Rebeca parou por um tempo enquanto parecia estar pensando em algo. Será que ela também estava encalhada como eu? Eu acho muito improvável, até porque Beca é uma mulher linda, de valores e trabalhadora. Qualquer homem daria de tudo para tê-la.
— Eu... — Ela fez uma pausa enquanto um sorriso veio em seus lábios — Vou me casar!
— É sério? — Fiquei perplexa. Pelo menos uma de nós duas tinha que se dar bem na vida.
— Sim! — Ela disse com um sorriso enorme. Sabe aquele sorriso que você faz quando acaba de tirar o aparelho dos dentes? Era mais ou menos assim.
— Parabéns! — Corri para dar um abraço nela. Espero que ela seja muito feliz com seu companheiro. Não é sempre que se encontra alguém que seja a sua metade.
— Obrigada! Deixa eu te mostrar uma foto dele. — Ela disse enquanto pegava o celular e mostrava um foto dos dois na praia. Ele tinha pele escura e os cabelos cacheados. Os dois davam um casal muito lindo.
— Beca, vocês combinam muito! — Falei.
— Todo mundo diz isso. — Ela afirmou — Estávamos namorando há um ano e meio e recentemente ele me pediu em casamento. Minha família gosta muito dele e pelo visto ele também gosta da minha família. Às vezes me perco imaginando como seriam nossos filhos, se seriam morenos dos olhos verdes, loiros dos olhos escuros. Mas de qualquer forma, tenho certeza de que serão muito lindos!
— Claro que serão!
Mais tarde...
Olhei para a chuva que estava escorrendo pela minha janela e tive uma ideia ótima, mas que eu tinha certeza que iria me arrepender depois. Peguei meu notebook e abri o word. Eu sei que não tenho o costume (e não gosto mesmo) de escrever quando havia acabado de terminar outro, mas quando tinha uma ideia, não podia me permitir perdê-la. A história que veio em minha mente não tinha nada haver com chuva, mas desde que comecei a escrever, quando era mais nova, os dias de chuva eram como um empurrãozinho pra mim. Como se fosse um estalo no meu cérebro, me mostrando como eu deveria escrever e o que precisaria ter em determinada história. Foi então que decidi escrever mais um livro. Dessa vez, não vou me pressionar, vou escrever no meu tempo e ver como que vai fluir.
Comecei a escrever o primeiro capítulo, que era o mais dificil. O primeiro capítulo é o responsável por manter o leitor preso na história. Por isso, elaborei tudo com muita calma e de forma mais detalhada, para que o leitor possa se familiarizar com os personagens e com o ambiente em que o livro vai se passar.
Fiquei ali, deitada na minha cama enquanto escrevia e ao meu lado Cheddar estava dormindo profundamente. Eu admiro muito isso nos animais, eles aparentam sentir uma paz imensa enquanto estão acompanhados de seus donos.
Depois de finalizar o primeiro capítulo, levantei da cama e fui até a cozinha pegar um copo de água e descansar um pouco a mente. Quando eu era mais nova, escrevia tanto e passava tanto tempo em frente ao notebook que fiquei com frequentes dores de cabeça. Foi então que percebi que precisava ter um tempo para descansar, tanto para a minha saúde mental e física quanto para que o capítulo ficasse bom e eu não escrevesse coisa com coisa. Olhei na janela da sala e, embora não conseguisse ver direito, não estava mais chovendo. Fiquei ali por um tempo olhando a rua e as casas dos meus vizinhos, como não estava tão frio, meus vizinhos estavam jogando bola com seus filhos. Olhar eles me fez lembrar de quando estava no colégio, eu era péssima em educação física, tanto que a maioria das vezes eu ficava apenas correndo, sem precisar fazer um gol ou uma sexta de basquete.
Fiz um cafuné no Cheddar, que havia chegado ao meu lado sem que eu o vesse e voltei para a cozinha. Larguei o copo dentro da pia e subi novamente para o quarto. Peguei meu celular e entrei no Instagram, estava olhando os posts quando fiquei chocada com a notificação que tinha acabado de receber.
@hugoo_._ começou a seguir você.
[...]
A primeira coisa que fiz assim que abri os olhos foi dar de cara com meu celular. Me lembro de que estava morta de cansada quando estava olhando o Insta, então devo ter pegado no sono e derrubado o celular na minha cara. Perfeito! Do jeito que meu celular estava travado era capaz de mexer sozinho e curtir algum post. Me lembro de uma vez que estava mandando mensagem para um garoto que era meu crush e meu celular mexeu sozinho e enviou uma mensagem cheia de letras aleatórias. O garoto pensou que eu estava louca.
Olhei na janela do meu quarto e fiquei admirando as nuvens que preenchiam o céu cinza e ao lado esquerdo da minha janela estava uma árvore com as folhas todas secas e caindo conforme o vento batia nela.
Me levantei e arrumei minha cama. Tinha aprendido com minha mãe que para ter um dia produtivo tinha que começar arrumando o quarto ou o ambiente que fosse passar a maior parte do dia. E nada melhor para começar arrumando a cama. Claro que eu não ficaria no meu quarto, era quinta-feira então precisava terminar a diagramação do meu livro e depois, se sobrar um tempinho, escreveria o segundo capítulo da história que estava escrevendo. Olhei no relógio e já era quase 10h da manhã. Eu já tinha dormido demais, e se quisesse que o dia rendesse, precisaria sair do meu conforto.
Arrumei uma mochila e coloquei meu notebook, celular, fone de ouvido, caderno, canetas e até o carregador e fui pegar a coleira de Cheddar. Como passaria o dia fora, iria deixá-lo no Pet Shop para tomar um banho enquanto escrevia na biblioteca.
Desci as escadas, coloquei a coleira no Cheddar e saímos em direção à rua.
— Vai ficar cheiroso hoje, garoto. — Falei enquanto olhava para ele, que seguia andando feliz pela rua.
Deixei ele no Pet Shop e fui caminhando até a biblioteca. Amava ir caminhando, embora pudesse ir de bicicleta, até porque se eu fosse andando, poderia cumprimentar as pessoas que passavam por mim. Sempre gostei de desejar um bom dia para as pessoas, mesmo que eu não as conheça. Fui bem educada, graças á Deus!
— Bom dia, dona Sandra! — Cumprimentei a senhora que estava regando as plantas em frente à sua casa.
— Bom dia, menina! — Ela disse com um sorriso enorme no rosto, como se tudo o que ela precisasse fosse ser notada por alguém.
Não demorou muito e eu cheguei em frente á biblioteca, passei pela porta e cumprimentei Cíntia, que estava com sua cara de emburrada de sempre. Acho que ela é uma mulher muito solitária. Que eu saiba ela não tem marido, nem filhos, por isso deve viver sempre de mal humor.
Olhei para as mesas espalhadas entre as estantes e quase caí para trás quando vi quem estava lá. Ele estava coisa mais linda vestindo uma camiseta azul, sentado em sua mesa todo concentrado em seus estudo. Ou trabalho, não sei. Mas estava lindo. Devo ter ficado alguns segundo igual uma retardada olhando para ele, até que ele se virou e olhou para mim. Senti meu rosto queimar quando senti seus olhos vidrados nos meus.
Hugo me causava um efeito que não conseguia explicar.
Continua...
O que acharam do capítulo, pessoas? Me perdoem por ser bem curtinho, mas eu escrevi tudo o que achava que deveria acontecer nesse capítulo. Prometo que o próximo vai ser maior! Obrigada por ter chegado até aqui<333
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Nina e Hugo: Entre olhares, sussurros e leituras - DEGUSTAÇÃO
RomanceLavínia, ou melhor, Nina, é uma escritora de romances muito fofinhos que mexem com suas leitoras, sendo elas quase todas adolescentes. Nina mora sozinha, passa grande parte dos dias na biblioteca da cidade e ama seu cachorrinho Cheddar. Para quem nã...