Capítulo 13

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As respostas em breve vão chegar...

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Por vários dias, Laura sentiu-se sozinha naquela grande mansão.

O marido estava distante por causa das viagens, a necessidade de estar perto de seus negócios por causa da crise; e na casa, que deveria ser dela, todas as tentativas que a jovem encontrara de socializar com os empregados e conversar com Vera Lúcia não deram certo. Pelo contrário: se ela pedia uma comida que lhe interessava, ninguém seguia sua instrução; e quando a solicitou a mudança de alguns vasos e de posição de algumas poltronas, também foi negado.

- Eu havia solicitado, Anselma, a troca daquele vaso para a mesa da entrada... Por que não foi realizado?

- Cumpro ordens, senhora.

- Sei disso, por essa razão eu solicitei a mudança.

- Cumpro ordens de D. Vera Lúcia.

Laura respirou fundo. Não queria ser cruel, ou dura, mas teria que sê-lo; caso contrário, as coisas ficariam ainda mais difíceis naquela casa.

- Pois as ordens que deves cumprir, Anselma, são as minhas. Não as de Vera Lúcia. Eu sou casada com Heitor.

Anselma arregalou os olhos, dando dois passos para trás, antes de se recompor. Olhou Laura de cima a baixo, considerando se deveria responder; mas preferiu seguir a orientação da moça.

"Logo dona Vera Lúcia resolve esse problema e essa daí vai entender logo qual é o lugar dela nesta casa."

Assim que viu a mudança sugerida realizada, Laura respirou fundo, sentindo-se ainda mais sozinha naquele lugar.

Porém, um arrepio correu a pele, e Laura se viu tocando na própria nuca.

Girou o corpo até a parede do hall de entrada, onde o quadro que não fora retirado, mesmo com sucessivos protestos da jovem senhora, mantinha-se ali, a observando.

O rosto de Clarice Pacheco de Almeida, a primeira esposa, mantinha-se plácido, frio, com um meio sorriso de confiança de quem jamais perderia sua primazia na casa.

Laura, em meio à solidão da ausência do marido, parecia delirar com a imagem da mulher. Não se lembrava de vê-la sorrindo daquele jeito:

- O que você quer, de verdade? Por que ainda está aqui, feito um fantasma? Eu estou fazendo Heitor feliz, e... Sei que era isso que sempre quis, que seu marido fosse feliz. Por que me aterroriza, como se o quisesse tão... Enterrado quanto a sua pessoa?

- Finalmente cheguei e espero não me ausentar tanto assim...

A voz de Heitor tomou o espaço da residência, e ao ouvi-lo, Laura levou as duas mãos à boca, e sentiu os olhos molhados. Seu marido estava de volta! Não ficaria mais sozinha... As coisas mudariam, com certeza!

Laura correu para falar com ele e abraçá-lo.

- Senti sua falta, meu amor!

-Também senti sua falta, meu tesouro. Mas já consegui resolver todos os nossos problemas e não vou sair daqui mais. Prometo que retomaremos nossa lua-de-mel de forma completamente diferente...

Porém, a alegria do negociante se findou quando continuou a ver a imagem de Clarice naquela casa.

Manteve o sorriso para não afetar as sensibilidades da esposa e deu um beijo na testa de Laura.

- Peço, meu tesouro, que me aguarde no quarto para conversarmos com calma, porque preciso aclarar algumas coisas com Vera Lúcia.

-Era sobre isso que queria conversar com você...

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