Já um pouco impaciente (talvez demais), Lous no dia seguinte resolveu pedir dois, ou talvez três dias de folga à Boris.
– "Vai, só três diazinhos, vai!" – Disse Lous, balançando Boris.
– "Tá, tá! Para, mulher! Eu deixo!" – Disse Boris enquanto tentava para Lous.
– "Valeu!"
Lous parou de balançar Boris e foi para o seu quarto, arrumar as suas coisas. Depois de arrumar algumas peças de roupa, colírio, ataduras e lentes extras, Lous foi com apenas uma bagagem para o quarto de Umi, batendo na porta antes de entrar.
– "Umi, me dá uma mãozinha?"
– "O que que você quer?" – Disse Umi, concentrado em fazer alguns figurinos e alguns novos lençóis. – "Tô ocupado."
Lous fechou a porta, adentrando ao quarto. O quarto de Umi poderia ser considerado o maior dentre os outros, por ele precisar de uma oficina de costura para confeccionar as peças, é claro. O quarto tinha cheiro de pano, e um leve cheiro de menta, que trazia frescor, em meio aquele amontoado de panos.
– "É rapidinho. Sabe aquele poder de Chronos e tal, aquele papo de 'viajar' pelo sei lá o quê?"
– "Universos, espaços, tempos e lugares. Sei sim." – Umi ajeitou a postura, pondo seu óculos no lugar.
– "Então, eu te pedi pra treinar, lembra?" – Na verdade ela mandou mesmo.
– "Desembucha logo, flor." – Umi pegou um par de agulhas e linhas.
– "Eu preciso que você me faça viajar até o sexto país, pode ser no centro, sei lá."
– "Iiih... sei não."
– "Para de ser chato, Por favooooor!"
– "Tá, se afasta."
Lous deu alguns passos para trás, e Umi pegou uma grande tesoura, que estava gravada em uma das lâminas: "Fames". O cabelo de umi tomou uma cor mais profunda do hipnotizante azul que já era, e Umi falou algumas palavras:
– "Aperi median sextam villam, impero!"
E no que se pareceram milésimos de segundos para Lous, abriu-se uma espécie de portal em sua frente, onde mostrava várias pessoas, e no meio, uma estátua muito grande, de um deus já visto antes, em lembranças muito vagas, daquele fatídico dia em que entregou sua alma. Um homem alto, de aparência bela que vestia armaduras.
– "Entra logo!" – Disse Umi, com a linha e agulhas em mãos.
Lous hesitantemente pegou a sua mala e olhou para Umi.
– "Ninguém vai me ver, né?"
– "Não, não até dar 10 minutos que eu abri essa merda! Entra logo!"
Lous deu uma pequena corridinha e pulou para dentro, logo se deparando de frente com a estátua, logo procurou pelo nome da estátua, e encontrou: Era Ares. Saber daquilo, fez com que Lous se acalmasse significantemente. A menina começou a andar e procurar por uma alguma casa que houvera sido citada em uma das conversas com Abbvel. Era claro que Lous estava à procura de Abbvel. Andando pela cidade, Lous se sentiu muito vigiada e nada confortável co o ambiente. As ruas eram todas feitas de cimento, mármore e granito, sendo muito bonitas na percepção de Lous. Tons de vermelho e cobre eram muito encontrados nas lojas. Soldados eram vistos por toda a parte, e o nome "Kaell" era muito ouvido em certas conversas. Lous encontrou lojas de todos os tipos, podendo ser de armaduras, equipamentos, óleos, remédios, ataduras e até cremes especiais para cada tipo de lesão! Lous não perdeu a oportunidade e já comprou vários. Lous lembrava que Abbvel tinha falado que sua casa ficava mais isolada do centro, perto da floresta de Ares, pois ele criava alguns pássaros e fazia alguns plantios, e que nas segundas e sextas ele ficava de folga dos serviços e poderia tomar conta de sua casa. Após um tempo, Lous encontrou uma casa simples, com algumas flores na janela, porém isso custou um longo tempo de nossa menina, pois quase teve que andar até o outro lado do reino, um bem próximo da floresta de Ares. Bateu na porta, mas ninguém respondeu. Bateu de novo, nenhuma resposta. Impaciente, Lous chamou:
– "Abbvel, sou eu! É a Lous!"
E ouviu-se um bramido, Lous fez força contra a porta.
– "Abre essa merda de porta! Caralho! Abre essa mer-"
A porta quebrou, lançando Lous para dentro, o terrível cheiro de sangue entrando em suas narinas, a dando uma forte dor de cabeça, porém Lous logo se pôs de pé. E se deparou com uma grande ursa em sua frente, em questão de segundos, Lous fez o movimento com a mão direita, como fosse pegar um cabo, e se projetou uma grande foice, que parecia medir pra lá os seus dois metros e dez, Lous presumiu, suas lâminas marcavam: "Puer periculosum est". E em um movimento, cortou a cabeça da ursa, dando três ou quatro passos para trás, antes de pôr a mão sobre seu nariz para não vomitar com o cheiro. E já totalmente preocupada, Lous subiu a escadaria, onde se agravava mais o cheiro de sangue. Quando deu seu último passo nas escadas se deparou com uma cena que quase a atordoou: era Abbvel, estirado no chão, inconsciente, com um olho arrancado e o corpo totalmente cortado, um todos com o mesmo padrão de garras, todos os cortes profundos, jorrando sangue, e sua respiração estava fraca. Em um ato de desespero, Lous correu para o lado de Abbvel.
– "Abbevel!" – Lous o chamou. – "Abbvel!"
Depois de alguns segundos sem resposta, Lous começou a entrar em desespero, Pegou Abbvel e o pôs em suas costas e pegou a chave do submundo, pegou sua bagagem e entrou no submundo com Abbvel. Assim que entrou, trancou a porta e a abriu novamente, dizendo:
– "Aperi in cubiculum meum!"
E a porta se abriu em seu quarto, e pôs Abbvel em cima da sua cama, agora manchada de sangue, fechou a porta do submundo, e foi pro quarto de Umi.
– "Umi!" – Disse Lous, entrando no quarto de Umi sem avisar.
– "Que merda é essa? Por que você cheira a sangue e já voltou?!"
– "Eu explico depois, eu só preciso que você me ajude a cuidar do Abbvel!"
– "Como raios ele tá aqui?" – Disse Umi, pondo os óculos e pegando linha e agulhas.
– "Longa, mas não tão longa história."
Lous e Umi foram para o quarto dela, e Umi tomou conta dos machucados de Abbvel, Lous o explicou o que aconteceu.
– "Eu não sabia que você podia fazer com que Solum aparecesse assim. Desse jeito você nunca vai virar a tal de 'Supplicatio' aí."
– "É..." – Disse Lous, passando a mão por trás do pescoço.
Após atender aos machucados e feridas de Abbvel, Boris deixou Abbvel ficar até ele se recuperar, mais do que isso, pagava diária ou fazia tarefas na cozinha.
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No way back home
AdventureA série/livro "No way back home" conta a história da jovem Lous Tamyog, que 16 anos, perdeu sua mãe em um incêndio no bordel aonde moravam. Tudo isso foi causado pelo seu pai, agora rei, e ex-cliente. Ela será guiada por vingança, ódio, determinação...