Capítulo 14

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Este capítulo chegou com uma semana de atraso, mas por uma boa razão (a arquitetura do terço final do capítulo sempre é meu maior desafio)

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Heitor Pacheco de Almeida foi convidado para um encontro de negócios no Rio de Janeiro, onde poderia organizar o envio de produtos que chegavam ao porto da capital para a Bahia.

- Qual a diferença dessa logística para a que você costuma fazer, Heitor?

A pergunta era de Laura, enquanto os dois conversavam no escritório.

- A localização. Alguns dos negócios que eu faço são com empresas da Europa e dos Estados Unidos, mas existe uma luta hercúlea para que empresas dos EUA tragam seus produtos diretamente para o Porto de Salvador ou de Ilhéus. A capital e São Paulo são mais fáceis, mas quando levamos os produtos de lá para a Bahia, temos gastos que encarecem o produto final. Ao menos, eu consigo negociar, mas existem países que são impossíveis. Dessa vez, conseguimos. Estou falando de países asiáticos. Produtos que vêm da China, belíssimos, Índia... tapetes, roupas, prataria, porcelanas... acessórios no geral. Produtos de altíssimo nível que com certeza muitas pessoas se interessariam.

- E seria ótimo apresentá-los em minha loja. As senhoras ricas que adoram comprar coisas caras porque são caras e de fora ficariam desesperadas.

Heitor apontou na direção da jovem e piscou o olho em concordância:

- Esse é o ponto.

Foi por isso que ele teve uma ideia e contava com a aceitação da esposa.

- Você quer que eu vá contigo para o Rio de Janeiro acompanhá-lo nessa reunião?

- Precisamente, Laura. Será uma viagem de negócios, e terá a oportunidade de conferir também a última moda da capital para a sua loja.

A jovem não conseguiu disfarçar o sorriso.

- Claro, é evidente que eu vou!

Como era uma viagem de negócios, foi acordado que Benedita não iria junto com os pais. Em outra oportunidade, em uma situação mais tranquila, eles levariam a filha para se distrair na capital do país.

- Será uma viagem de adultos, filha.

- Eu quero ir! Quero ir com Fofinho e minhas bonecas! – a menina bateu o pé, fazendo um bico imenso e com os olhos marejados.

- Mas meu amor, como Fofinho vai ficar em um lugar que não conhece? – Laura segurou a filha no colo, e a menina a abraçou forte, não querendo largá-la. Queria ficar com os pais, queria levar seu cachorrinho! Não queria ficar sozinha em casa! – Ele gosta tanto da casa, do jardim, e ele vai ficar com medo...

- Mas ele não tem medo, mamãe...

- Dita... – foi a vez de Heitor tentar convencer a filha. – Essa viagem... Nós vamos ficar trabalhando, dentro de salas, e você ficaria sozinha dentro de um quarto com Fofinho e suas bonecas. Ele gosta de correr, de pular... Pense em como seu cachorro ficaria triste, meu amor...

- Eu vou ficar sozinha...?

A mãe fez que "sim" com a cabeça.

- E aqui você vai ter seu tio Augusto, sua tia Carlota, vó Helena, Turíbia, todos que gostam tanto de você, cuidando de você.

A menina continuou agarrada à mãe, a voz fina e baixa ganhando contornos mais altos.

- Eu... Não vou ficar sozinha aqui?

- Não, meu amor! – Laura passou a mão pelos cabelos de Benedita. – Como você imaginou isso?

- Não vamos demorar, Dita, e você terá presentes quando retornarmos.

Retrato de MulherOnde histórias criam vida. Descubra agora