Monstro

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Pov. Tony

Meus olhos não mostram felicidade ou qualquer outra emoção, minha face continua séria como nos últimos quatro anos.

Mesmo que tivesse sido a tempos, me lembro como se fosse ontem o dia em que larguei tudo para trás. Minha mãe chorava e implorava para que eu ficasse, Maney teve que a prender em uma cadeira para que eu pudesse ir embora, ele apagou as memórias dela logo depois e a empresa do Rookery limpou a casa eliminando qualquer evidência de um adolescente no local.

Naquela noite chorei como nunca antes, o ódio corria em minhas veias, a tristeza invadia minha mente e as lágrimas finalmente caíram. Eu gritei como nunca antes, um grito estridente que retratava perfeitamente minha dor.

Depois não houve mais nada a se fazer, só seguir Rookery e evitar que quem eu amo sofra.

A dois anos tentei apagar minha memórias com uma invenção do beta, assim, poderia ir embora sem sentir a dor de perder aqueles que amo, e por nem ao menos saber quem eles são, muito provavelmente eles continuariam vivos. Mas fui impedido e jogado no meu quarto com comida restringida por uma semana.

Queria ter morrido naquela semana. E em todos os dias desse últimos anos.

Fiz todos os experimentos que pediram com meu sangue, realizei todos os treinamentos que poderiam imaginar. Sei todas as lutas, estratégias e consigo manusear qualquer arma em cerca de segundos. Meus reflexos estão melhores e meu corpo está bem cuidado e exercitado, mesmo que eu não tivesse pedido por isso.

Independente do que tenho feito, da hora, do dia, do mês ou do ano, longe de Rudolph me sinto sendo torturado sem pausa. Meu coração dói, respirar fica difícil como se faltasse espaço, e além disso, passar todos os cios sem ele foi insuportável.

Tentei ficar com pessoas do quartel de caçadores, mas infelizmente é como se os toques deles em meu corpo fossem errados, como se não fosse certo.

Eu sabia que ficar com Rudolph não ia durar para sempre, mas mesmo assim me apeguei. Eu não deveria ter me apegado.

Ando pela empresa de fachada com meu uniforme com o logo da mesma, esperando a hora de meus treinos rotineiros, minha vontade é de me jogar de um prédio e esperar pela morte a fazer qualquer outro treino, talvez não seja uma ideia ruim.

Ao chegar na sala de treinamento azul acinzentada e cinza esbarro com vários caçadores de vampiros, a maioria está lá por opção, o que me enoja, mas existem poucos como eu que não tiveram escolha. Dentre eles eu sou o de sangue mais puro e doce. Descobri isso através de um dos milhares testes que fiz e no final isso se tornou mais um incômodo do que uma conquista, já que por conta disso fui xingado pelas costas e vários vieram com falsidade para cima de mim.

Mas a gota d'água foi um casal de idosos que ensina métodos contra vampiros na academia, eles estão meio ultrapassados, além de usarem livros escritos por vampiros para confundir humanos, mas é um casal gente boa.

Ou pelo menos era o que parecia antes de espalharem para todos que eu tinha uma marca de vampiro no pescoço, uma cicatriz que não se cura se formar um laço.

Dali para frente os unicos colegas que ainda falavam comigo se afastaram e a vontade de viver aos poucos foi sendo destruída.

Como sempre, sou o melhor no treino, manipulando o arco e flecha com facilidade e derrubando todos meus adversários no judô, minha mente só conseguia pensar naqueles que mais odiava naquela merda: O casal de idosos e, principalmente, Rookery.

Batia no saco de pancadas com a violência de um urso que encontrara sua presa fugindo de si. Imaginando quando esse inferno iria acabar.

***

Um amor impossível  (rudony)Onde histórias criam vida. Descubra agora