Ela me estendeu a chave, que eu peguei no exato momento. — Se precisar falar comigo ou tiver alguma dúvida, é só me mandar alguma mensagem.

— Está certo. Até mais! 

— Até! — Ela saiu e eu me sentei em um banco que tinha atrás do balcão. Peguei meu celular e olhei a hora, 09:37, ainda tinha 2 horas trabalhando, sem contar o turno da tarde.

Nina e Hugo: Entre olhares, sussurros e leituras - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora