Dois dias depois...
Nem consigo acreditar que hoje finalmente é o dia do lançamento do meu novo livro. Sempre que lançava algum livro, nem que seja pela internet, sentia uma paz enorme em mim, pois sabia que todo aquele trabalho duro, todos aqueles dias quebrando a cabeça para pensar em um capítulo bom, valeria a pena assim que os meus leitores fiéis viessem comentar sobre o livro.
Quando eu era criança, me lembro que minha mãe lia histórias para que eu dormisse, foi aí que me despertou uma paixão pelo mundo literário, e desde então, não parei mais. A partir da quinta série comecei a ler os livro de romance da biblioteca da escola, com 12 anos, comecei a comprar livros e colecioná-los, mas foi somente aos 14, que comecei a escrever fanfics no aplicativo da Ficcione. Minhas fanfics não tinham muitas visualizações, muito menos curtidas, mas com o tempo, minha escrita foi melhorando e parei de escrever fanfics para escrever histórias que fossem totalmente de minha autoria.
Me lembro da primeira vez que eu consegui mais de 2000 leituras, eu tinha ficado tão feliz. Mal sabia eu que estava prestes a entrar em uma fase da minha vida que a mudaria para sempre. Desde então, comecei a escrever mais e mais, até que um dia resolvi publicar um livro meu no Kindle Create, da Amazon, foi aí que eu comecei a ganhar dinheiro e editoras entraram em contato comigo.
Estava quase chegando na livraria enquanto pensava em quanto Deus foi bom comigo. Não são todos os autores iniciantes que tiveram as mesmas oportunidades que eu, não eram todos os autores que queriam ser reconhecidos mas não era os planos que Deus tinha para eles. Eu não me considero uma pessoa sortuda, e sim abençoada. Quando era mais jovem (nossa, como se eu fosse uma idosa agora, mas você entendeu, né?), me ensinaram que tudo acontece por um motivo, nada acontece do nada, muito menos sem algum propósito. Eu era uma adolescente que não tinha amigos, nem mesmo na igreja, então sempre que via as meninas assistindo o culto juntas, postando fotos na igreja e tudo mais, eu perguntava pra Deus por que eu não tinha amigas, se o problema era eu. Até que um dia, quando eu estava fazendo devocional, eu recebi a resposta. Muito "personagens" da Bíblia haviam passado por situações difíceis, pelo exemplo de Jó. Ele havia perdido tudo, inclusive os seus amigos. Diversas vezes o Senhor quer nos provar, testar a nossa fé, e pra isso temos que perder, ou até mesmo renunciar, muitas das coisas, pessoas que gostamos, e eu aprendi que o que quer que Deus esteja preparando para mim, sendo com amigos ou sem, com dinheiro ou sem, na dificuldade ou não, eu preciso confiar porquê tudo o que Ele faz coopera para o meu bem. Por mais que eu não perceba agora, nem daqui à um ano, ou daqui à 20, 30, 40 anos, eu sei que ele vai fazer o melhor por mim, e eu agradeço por isso.
Cheguei em frente à livraria, que já estava aberta e assim que entrei, dei de cara com Thaís, concentrada lendo um livro. Ela estava tão concentrada no livro que nem me viu chegar.
- Bom dia! - Coloquei a minha bolsa, que dentro tinha meu notebook, celular, carregador, um pacote de biscoitos e um fone de ouvido, em cima do balcão e percebi que Thaís havia me visto naquele exato momento.
- Bom dia, flor do dia! - Ela falou enquanto fechava o livro e se colocava em pé. - Preciso que cuide da loja pra mim durante alguns minutos. Tenho que ir no trabalho do meu marido resolver algumas coisas.
- Você é casada? - Ela assentiu com a cabeça - Meu sonho é me casar, me conta como é, vai!!!
- Tá booom. - Ela se sentou novamente e eu me debrucei sobre o balcão. - Não tem muito segredo, você passa o dia ao lado do homem que ama, convive com as manias dele, até mesmo as chatas, você vira amiga dos amigos dele, enfim, é como se fosse a vida dos seus pais, só que sem filhos. E também a diferença é que quando você nasce e começa a se lembrar das coisas, você só "conhece" seus pais depois de um tempo em que eles já são casados e não presencia o início, quando as coisas estão difíceis. Mas, acredito eu que a melhor coisa a se fazer é resolver as discussões e problemas no diálogo.
- Interessante... - Falei - Eu sempre quis me casar, mas nunca nem consegui namorar, muito menos noivar.
- Fica tranquila, quando você menos imaginar, o homem da sua vida vai aparecer. Se é que já não apareceu. - Ela falou se levantando de novo. - Agora eu realmente preciso ir, qualquer coisa já sabe...
- Me liga! - Falamos juntas e ela logo pegou a bolsa dela e saiu pela porta. Encostei a porta da livraria e fui rapidamente até a salinha, tirei o notebook da bolsa e o segurei enquanto deixava a bolsa em cima de uma das mesinhas. Voltei para o balcão, ainda segurando o notebook e o deixei ali para poder abrir a porta.
Após abrir a porta da livraria, me sentei em uma cadeira estofada que tinha ali e abri meu notebook. Hoje mais cedo havia decidido que não iria escrever nada do próximo livro que publicaria, até porque eu precisava fazer alguns vídeos sobre o lançamento, inclusive um deles, que eu postaria nos stories do Instagram eu gravaria agora. Peguei meu celular e entrei na câmera do Insta, coloquei um efeito não muito artificial e criei coragem pra falar com os meus leitores.
- Bom dia, pessoasss!!! - Falei com um sorriso no rosto enquanto tentava me concentrar para não olhar para a minha imagem no celular, e sim, olhar diretamente para a câmera. - Passando para reforçar que hoje é o dia do lançamento do meu livro novo! Ele já está disponível no site ou aplicativo da Amazon! Não percam!
Parei de gravar e logo postei junto com o link para quem já quisesse comprar. Após postar, desliguei o celular e continuei a trabalhar. Tinha alguns livros para registrar e não podia deixar para depois.
[...]
- Ôh, boca de suvaco! - Olhei para o lado e fiquei de boca aberta com o que tinha visto.
Continua...
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Nina e Hugo: Entre olhares, sussurros e leituras - DEGUSTAÇÃO
RomanceLavínia, ou melhor, Nina, é uma escritora de romances muito fofinhos que mexem com suas leitoras, sendo elas quase todas adolescentes. Nina mora sozinha, passa grande parte dos dias na biblioteca da cidade e ama seu cachorrinho Cheddar. Para quem nã...