DESEJOS SOMBRIOS • CHARLIEBABE

CAPÍTULO 17

QUEM É VOCÊ

  A história é testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória, mestre da vida, anunciadora dos tempos antigos. E quando em um espelho da vida lhe faz lembrar que você cometeu injustiça no passado e pode consertar naquele presente, mas para isso é preciso estar lúcido de suas memórias, algo que acontece e Ailin precisava viver isso, mesmo com sua demência diagnosticada.

  Algum tempo depois Ailin estava em seu quarto, a enfermeira tinha acabado de sair, havia aplicado uma donepezila, e estava dormindo. Ela não iria acordar tão cedo, Pond saiu com Arum e andava pelos corredores para encontrar o consultório de Babe que ficava longe, uma área diferente que precisava pegar  elevador. Não demorou muito, eles avistaram uma entrada linda, depois que saíram do elevador, a esquerda uma área pediátrica e a direita ginecológica e a poucos metros dali eles encontraram uma porta com um leiteiro grande com nome de Babe Naret Rokiannet, Arum bateu na porta e logos ouviram uma voz dizendo para entrar.

  Depois que os dois entraram, no sofá estava Alan e Jeff e ao lado em uma cadeira Charlie e Babe sentado no colo do alfa e havia duas cadeiras sobrando, mas para Babe era mais confortável o colo de Charlie. E quando Pond e Arum entraram dava para notar de longe que Babe ficou com vergonha de vê-los, ele fez que ia se levantar mais Charlie segurou em sua cintura e foi impossível dele sair dali, e Arum olhou para Jeff e quebrou algum tipo de constrangimento, mas não havia nenhum.

   — Filho. Arum disse, chegando perto de Jeff, o ômega mais novo estava com sono no ombro de Alan e por alguns segundos seus olhos até se fecharam antes de seus pais chegarem — Alan, você pode levar para dormir?

  — Eu não quero papai. A voz de Jeff saiu sonolenta — Vocês podem dormir, vou passar a noite aqui com Alan.

  Jeff grudou nos braço de Alan e deitou novamente no ombro, fazia duas noites incompletas que Arum e Pond não dormiam direito, e na verdade eles precisavam de um descanso, desde a viagem eles não tinham conseguido fazer uma boa refeição.
 
  — Vocês podem dormir. Todos olharam para Babe, era o plantão dele, e passaria a noite acordada — Vão descansar, e ela só vai acordar amanhã, e quando puder vou passar em seu quarto para olhar.

  Pond não queria deixar sua mãe sozinha, mas foi convencido por Jeff, ele olhou para Babe, e sentiu um calor se aquecer seu coração, Charlie olhou e permaneceu calado, Pond não parava de examinar Babe como se algo chamasse, eles não tinham sido apresentados formalmente. Um breve cumprimentar quando houve a separação de Ailin e Babe.

  Seus olhares se cruzaram, quando Pond percebeu que Charlie estava encarando e não teve como disfarçar dos demais que estavam ali naquele consultório. Era algo fraterno e genuíno, Pond não tinha outro pensamento para Babe e nem Charlie, o único amor em desejos que Pond tinha era para Arum o único amor, e Jeff a sua vida.

  — É melhor nós irmos! Alan disse, quebrando o clima, e pegando na mão de Jeff.

  Todos se despediram, Pond queria ficar,  ele pensou em Arum, se ele não fosse descansar e dormir seu marido também não iria, e Arum estava fazendo até o impossível para ajudar no tratamento de sua sogra, que não merecia, sua mãe nao gostava de Arum, mas com o tempo ela começou aceitar, principalmente depois do nascimento de Jeff. Eles saíram e foram para a casa de Alan, que ficava no centro de Bangkok, era quase dez horas da noite, e Charlie precisava despedir também de Babe.

  Os dois ficaram em silêncio, Babe se concentrando em Charlie e ele tentando não se concentrar na maneira como Babe tinha aquele olhar sobre olhar. Momento chegou e Charlie não sabia o que dizer, ficar uma semana longe de Babe era uma coisa que ele nunca imaginava depois de tudo, seus olhos piscaram e um sentimento em seus olhos úmidos quando cruzou os braços, olhando para onde havia seu refúgio. Babe passou o braço pelos ombros de Charlie e olhou uma última vez, imaginou ficar sem Charlie nesse tempo e abraçou forte.