Capítulo XV: A visita. Pt 1.

0 0 0
                                    

Não parecia, mas já se passaram sete meses desde que Amejitsudo partiu para o quarto país, ao lado de seu noivo. Agora, com oito meses e meio de gestação, Amejitsudo convidara Lous, Umi e Rio, para vê-la no palácio. Bem, obrigou-os à ir, desde que a carruagem e os servos já estavam lá esperando-os para embarcar. Boris não opinou, sabendo das punições se negasse. Lous, assim que ouvira as palavras dos servos, que mandavam a mensagem de Amejitsudo, sentiu sua intuição aos montes, como se seu sangue houvesse congelado por todo o seu corpo. Ouvindo aos seus próprios instintos, pediu para subir e pegar suas coisas; pondo na mala algumas roupas, pomadas, anti inflamatórios, seu colírio favorito, bandagens e... lembra que Lous sempre procurava um potinho para os seus vômitos de sangue? Ela guardava cada dose, em pequenos frascos, pois acreditava que, se o sangue de uma deusa talvez fosse consumido por um humano adoecido, pudesse curá-lo. Era apenas uma teoria, mas... quem sabe? A menina pôs cinco frascos do sangue, titulados por ela mesma de "xarope infernal". Então, fechou a sua mala, mais parecida como uma bolsa de viagem, preta com detalhes em prata, formando pequenas estrelas, e subiu para o próximo andar, batendo na porta de Abbvel, para avisá-lo. Abrindo a porta, sem camisa, e um pouco — não, muito suado, sorriu nervosamente para Lous, seus olhos brilhavam em meio à escuridão do aposento.

– "Ah, é você, graças..." – disse ofegante, como se fosse pego no pulo. – "O que... aconteceu?" – será que esqueci de avisar que estava um pouco corado?

– "Nada, só queria avisar que vou sair por algumas semanas... por quê você tá suado, Ab–" – Lous foi interrompida por uma risadinha, do outro lado da porta – " –bvel. Abbvel, não me diga que–"

– "É.." – deu uma tossidinha hesitante – "Que sua viagem seja bem tranquila, flor!" – Assim, ele fechou a porta na cara de Lous, trancando-a rapidamente.

Pôde-se ouvir também uma voz um tanto quanto familiar, mas abafada pela porta. Lous desistiu e desceu as escadas, se encontrando com Rio, que segurou sua mão, com um sorriso caloroso, tirando uma virada de olhos de Umi, que ficou um pouco incomodado.

– "Bora, pombinhos." – Umi disse, se virando em direção à carruagem.

"Ué, ele não devia estar feliz por ir ver a Jitsu?" pensou Lous, antes de andar até a carruagem, ao lado de Rio. "Ou talvez ele só esteja apreensivo com o príncipe, né?" se perguntava Lous. Entrando na carruagem branca como a neve, ouro ornamentando-a, Lous sentou perto da janela, pondo sua bolsa por cima de seu colo. Rio deu um beijo na bochecha de Lous, que calorosamente o retribuiu com um beijo nos lábios. Umi, já incomodado, bufou e apoiou a cabeça na parede da carruagem, fechando os olhos e aparentemente caindo no sono. Como já era tarde, perto das 7 horas da noite, Lous decidiu dormir também, apoiando por vez, sua cabeça nos ombros de Rio, que entrelaçava sua mão com a de Lous, apoiando sua cabeça a dela.

Horas se passaram, e Lous acordara apavorada, dando um pequeno salto no banco. Rio tinha um sono pesado, e não notou Lous acordando. Porém, Umi notou, já acordado, olhou diretamente para Lous.

– "Pesadelos de novo?" – Disse, de braços cruzados.

Lous estava ofegante, e acenou com a cabeça.

– "Você deveria começar a relaxar mais. Sinceramente, você deveria arrumar um travesseiro melhor." – Umi fechou os olhos, tentando se acomodar no seu assento.

– "Como se eu pudesse fazer alguma coisa." – Respondeu Lous.

Umi bufou, antes de olhar para Lous de novo.

– "Escolheu errado, lide com isso agora."

– "Você poderia dizer o mesmo, com a Jitsu às vezes, sabia?"

– "Eu cuidei dela até quando eu pude."

Lous acenou com a cabeça, virando para olhar pela janela.

– "Você cuidou de todo mundo." – Lous sussurrou. – "Aliás, você deveria ter fugido."

– "Fugido? Do quê exatamente?" – Umi se sentou no seu assento, olhando profundamente para Lous.

– "Fugido, há quase dois anos. Se você tivesse fugido, a Jitsu não se mataria em seguida, e nem o Rio-"

– "Eu cumpro o que eu prometo, Lous. E com você nunca que seria diferente. Entendeu?"

– "..." – A menina sussurrou. – "Entendi."

– "Ele ainda não acordou né?"

– "Não."

– "Vai demorar pra chegarmos."

– "Verdade."

– "Você acha que vai conseguir dormir?"

– "Nem um pouco."

– "Tenta acordar ele então."

– "Não vai dar certo."

– "Quer dormir do meu lado, então?"

– "O Rio vai surtar."

– "Então se vira." – Umi virou pro lado, fechando os olhos novamente.

– "Boa noite pra você também, Umi." – Disse Lous, com um sorrisinho.

– "Boa noite, flor. Sonha com o Boris." – Umi caçoou, rindo de cantinho.

– "Tá maluco." – Lous começou a gargalhar baixinho, mas logo parou quando percebeu Rio se mexer, abrindo os olhos e fazendo bico.

– "Acordou, princesa?" – Disse Umi, se controlando para não cair na risada.

– "Lous..." – Disse Rio, com a voz sonolenta.

Lous riu, se virando para Rio, que começava a desabotoar a camisa.

– "Hm, o que foi?" – Lous apoiou a cabeça sobre a mão, apoiada no braço do assento, com um sorrisinho de quem soubesse o que ele logo diria.

– "Senta aqui." – Rio deu algumas batidinhas sobre seu colo, enquanto passava a manga da camisa por um braço. – "Vamos dormir."

Lous, por outro lado, sabia muito bem que Rio, ao invés de dormir, daria vários beijinhos pelo pescoço de Lous. Mas a menina queria ver até onde seria o limite do musicista...

– "Eu não, tá carente?" – Lous brincou, atingindo um ponto que sabia que, em algum momento, seria impossível retornar.

– "Vai... pretty please..." – Rio deu um sorrisinho de canto, separando bem as palavras em um tom melancólico.

Lous se segurou, seu limite estava no fim.

– "Princesa... pretty, pretty please." – Insistia.

Lous abriu a boca, mas fora rapidamente interrompida por Umi, que incontrolavelmente se mexia de um lado para o outro, como se estivesse à procura de algo, estranhamente, sua cabeça continuava baixa, Lous imaginou que estaria envergonhado, Umi nunca, jamais, ficara envergonhado, nem em frente de alguma divindade. Ao contrário, ficava de cabeça erguida, mas respeitava, fazendo reverência. Umi, acreditava que a única pessoa que teria que se curvar de cabeça baixa, sem opinar, seria– Bem, Umi não me deixaria conta-los quem é. Mas, se forem espertos o suficiente, descobrirão em breve...

– "Sinceramente," – Começou, – "Arrumem um quarto." – Parou, abrindo sua mochila de tubarão, confeccionada pelo próprio. – "Não aguento mais ouvir gemidos durante a noite. Pelo jeito, estaremos de férias por algumas semanas, ou até o casamento de Jitsu, então peço que me deem paz e silêncio na viagem, pombinhos."

Lous havia esquecido completamente que Umi estava ali, na frente deles, e quase soltou um: "Graças a Deus, Umi!", mas logo se lembrou que a única divindade que deveria dar graças seria ela mesma. Percebendo a si mesmos, Rio e Lous coraram, olhando para lados opostos. A menina pôde jurar que ouviu Rio reclamar de alguma coisa, enquanto passava a mão pelos seus – agora longos – cabelos.

– "Bem, se me permitem, boa noite." – "Umi continuou, antes de pegar um longo cobertor escarlate e se cobrir completamente.

Agora livres, Lous e Rio se olharam novamente, antes de Lous acomodar-se sobre seu colo e Rio começar a sua chuva de beijinhos, e eventualmente, resultar no sono de Lous.

No way back homeOnde histórias criam vida. Descubra agora