Capítulo 10

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Agora sim posso apresentar o novo capítulo de "Retrato de Mulher", com algumas mudanças na dinâmica dos personagens...

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A loja de Laura Pacheco de Almeida estava cheia naquele dia.

As damas da alta sociedade que veraneavam em Itaparica passavam para experimentar chapéus, óculos escuros que haviam acabado de chegar de Buenos Aires, e também queriam ver as novidades que ela só trazia uma vez na semana, na sexta-feira: joias.

– Belíssimo! É esmeralda legítima! – comentava uma idosa que em outra época, jamais teria tocado no mesmo objeto que antes fora seguro por Laura.

Porém, ela era esposa de um rico negociante... E as novidades do beau monde chegavam primeiro pelas mãos de Laura.

– Sim, vinda diretamente de Paris. Estão vendendo à larga para o Brasil e a Argentina ainda como efeito da crise.

Mon Dieu, quando isso vai passar? A fazenda de papai foi muitíssimo afetada...

"Imagino que a fazenda centenária dos tempos do Brasil colônia, quando sua gente mandava e desmandava, deve ter falido. Não lamento, mas não devo dizer nada."

– As coisas estão melhorando, Baronesa do Amaral. Há muitos interesses em torno de enviar alguns produtos para as fábricas de São Paulo, e produzir uniformes para os trabalhadores.

– É o que espero. Mas esta joia... É linda, quanto está custando?

– A joia é belíssima, mas não tanto quanto a senhora, Baronesa do Amaral!

A voz que interrompia a conversa fera de Everaldo Bulcão, que apareceu com as mãos nos bolsos, bastante animado, como se fosse habitué do lugar.

Deliberadamente, ele se fez simpático com a freguesa, e por meio de um cumprimento de cabeça, um menear direcionado à dona da loja, pois sabia que Laura não o trataria com antipatia. Ela estava trabalhando, vendendo seus produtos, e Everaldo, aparentemente, estava ali como um freguês.

– Everaldo Bulcão! Muito gosto em encontrá-lo aqui em Itaparica! – a idosa aceitou um beijo casto do herdeiro no dorso da mão.

– Estou a veranear, mas pretendo me estabelecer aqui. É uma cidade bucólica e graciosa, bem longe do bulício de Salvador, não acha, Sra. Pacheco de Almeida?

– Sim, Sr. Bulcão. – a jovem assentiu, sentindo um arrepio correr a pele ao ouvir que o homem ficaria na cidade. – É mais tranquilo para estar ao lado da família e criar os filhos. O senhor tem interesse em alguma joia ou acessório?

– Ainda não. Estou observando, mas com certeza me interessei pelos óculos, apesar de os modelos serem bem femininos.

Laura conseguiu se dividir entre ajudar as freguesas com as compras e observar os movimentos de Everaldo, preocupada com o que ele iria aprontar. A visita do herdeiro e a fala dele sobre "se estabelecer" em Itaparica a preocupou sobremaneira, e ela precisava falar com o marido sobre aquela novidade.

Ao mesmo tempo, a preocupação com o alto movimento na loja fez a jovem pensar na contratação de outra funcionária para acompanhá-la.

Assim que a jovem fechou a loja, encontrou o motorista que aguardava a jovem impreterivelmente no mesmo horário de sempre, pontual e competente, e foi conduzida até a casa da família.

Assim que a jovem fechou a loja, encontrou o motorista que aguardava a jovem impreterivelmente no mesmo horário de sempre, pontual e competente, e foi conduzida até a casa da família

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