Quem ama não mente assim

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Tony on

Observo a porta ser fechada lentamente, e depois, ouço os pasos irem ao andar de baixo.

Sorrio com minha recente vitória, achei que ia perder.

Levanto dobrando as cobertas, sem conseguir tirar o sorriso da cara. Quando termino, vou até o guarda roupa pegar uma troca de roupa para mim, vejo os shorts colados que Rudolph provavelmente usa quando vai dormir, pego um e escolho uma blusa larga que encontro guardada no fundo do armário.

Vou ao banheiro trancando a porta do cômodo, me observo no espelho tentando ignorar meu peitoral que é grande demais para um homem.

Vejo que Rudolph me limpou direitinho, posso recompensa-lo com um beijo depois.

Então no Box e tomo uma ducha rápida, não preciso lavar meu cabelo e nem nada, só preciso de uma água descendo pelo meu corpo.

A água desliza por toda a extensão de meu corpo, da cabeça aos pés, sinto-me limpo novamente.

Passo novamente o sabonete sabor morango pelo meu corpo, sentindo o cheiro e pensando em como Rudolph ficaria ao sentir meu aroma.

Desligo o registro e me seco com a toalha, colocando minha Roupa, não há cueca então vou usar só o short verde escuro novamente.

Coloco a blusa e me sinto feliz, dessa vez escolhi uma blusa bem larga para que meus peitos não tivessem destaque, a blusa tinha uma caveira branca desenhada e o restante era preto.

Penduro a toalha e vou até o quarto, em seguida até a escada, e depois chego a cozinha, vendo o vampiro cumprir sua promessa.

Ele não nota minha presença por hora. Ando até sua direção e o abraço por trás.

- Oi vampirinho, fazendo a comida? - Digo sorrindo vitorioso.

- Eu perdi uma determinada aposta com um determinado humaninho que é muito malvado. - Diz fazendo biquinho.

Passo minha mãos esquerda em seus lábios.

- Muito mal é?

- Sim, muito muito mal.

O abraço forte.

- Vou esperar na sala. - Digo soltando o abraço e indo em direção ao cômodo.

- Isso é abandono. - Ele fala um pouco mais alto.

- Não é não. - Digo um pouco mais alto para ele ouvir.

Vou até o sofá e sento, escolhendo o filme que vamos assistir, olho o catálogo da Netflix, procurando por algo novo.

Encontro um filme chamado nimona, sobre uma menina que se transforma em animais tipo o metano de Jovens titãs.

Vejo o vampiro vir até a sala com um sorriso radiante e olhos meio fechados.

Ele me dá as comidas, coloco as mesmas na mesinha em frente ao sofá e me deito esperando que ele faça o mesmo.

Ingenuidade foi o que eu mais tive no momento.

Viro meu olhar para Rudolph, seus olhos agora tinham a raiva estampada, seus punhos estavam fechados e ele mordia fortemente o lábio inferior.

- Rudolph, tá tudo b-

- Por que? - Minha face demonstra dúvida. - Por que está fazendo isso?

Seu tom é frio e seco, mostrando irritação e uma pontada de dor. Arregalo os olhos em resposta.

- Rudolph, o que você quer dizer com isso? - Minha voz sai tremula mas brincalhona.

- Por que está usando essa blusa? Você sabe muito bem de onde ela veio. - Diz aumentando o tom de voz.

- De onde ela vem? Rudolph o que há com você?

- Eu que te pergunto, você é estranho, não sabe muitas coisas que como MEU CRIADOR deveria saber. - Ele esbraveja, nunca o vi tão irritado.

- S-Se o problema é a camisa eu troco, não tem problema, eu só quer-

- Você não entende? Esse não é o problema. - Diz vindo em minha direção. - Você sabia mesmo que eu ia me mudar? - Desvio o olhar para o chão.

Ele sabe, sempre soube, acho que eu também não escondi direito.
O vampiro praticamente voa para cima de mim, segurando meus pulsos no sofá e pressionando meu corpo contra o meu, a brutalidade do ato me deixa aflito.

- Olha para mim Tony, e me responda. - Sua voz de alfa me torna submisso a ele.

O encaro um tanto quanto amedrontado.

- Não, eu não fazia ideia. - Digo seriamente em agonia, triste pelo momento e choroso pela dor nos pulsos. - Também não sabia que você já tinha transado, e ainda não sei o por que você está tão incomodado com uma camiseta.

Ele me encara friamente, como se eu tivesse cometido o pior dos crimes.

- Você mentiu para mim Tony.

- Eu..

- Você realmente me criou?

Continuo o encarando, eu não havia pensado nisso direito, eu realmente o criei? Eu sei que a história é minha, a existência dele foi uma criação minha. Mas será que fui eu quem o construiu realmente? Que criei sua essência?

- Eu criei a ideia Rudolph.

- Mas e eu? Você me criou? - Solto um suspiro.

- Eu não sei...

Ele morde o lábio inferior, a dor em seus olhos junto a decepção me deixa aflito, quero abraçá-lo, quero ajudá-lo, quero focar com ele pra sempre e nunca mais soltar.

- Rudolph-

- Você mentiu pra mim.

O homem me solta, sentando do outro lado do sofá, encarando o chão com seriedade.

- Eu não sabia que-

- Sai da minha casa.

O silêncio invade o cômodo, ele mostra irritação e eu fico imóvel, paralisado pela sua ordem e expressão atual. Seus olhos negros nunca foram tão cheios de tristeza, já os meus nunca se encheram tanto de água.

- Sai agora da minha casa.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto, meu nariz fungando e meus braços tremendo não me ajudam na situação atual.

- Rudolph, por favor... - As palavras saem de minha boca quase que automaticamente.

Soluço, engolindo algumas lágrimas e tentando não chorar mais, é cansativo e dói. Meu coração aperta fortemente enquanto eu encaro a pessoa que eu mais amei em toda a minha vida na minha frente, me mandando ir embora.

- Vai logo, não quero olhar na sua cara.

Sua voz mostra sinceridade, coloco a mão no peito o sentindo doer, tentando amenizar a dor emocional.

Levanto do sofá em silêncio e subo as escadas, pego minha bolsa no quarto dele, antes de sair do cômodo olho para trás, o local arrumado mesmo depois daquela loucura que fizemos faz meu peito doer ainda mais.

Desço as escadas, as lágrimas continuam a ceder sem que eu consiga para-las.

Quando desço a porta está aberta, o cheiro de misto quente feito na hora invade minhas narinas, Rudolph está sentado no sofá como já estava anteriormente, imóvel, como se não tivesse saído dali.

Passo pela porta e me viro de frente para a mesma, o vampiro aparece para fechá-la, consigo olhar seus olhos pela última vez antes de ir.

- Eu te amo Rudolph.

Ele morde o lábio inferior.

- Quem ama não mente sobre algo tão grande Tony.

A porta se fecha e eu fico alguns segundos ali, encarando a mesma entrada que vi ontem. E agora ela não me parece tão animadora como antes.

Agora ela mostra que há uma barreira entre nós por hora. Uma barreira que eu não consigo quebrar.

Porque ele não amava o Tony, ele amava o criador dele.

E eu não sou o criador dele.

Um amor impossível  (rudony)Onde histórias criam vida. Descubra agora